Uma exposição em realidade virtual reúne obras criadas por 54 profissionais de saúde de Rio Pardo. Os trabalhos foram confeccionados durante seis meses de encontros terapêuticos, utilizando-se da arte como forma de expressão e cura. A mostra virtual foi lançada nesta sexta-feira, 27, em alusão ao Dia do Psicólogo, e os trabalhos já podem ser conferidos pelo celular ou computador por este link.
De acordo com o psicólogo Jéferson Diogo de Oliveira Santos, pós-graduado em arteterapia e idealizador da exposição, as obras resultam de um projeto realizado de maneira voluntária em 2019, em parceria com a Secretaria de Saúde de Rio Pardo. Os encontros quinzenais de grupos terapêuticos foram voltados a agentes de saúde e tinham uma hora e meia de duração, com técnicas expressivas e artísticas, de modo a facilitar a expressão das participantes, além de promover a saúde mental das profissionais.
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O projeto chegou a ser escolhido para uma exposição nacional em Brasília, que foi cancelada em função da pandemia. “E também apresentei a experiência no 7º Congresso Brasileiro de Saúde Mental, no ano passado, um dos maiores eventos sobre saúde mental no Brasil. No congresso, trouxe o relato da experiência e a importância da arte como uma ‘nova’ e importante tecnologia no tratamento em saúde mental”, explica o organizador.
Os grupos fizeram as pinturas coletivas e, de acordo com Diogo, sempre houve o desejo de realizar uma exposição – como forma de concluir o projeto, que não está acontecendo atualmente por falta de recursos e incentivo – e de compartilhar a iniciativa com o maior número de pessoas possível. “Já ocorreu uma primeira mostra exclusiva para as trabalhadoras, mas gostaria muito que uma exposição presencial, aberta ao público, acontecesse. Só que, para isso, seria importante o apoio de todos os envolvidos”.
A arteterapia é uma das mais importantes tecnologias no tratamento em saúde mental atualmente, de acordo com Jéferson Diogo de Oliveira Santos. “O ser humano sempre teve a necessidade de expressar-se artisticamente em todos os períodos da história e, antes mesmo de desenvolvermos a escrita, já nos comunicávamos por meio de imagens, como nas cavernas da arte rupestre”, conta. Integrando a arte e a psicologia, o profissional pode ofertar melhores maneiras de acessar conteúdos inconscientes, o que possibilita que os pacientes se expressem de uma forma mais profunda.
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Trabalhos desta natureza foram feitos de forma pioneira pelo fundador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung, e também pela psiquiatra brasileira Nise da Silveira. Para Jéferson Diogo, ofertar Arte Psicoterapia nos serviços públicos de saúde é um avanço imprescindível, além de ser uma forma de resistência contra o desmonte das políticas públicas em saúde mental. “Utilizar a arte no SUS é promover, prevenir e intervir em saúde mental de maneira humana, acolhedora e sensível. A ideia é, também, construir parcerias para que eu possa seguir oferecendo grupos terapêuticos através da arte para indivíduos em situação de adoecimento e em vulnerabilidade social que não possuam condições para custear este tipo de tratamento”.
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