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SAÚDE E BEM-ESTAR

Explante de silicone raramente é indicado, alerta especialista

Foto: Anna Tarazevich/Pexels

É difícil achar uma mulher que não tenha uma listinha de desejos de mudanças a serem feitas no próprio corpo. Afinar o nariz, engrossar os lábios, aumentar os seios. Aliás, pelo menos 20% das cirurgias plásticas estéticas no Brasil envolvem aumento mamário com implantes de silicone. Nos consultórios de cirurgiões plásticos, porém, tem chamado atenção a procura pelo movimento inverso: a retirada dos implantes – popularmente chamada de explante de silicone.

Esse movimento vem ganhando força nos últimos dois anos, mas ainda não há dados estatísticos sobre a retirada de implantes, segundo informou o cirurgião plástico e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) Vicente Scopel. O que os especialistas vêm se perguntando, na verdade, é o que tem levado as mulheres a voltar atrás na decisão de aumentar os seios. “Considero que foi devido ao boom nas redes sociais, somado ao pânico e ao isolamento causado pela pandemia da Covid-19. As pessoas ficaram presas em casa, com muitos sintomas psicológicos surgindo”, avaliou.

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Nesse sentido, Scopel destaca que a remoção de silicone raramente é o procedimento mais adequado. “É mais uma oportunidade para profissionais desonestos”, criticou. Segundo o médico, a maioria das mulheres nunca terá qualquer complicação devido ao uso de silicone. As exceções são aquelas que possuem doenças autoimunes, como lúpus e artrites. Nesses casos, a utilização de implantes não é recomendada. É por isso que Scopel reforça a necessidade de procurar um cirurgião plástico competente e seguir as recomendações dele.

Essa mesma orientação vale para quem já fez o implante de silicone e, depois, desenvolveu interesse em tirar. “Antes de qualquer cirurgia, a paciente deve se informar, ouvir o cirurgião plástico”, argumentou, lembrando que o diagnóstico favorável à exclusão é muito difícil. E é somente em uma situação drástica, de confirmação de rejeição da prótese, que o cirurgião deve recomendar o explante.

Vicente Scopel, cirurgião

Doença do silicone

A “doença do silicone” não existe. É o que explica o cirurgião plástico Vicente Scopel, afirmando que o termo correto é Síndrome de Schoenfeld. Esse diagnóstico se refere a uma síndrome autoimune, induzida por compostos que podem desencadear reações, como vacinas, próteses, silicone, desodorantes etc. “Pode ser desencadeada por qualquer agente externo, e causa sintomas de doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide e outras”, assinalou.

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Mesmo nos casos de mulheres com Síndrome de Schoenfeld, a remoção do silicone não é o tratamento mais indicado. “A síndrome foi relatada há mais de 10 anos, mas somente nos últimos dois se tornou mais evidente. Há leigos abordando o assunto, estimulando o autodiagnóstico. O explante só deve ser feito quando existe um diagnóstico firmado por exames”, finalizou.

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O procedimento

A cirurgia de retirada do silicone consiste em remover os implantes junto com a cápsula formada pelo organismo em torno deles. A colocação das próteses se faz por uma incisão pequena, de, no máximo, quatro centímetros. Já para a remoção, o acesso precisa ser maior, chegando a até 10 centímetros. O próximo passo, então, é avaliar o que resta de mama e pele. “Se tem pouco volume, pode ser feita uma lipoaspiração e uma lipoenxertia, para aumentar o seio com gordura da própria paciente, mas é algo limitado”, explicou Vicente Scopel. No geral, segundo o médico, a mama fica com um aspecto menor e com consistência mais frouxa.

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Outra possibilidade de reconstrução é quando há sobra de pele. Então, é necessária uma mastopexia – procedimento que corrige a forma e a posição das mamas. “O que precisa ficar claro é que o resultado estético é bem inferior ao de uma mama com o volume proporcionado pelos implantes”, destacou. Dessa forma, Scopel afirma que a retirada dos implantes pode se tornar um evento traumático, devido ao prejuízo estético.

A recuperação pós-cirúrgica, por sua vez, é praticamente a mesma de uma mamoplastia como qualquer outra. Há possibilidade de uso de dreno nas primeiras 48 horas e o retorno ao trabalho pode acontecer depois de 15 dias. Para praticar exercícios físicos, é necessário esperar até dois meses.

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