Em 2014, desde aquele fatídico jogo contra a Alemanha, parei de torcer pela Seleção Brasileira. Em 2018 não tomei conhecimento da disputa e, agora, no máximo passo os olhos pelo placar pensando nas minhas chances no bolão da empresa.

Não foi sempre assim, pelo contrário. Já fui uma torcedora animada. De reunir amigos, vestir a camiseta, fazer pipoca e chimarrão com o grito de gol esperando na garganta. Mas na tarde de 8 de julho de 2014, perdi a confiança no futebol canarinho. Fiquei igual àquelas pessoas que têm a casa destelhada em temporal e a qualquer ventinho se assustam com medo de que aconteça de novo.

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Verdade seja dita, aquela Copa de 2014 parecia destinada ao fracasso. Desde a preparação, não faltaram críticas. Tão duras, tão constantes e tão bem orquestradas que pareciam extrapolar a justa insatisfação. Estávamos mesmo reclamando dos polpudos investimentos no evento? Não sei. Nas minhas contas, os protestos anti-Copa em um país que ama futebol foram o primeiro indício de que o futuro seria dramático. Como foi.

O segundo indício foi o triste espetáculo na abertura. A Arena Corinthians lotada e a galera, por três vezes, entoou um mais que sonoro “Dilma, vai tomar no C”. A manifestação teria começado na área vip e se espalhado pelo estádio. Fico imaginando a perplexidade dos jornalistas estrangeiros diante da tarefa de narrar ao mundo, ao vivo, essa pérola da nossa civilidade cidadã. Foi no mínimo estranho. Um patriotismo às avessas. Forma errada, hora errada, lugar errado. Poderia piorar?

Escrevendo agora, quase penso que o 7 a 1 nem foi tão desproporcional. Era evidente que algo acontecia e que não seria possível vencer dentro do campo se o país, fora dele, já navegava rumo à derrota. A partir daquele momento, não conseguiríamos mais nos unir. Nem no futebol.

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Foi a maior goleada sofrida por um anfitrião em Copas do Mundo. E só não foi maior porque os alemães ficaram com pena daquelas onze criaturas perdidas no Mineirão. Nossos milionários atletas estariam drogados, hipnotizados, sob influência de ETs? Ou foram vítimas de uma espécie de lavagem cerebral? O que exatamente aconteceu? Nunca saberemos, embora os analistas esportivos tenham lá suas explicações. Todas, admitamos, insuficientes.

Segunda-feira, quando vi a triangulação entre Richarlison e Thiago Silva no terceiro gol contra a Coreia, dei um pulo. Mas logo a seguir desliguei a TV ante o risco de uma recaída. Sei que estamos no páreo. Candidatíssimos ao título e a caminho das semifinais. Para isso, será preciso vencer a relativamente inferior Croácia. Mais. É fundamental resolver tudo enquanto a bola estiver rolando. Se não der no tempo regulamentar, que seja na prorrogação, jamais nos pênaltis. Nos pênaltis, com aquele goleiro croata, sugiro não arriscar. Nossos corações não merecem.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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