Confirmando as expectativas do setor, as exportações brasileiras de tabaco registraram uma ligeira queda em 2020. Embora a valorização do dólar frente ao real tenha favorecido a disputa com outros mercados, a qualidade do produto, comprometida pela estiagem prolongada no primeiro semestre, afetou o preço.
Dados do Ministério da Economia mostram que o Brasil exportou, no ano passado, 514 mil toneladas de tabaco, cerca de 6,5% a menos do que em 2019 (551 mil toneladas). Em valor, as comercializações representaram US$ 1,6 bilhão, ante R$ 2,1 bilhões no ano anterior (23% a menos). Os números se aproximaram das projeções do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), que apontavam para um recuo de 2% a 6% no volume e de 15% a 20% no valor. Segundo o presidente da entidade, Iro Schünke, isso está relacionado principalmente ao represamento de embarques – ou seja, cargas que foram negociadas no ano passado mas serão embarcadas este ano por questões logísticas, como disponibilidade de contêineres e slots (espaços em navios).
A queda se deu tanto no tabaco processado (descaulificado ou desnervado), que responde pela maior parte do que é comercializado pelas fumageiras, quanto nos chamados desperdícios – talos das folhas que são utilizados na composição de cigarros. Já o tabaco não processado (em bruto) e os produtos fumígenos (como cigarros e charutos) registraram alta nas exportações.
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Diante de um câmbio favorável às vendas externas – o dólar fechou o ano com alta acumulada de 29% –, o Brasil conseguiu compensar parte da perda de qualidade com um ganho de competitividade frente a mercados que conseguem oferecer preços menores devido ao custo de produção mais baixo, sobretudo países africanos, como Zimbábue e Moçambique.
Segundo Schünke, o desempenho mostra que, apesar da elevação de alguns custos, a pandemia não gerou grandes prejuízos para o setor de tabaco e a decisão de manter as operações nas usinas, mesmo durante o período em que a maior parte das indústrias estava paralisada, foi acertada. “Se considerarmos os últimos cinco anos, o volume embarcado em 2020 ficou até um pouco acima da média histórica, de 494 mil toneladas”, observou.
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O câmbio também permitiu um incremento nas comercializações para alguns países, como Emirados Árabes Unidos, que entrou para a lista dos dez maiores compradores. Na prática, o Oriente Médio foi o único bloco que ampliou as importações de tabaco brasileiro no ano passado. A Europa, porém, segue como principal destino das exportações (41%). Bélgica, China e Estados Unidos continuam, nessa ordem, no topo da lista.
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Outros números
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0,8% foi a participação do tabaco nas exportações brasileiras;
4,1% foi a participação do tabaco nas exportações da Região Sul;
9,5% foi a participação do tabaco nas exportações do Rio Grande do Sul;
8ª foi a posição do tabaco entre as exportações do agronegócio brasileiro; 83,7% das exportações de tabaco ocorreram via Porto de Rio Grande.
Fontes: Ministério da Economia e SindiTabaco
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