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TRADIÇÃO

Exposição Afro no Museu de Venâncio Aires conta história de porta-estandarte

O Tio Beco, popularmente conhecido assim, é um dos nomes mais importantes dos 87 anos de história da Sociedade Négo Futebol Clube, de Venâncio Aires. Beco carinhosamente batizou a Rua Osvaldo Aranha de Rua Grande, por ser a passarela do samba nos desfiles de Carnaval, onde a bateria pulsante do Négo era o coração não só da escola, mas da avenida.

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Bateria essa que há 25 anos vem embalando e dando ritmo ao bailado da porta-estandarte Sandra Helena da Rosa. Ela começou ainda criança nos desfiles de Carnaval, pois vem de uma família tradicional, que tem várias gerações dentro desse que é um dos principais Clubes Sociais Negros do Estado. Sandra há 25 anos atrás foi convidada pela professora e ativista, militante do Movimento Negro, Leonor Pinheiro de Sá a substituí-la como porta-estandarte da escola.

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E como toda boa história merece ser contada e revisitada, a produtora cultural Jaqueline Santos e o ator Sérgio Rosa tiveram a ideia produzir uma exposição com vestidos, fotos e vídeos de Sandra Helena da Rosa, em parceria com o Museu de Venâncio Aires. Desde o ano passado a dupla vem buscando contar e apresentar histórias e personalidades negras do município, dando visibilidade a elas através da produção do documentário “O Lado Negro de Venâncio”.

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“Um acervo tão rico, de amor, de sonhos, de dedicação, não poderia ficar aprisionado dentro de um roupeiro. Eu, Jaqueline, uma vida toda tive a Sandra como referência dentro do Carnaval, assim senti que a nossa comunidade precisava e merecia conhecer está trajetória tão linda. Uma jornada que vai muito além do que o público vê nos dois dias de desfile, ele transcende gerações e isso é história, uma linda história de amor ao pavilhão”, explicou Jaqueline Santos, Produtora Cultural e curadora da exposição.

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Os vestidos que compõem essa exposição são produzidos, costurados desde sempre por Sandra e sua mãe Cleni da Rosa, num ateliê que as duas têm em casa. Sandra, além de porta-estandarte é artesã, cria muitos trabalhos com identidade negra. Ela aprendeu a arte da costura com a mãe, que na noite da última sexta-feira, 17, estava muito emocionada no evento de abertura da exposição, juntamente com a homenageada.

“Foi uma noite ímpar, noite que vou levar pro resto da minha vida, porque jamais imaginei que isso um dia aconteceria, especialmente da forma como foi, com a emoção de ter todos prestigiando. O que encheu meu coração de orgulho. Eu não me arrependo de nenhum momento sequer dessa minha trajetória, de momentos bons e outros nem tão bons. A trajetória foi linda, plantei sementes que eu espero que um dia germinem”, destaca Sandra.

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Foto: Divulgação

Segundo Sandra, a exposição retrata tudo aquilo que viveu. Retrata o amor que ela tem pela sociedade, pela escola, pelas pessoas que dela fazem e fizeram parte. A emoção não foi somente da Dona Cleni, mãe de Sandra, mas também de todos que ali estavam, como ex-presidentes, Bira Pereira, Isabel Landim, Paulo Ferreira, Cláudio Yung, Luciana Silva, e das cortes mirim e adulta do Carnaval do interior. O evento contou com cerca de 60 pessoas, e teve apresentações musicais de Daniel Rosa, interprete do Négo e de Ana Laura, filha de Sandra, que foi porta-estandarte Mirim do Négo.

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“Poder proporcionar esses momentos para nossa comunidade é importante e necessário. Pois a transformação parte do conhecer, ouvir e participar. E eu e a Jaque estamos trabalhando com esse propósito, criando possibilidades da comunidade de Venâncio conhecer, ouvir e participar do lado negro do nosso município”, destaca Sérgio Rosa, um dos idealizadores da exposição.

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Entenda

Estandarte é o pavilhão da escola e a porta-estandarte é quem conduz ele na avenida, assim, ela abre o desfile apresentando para o público. Geralmente quem entrega o estandarte à porta-estandarte é o presidente da instituição, por questões de respeito e valorização desse símbolo. O mesmo geralmente fica exposto em um suporte, não podendo estar encostando no chão ou largado sobre um móvel. No Carnaval do Rio de Janeiro não existe porta-estandarte, essa é uma tradição nos desfiles do Sul.

Toda comunidade é convidada a visitar a exposição “Um Estandarte de História na Rua Grande” que estará aberta no Museu de Venâncio, de segunda a sexta-feira das 9 horas às 11h30 e das 13h30 às 16h30, nos próximos três meses. “Estou muito feliz e eternamente grata por tudo, por todos, alegria, gratidão a Jaque e ao Sérgio que fizeram meu dia mais feliz e a minha noite iluminada”, complementa Sandra.

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