A cadeia produtiva e industrial do tabaco teve um começo de 2021 extremamente positivo para a balança comercial gaúcha e brasileira. O setor fechou os primeiros cinco meses do ano com aumento de nada menos do que 34,6% em volume de exportações, e de 11,15% em valor, em dólar, em relação ao mesmo período de 2020, que foi, naturalmente, marcado pelos primeiros reflexos fortes da pandemia no Brasil.
Os percentuais traduzem os números consolidados entre janeiro e maio, divulgados pelo Comex Stat, sistema para consultas e extração de dados de comércio exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O País embarcou em 2021, até o final de maio, 195.591 toneladas, contra 144.217 toneladas em 2020, a um montante de US$ 588,112 milhões FOB, receita que em 2020 perfazia US$ 505,372 milhões FOB.
O desempenho é ainda mais significativo tendo em vista que, conforme salienta o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, o pico das exportações costuma ser verificado no segundo semestre, entre agosto e novembro. E a importância dos números para os gaúchos fica evidente quando se verifica a participação do Estado como origem desse tabaco: do Rio Grande do Sul saíram 164.821 toneladas (das 193.461 da região Sul, que concentra a quase totalidade do tabaco embarcado), e elas geraram receita de US$ 497,359 milhões FOB, encostando em meio bilhão de dólares só nos primeiros cinco meses do ano. Toda a região Sul contabiliza US$ 565,769 milhões FOB graças ao tabaco, sendo US$ 66,121 milhões FOB de Santa Catarina.
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Schünke faz apenas uma ressalva em relação ao salto expressivo de quase 35% em volume embarcado. Ele lembra que a China, grande cliente na Ásia, como reflexo da situação gerada pela pandemia, acabou não levando em 2020 parte de suas compras normais do ano, e que assim ficaram represadas para ser embarcadas no início de 2021.
Essa nação adquiriu cerca de 53 mil toneladas em 2020, sendo que o extremo oriente todo é destino de cerca de 24% do tabaco brasileiro. “Eventualmente ocorre de um país comprador não conseguir levar todo o seu produto no mesmo ano. Em 2019, por exemplo, a China levou toda a sua aquisição. Já no ano passado, parte do produto ficou represado aqui, sendo levado só agora, no início de 2021”, salienta.
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No entanto, o preço médio caiu
O desempenho do início do ano reflete a boa liquidez e a plena competitividade do tabaco brasileiro no exterior na atualidade, frisa Iro Schünke, um mercado no qual o Brasil é líder absoluto no ranking das exportações desde 1993. O setor agora mira com atenção o recuo na cotação do dólar, que voltou ao patamar de R$ 5,00. O presidente do SindiTabaco só lamenta, de certo modo, que a diferença nos percentuais de volume negociado e valor em dólar revela a queda no preço médio do produto.
Ainda assim, as projeções para o ano todo indicam que, se os percentuais de crescimento não chegarem a ser exatamente tão grandes quanto os dos primeiros cinco meses, ainda assim serão relevantes: a consultoria Delloite aponta tendência de incremento de 2% a 6% em volume de tabaco exportado em 2021, sobre 2020 (que fechou em 514 mil toneladas), e de 6% a 10% em receita (2020 finalizou em US$ 1,638 bilhão FOB). Além de o câmbio até aqui ter sido favorável, Schünke observa que a qualidade em geral do tabaco também está melhor em 2021 do que na safra anterior.
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Uma única inquietação para o restante do ano, salienta Schünke, diz respeito à logística, quanto à disponibilidade de navios e contêineres, que tendem a estar muito disputados, ou até em falta, justamente no período que seria de pico dos embarques de tabaco do Brasil. Além disso, também os fretes marítimos estão mais caros, por conta da pressão logística. Em termos de participação dos mercados, a Europa responde por cerca de 40% das compras de tabaco nacional, e os Estados Unidos por 9% a 11%.
Exportações
Tabaco, janeiro a maio de 2021
TONELADAS
Rio Grande do Sul…………164.821
Santa Catarina…………………..26.893
Paraná………………………………………….1.747
Região Sul…………………………..193.461
Brasil…………………………………….195.591
MIL US$ FOB
Rio Grande do Sul……………..497.359
Santa Catarina………………………..66.121
Paraná………………………………………..2.289
Região Sul………………………….565.769
Brasil………………………………….588.112
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Fonte: Comex Stat – MDIC (janeiro a maio de 2021)
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