Quatro meses após a família de Simone Costa Brasil descobrir que ela vivia como indigente em Nova York, a santa-cruzense deixou as ruas, graças à solidariedade de brasileiros que se sensibilizaram com sua condição e ofereceram apoio. A busca agora é por uma solução definitiva para o drama da ex-modelo.
A história de Simone, que tem 44 anos, foi contada pela Gazeta do Sul no início de abril, após familiares serem informados de que ela, que estava desaparecida há três anos e sofre de anorexia, vivia sem teto nos Estados Unidos e com sérios problemas de saúde. A informação chegou por meio do Consulado Geral do Brasil em Nova York, depois que ela procurou atendimento em um hospital, sem documentos e apresentando-se com outro nome. Desde então, o pai dela, Antônio de Godoy Brasil, que atuou no antigo 8º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz) e hoje é motorista de caminhão e vive na Flórida, tenta viabilizar uma forma de resgatá-la.
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Há cerca de uma semana, porém, ela está abrigada na residência de Joelma Silva, paraibana que é radicada há 24 anos nos EUA, vive no bairro Rego Park e trabalha como empregada doméstica. À Gazeta, ela contou que reportagens sobre Simone repercutiram junto à comunidade brasileira na cidade e algumas pessoas passaram a tentar localizá-la. Há algumas semanas, uma foto dela foi postada em um grupo de mães. Com base nisso, Joelma tentou abordá-la, mas não teve sucesso. “Quando comecei a passar onde ela estava, ela não queria falar, só balançava a mão”, contou.
Simone costumava ficar no bairro Astoria, na 36ª Avenida, região onde há uma grande concentração de brasileiros. De acordo com Joelma, após alguns dias ela voltou ao local com uma conterrânea que vive em Astoria e já havia conversado com Simone, na tentativa de
obter a confiança dela. Simone, que se comunica em português, não gosta de ser chamada pelo
nome de batismo e se identifica como Juliana, acabou concordando em ir para o apartamento
de Joelma. Contudo, ficou por apenas dois dias, porque o proprietário do prédio não aceitou a presença de uma moradora de rua no local.
A santa-cruzense, então, foi levada para um hospital, mas após cinco dias sem aceitar ser
atendida pelos médicos, acabou liberada e voltou às ruas. No dia 23 de julho, procurada novamente por Joelma, ela concordou em ir para a casa dela.
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Segundo Joelma, a convivência dela com a família – além do marido brasileiro, três filhos
com idades entre 6 e 11 anos – vem sendo tranquila e ela tem se alimentado razoavelmente bem,
embora imponha restrições, como só aceitar comida de determinados estabelecimentos. “Ela
já tem melhorado no sentido de conversar, de falar conosco, até mesmo sobre a família dela”,
contou.
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Por outro lado, nega-se a tomar banho ou trocar de roupa. Além disso, embora rejeite ajuda médica, queixa-se de dores na barriga e nas pernas, que estão inchadas e tomadas por feridas em função de uma infecção, a ponto de ter dificuldades de caminhar. “É uma situação sensível. Ela realmente precisa de médicos”, frisou.
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Conforme Antônio, agora a preocupação é encontrar um local definitivo para a filha. “Ela saiu da rua, o que é uma coisa incrível. É memorável o que essas pessoas estão fazendo em termos de abnegação e seremos eternamente gratos. Mas é preciso uma solução definitiva, até para não sobrecarregar essa família”, observou ele, que entrou com um processo de interdição na Justiça e não descarta uma internação compulsória caso ela retorne às ruas.
A história
Simone, que viveu os quatro primeiro anos de vida em Santa Cruz, começou a trabalhar como modelo aos 16 anos e aos 21, teve a única filha, Victória. Em 2002, divorciada, foi para os Estados Unidos e radicou-se na Califórnia. Após um segundo casamento no qual foi vítima de agressões físicas e psicológicas, voltou ao Brasil em 2010, já com a saúde abalada pela anorexia. Nos anos seguintes, foi internada três vezes pela família, mas nunca consentiu o tratamento. Depois de deixar o hospital pela última vez, em 2018, não teve mais contato com a família. Seu paradeiro só foi descoberto no início de março deste ano.
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