Muitas pessoas percebem que o período do inverno é propício para doenças respiratórias, sejam elas virais ou bacterianas. Porém, nessa época do ano, também são comuns problemas no sistema cardiovascular. Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, o cardiologista, eletrofisiologista e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Basem Juma Abdalla Abdel Hamid, alertou sobre os perigos durante os meses mais frios.
O médico afirma que, devido às baixas temperaturas, o índice de mortalidade por doenças ligadas ao coração aumenta em torno de 30%. Isso acontece porque, com o frio, o corpo produz altos índices de adrenalina, hormônio que causa aumento da vasoconstrição (diminuição dos vasos sanguíneos). Assim, a relação entre a demanda e a oferta de oxigênio para o organismo também diminui.
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Essa diminuição no tecido arterial pode favorecer direta ou indiretamente a ocorrência de síndrome coronariana aguda (dor no peito), infarto e patologias arritmogênicas, que podem levar a mal súbito. O efeito chega a ser ainda mais comum em pacientes com fatores de risco, como hipertensão, diabetes, tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo e estresse.
Ações que ajudam a evitar efeitos mais graves, segundo Basem, são se agasalhar bem, manter o corpo hidratado, ter uma boa alimentação e evitar fatores de risco, principalmente o tabagismo e o excesso de álcool. “Dessa maneira, a gente consegue favorecer esse equilíbrio entre a oferta e a demanda, e com isso conseguir que tenhamos o suprimento adequado de oxigênio e nutrientes para nossas células e, consequentemente, que elas não sofram tanta alteração pelo frio externo.”
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Ainda na entrevista, Basem comentou que doenças cardiovasculares são mais comuns a partir dos 40 anos para homens, e um pouco mais tarde para mulheres. É nessa idade que devem começar as revisões com um cardiologista. Mesmo assim, a presença de fatores de risco, como os já mencionados acima, além de doenças renais e histórico familiar, pode adiantar essa recomendação.
A orientação é que pessoas sem comorbidades façam revisão com um cardiologista anualmente. Já para aqueles que possuem esses fatores, o ideal é consultar a cada seis meses. Ainda para essas pessoas é bom estar atento à presença de dores na região acima do umbigo e na caixa torácica, principalmente se junto a suor frio, palidez, queda da pressão e sensação de náusea ou desmaio. Nessas situações, deve-se procurar um médico, visto que são fatores associados ao infarto.
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Além disso, Basem alertou sobre a incidência de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) nos meses mais frios. Segundo ele, o aumento pode ser de até 20%. O cardiologista explica que a doença miocárdica e o AVC possuem características semelhantes e fatores de risco em comum. “Acaba tendo uma diminuição no suprimento sanguíneo para determinadas áreas, no caso, o sistema neurológico. Os fatores de risco fazem com que tenha um aumento exponencial das doenças tanto cardiológicas quanto neurológicas. Eu costumo dizer que elas andam juntas, por causa do mesmo cerne fisiopatológico das doenças”, esclarece.
O médico ainda ressalta que existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. No primeiro, é algum fator secundário, geralmente um trombo que interrompe o fluxo sanguíneo, que o causa. Na grande maioria das vezes, devido a outra patologia cardíaca. Esse tipo é bastante frequente em pessoas mais velhas.
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Já o AVC hemorrágico acontece por causa de um rompimento do sistema vascular, o que causa extravasamento do sistema sanguíneo por um tecido periférico e, assim uma hemorragia. Ele é mais raro, mas também costuma ser mais mortal do que o isquêmico.
Outra preocupação frequente, ainda mais nos períodos de inverno, é com a pressão arterial. Mesmo que o valor normal seja de 12/8, durante os meses mais frios até 14/9 pode ser considerado aceitável. O mesmo vale para o verão, quando é comum a pressão ser mais baixa. Por isso, pessoas que possuem o costume de medir a pressão arterial em casa não devem se assustar se acabarem se deparando com esses valores.
Basem ainda comenta que é comum o aumento da pressão, assim como outras doenças cardiovasculares, em pacientes que foram infectados pela Covid-19. Essa relação tem sido vista frequentemente durante a prática clínica nos últimos três anos, sendo relatada diversas vezes por pacientes.
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Colaborou o jornalista Ronaldo Falkenback.
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