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Exemplo de civilidade

O pleito municipal de 2024 ficará marcado como o período eleitoral mais violento dos últimos anos. Conforme levantamento do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), no terceiro trimestre deste ano, que engloba o fim das pré-campanhas e parte do período eleitoral nos municípios, foram registrados 323 casos de violência contra figuras políticas brasileiras. É, segundo o observatório, o trimestre mais violento dos últimos cinco anos.

Já a pesquisa Violência Política e Eleitoral no Brasil, realizada pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, revela que os casos violentos aumentaram 130% em relação a 2020. De acordo com a apuração, um registro ocorreu a cada um dia e meio em 2024 no Brasil.

Os episódios mais marcantes aconteceram em São Paulo. De cadeirada a soco, testemunhamos pela televisão algumas das cenas mais lamentáveis da história política brasileira. As polêmicas deste pleito levantaram uma série de questionamentos sobre a condução dos debates. Os eventos, que deveriam ser uma oportunidade para os eleitores conhecerem as propostas dos candidatos, tornaram-se um momento para os políticos criarem cortes para as redes sociais.

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De olho no engajamento, nos likes, compartilhamentos e comentários, os influencers digitais apostam na famigerada “lacração” por meio de ataques, mentiras, denúncias infundadas e frases polêmicas. Assim, não precisam se esforçar para apresentar ideias, planos para os municípios ou debater com seus adversários. Essa estratégia, que ganhou força nas eleições de 2024, infelizmente tem dado certo. Candidatos de diferentes ideologias e partidos criam “memes” e ficam de olho nas principais “trends” para se tornarem populares.

Contudo, o vale-tudo da terra sem lei das redes sociais chegou ao seu ponto mais baixo nas eleições municipais. Não faltaram acusações aos adversários. Um “cheirou cocaína”, outro foi acusado de estupro, outro por agressão doméstica. Houve ainda uma tentativa, sem provas, de um candidato em responsabilizar uma adversária pela morte do pai.

Na capital paulista, a situação foi se agravando a cada debate até acompanharmos o famigerado soco desferido no assessor de um dos candidatos. O ferimento rendeu ao agredido seis pontos e deslocamento de retina. A cena, é claro, tirou do holofote a atuação dos candidatos ao longo do evento. 

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Contudo, os episódios recorrentes de violência desencadeados a partir da barbárie das redes sociais demonstram mais uma vez a força e a necessidade do jornalismo. Além do profissionalismo, realizam sempre um trabalho visando a moral e a ética, estimulando o respeito à democracia.

Exemplo disso foi a atuação da Gazeta do Sul ao longo do pleito municipal em todo o Vale do Rio Pardo. Em especial os debates entre candidatos. Embora tenham sido marcados por discussões acaloradas, com direito a troca de acusações, elas ocorreram dentro da normalidade. Isso graças não só à atitude dos candidatos, mas também ao empenho dos profissionais para estruturar eventos voltados à apresentação de ideias e de discussões políticas.

Para deixar o eleitor bem informado sobre os candidatos ao Executivo e ao Legislativo, a Gazeta do Sul ainda realizou entrevistas, podcasts e perfis, entre outros materiais. 

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Para dar voz à população, fomos às ruas escutar as demandas dos moradores de Santa Cruz. Elas foram incluídas na seção Fala, Comunidade, para evidenciar aos políticos o que os munícipes precisam e o que deve ser mantido em seus bairros. 

Os trabalhos, contudo, não param por aí. Neste domingo, 6, nossas equipes estarão mobilizadas para realizar a cobertura completa, com informações em tempo real nas emissoras de rádio e no Portal Gaz. Os detalhes, é claro, estarão na edição do jornal de segunda-feira, 7.

Em meio a um pleito conturbado e violento, o trabalho jornalístico torna-se um exemplo de civilidade para a democracia brasileira. Que sirva de compasso moral para os eleitores entenderem que o papel dos políticos é trabalhar para o povo, não criar publicações para ganhar curtidas nas redes sociais.

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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Julian Kober

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