Explante de silicone raramente é indicado, alerta especialista

É difícil achar uma mulher que não tenha uma listinha de desejos de mudanças a serem feitas no próprio corpo. Afinar o nariz, engrossar os lábios, aumentar os seios. Aliás, pelo menos 20% das cirurgias plásticas estéticas no Brasil envolvem aumento mamário com implantes de silicone. Nos consultórios de cirurgiões plásticos, porém, tem chamado atenção a procura pelo movimento inverso: a retirada dos implantes – popularmente chamada de explante de silicone.

Esse movimento vem ganhando força nos últimos dois anos, mas ainda não há dados estatísticos sobre a retirada de implantes, segundo informou o cirurgião plástico e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) Vicente Scopel. O que os especialistas vêm se perguntando, na verdade, é o que tem levado as mulheres a voltar atrás na decisão de aumentar os seios. “Considero que foi devido ao boom nas redes sociais, somado ao pânico e ao isolamento causado pela pandemia da Covid-19. As pessoas ficaram presas em casa, com muitos sintomas psicológicos surgindo”, avaliou.

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Nesse sentido, Scopel destaca que a remoção de silicone raramente é o procedimento mais adequado. “É mais uma oportunidade para profissionais desonestos”, criticou. Segundo o médico, a maioria das mulheres nunca terá qualquer complicação devido ao uso de silicone. As exceções são aquelas que possuem doenças autoimunes, como lúpus e artrites. Nesses casos, a utilização de implantes não é recomendada. É por isso que Scopel reforça a necessidade de procurar um cirurgião plástico competente e seguir as recomendações dele.

Essa mesma orientação vale para quem já fez o implante de silicone e, depois, desenvolveu interesse em tirar. “Antes de qualquer cirurgia, a paciente deve se informar, ouvir o cirurgião plástico”, argumentou, lembrando que o diagnóstico favorável à exclusão é muito difícil. E é somente em uma situação drástica, de confirmação de rejeição da prótese, que o cirurgião deve recomendar o explante.

Vicente Scopel, cirurgião

Doença do silicone

A “doença do silicone” não existe. É o que explica o cirurgião plástico Vicente Scopel, afirmando que o termo correto é Síndrome de Schoenfeld. Esse diagnóstico se refere a uma síndrome autoimune, induzida por compostos que podem desencadear reações, como vacinas, próteses, silicone, desodorantes etc. “Pode ser desencadeada por qualquer agente externo, e causa sintomas de doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide e outras”, assinalou.

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Mesmo nos casos de mulheres com Síndrome de Schoenfeld, a remoção do silicone não é o tratamento mais indicado. “A síndrome foi relatada há mais de 10 anos, mas somente nos últimos dois se tornou mais evidente. Há leigos abordando o assunto, estimulando o autodiagnóstico. O explante só deve ser feito quando existe um diagnóstico firmado por exames”, finalizou.

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O procedimento

A cirurgia de retirada do silicone consiste em remover os implantes junto com a cápsula formada pelo organismo em torno deles. A colocação das próteses se faz por uma incisão pequena, de, no máximo, quatro centímetros. Já para a remoção, o acesso precisa ser maior, chegando a até 10 centímetros. O próximo passo, então, é avaliar o que resta de mama e pele. “Se tem pouco volume, pode ser feita uma lipoaspiração e uma lipoenxertia, para aumentar o seio com gordura da própria paciente, mas é algo limitado”, explicou Vicente Scopel. No geral, segundo o médico, a mama fica com um aspecto menor e com consistência mais frouxa.

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Outra possibilidade de reconstrução é quando há sobra de pele. Então, é necessária uma mastopexia – procedimento que corrige a forma e a posição das mamas. “O que precisa ficar claro é que o resultado estético é bem inferior ao de uma mama com o volume proporcionado pelos implantes”, destacou. Dessa forma, Scopel afirma que a retirada dos implantes pode se tornar um evento traumático, devido ao prejuízo estético.

A recuperação pós-cirúrgica, por sua vez, é praticamente a mesma de uma mamoplastia como qualquer outra. Há possibilidade de uso de dreno nas primeiras 48 horas e o retorno ao trabalho pode acontecer depois de 15 dias. Para praticar exercícios físicos, é necessário esperar até dois meses.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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