Ex-ministros dos governos Dilma e Lula participaram, no Palácio do Planalto, do ato de apoio à presidente Dilma Rousseff, afastada nesta quinta-feira, 12, da Presidência da República. Se por um lado o momento foi de tristeza, por outro as manifestações de apoio, principalmente dos populares, deram um combustível a mais para a tentativa de reverter a situação. A ex-ministra da Casa Civil, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), foi ao Planalto com o objetivo de reforçar na presidente “a certeza de que não está só”. Segundo a senadora, o momento é de tristeza, “mas essa força e essa emoção que o povo está transmitindo dá alegria”.
“Estamos com ela e estamos todos indignados. Vamos lutar muito para reverter esse processo no Senado, e vamos lutar para a Dilma retomar seu mandato, usando a comissão para esclarecer o país sobre o golpe que está acontecendo”, afirmou Gleise. “E também vamos resistir para que os direitos sociais e os direitos dos trabalhadores não sejam retirados. Esperamos que nesses 180 dias Temer não mexa nesses direitos e que mantenha o rumo da economia para uma economia inclusiva, e não uma economia neoliberal”, acrescentou.
O ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social Miguel Rossetto disse que a tristeza não abrange apenas integrantes dos governos petistas. “É um momento triste para a democracia brasileira, para o povo brasileiro. Uma injustiça, um golpe, rasgam a Constituição. Uma maioria oportunista na Câmara e no Senado substitui de uma forma ilegítima, ilegal, o povo brasileiro. Neste país, quem elege o presidente da República é o povo brasileiro. Mas nós continuaremos na resistência democrática e lutando para preservar os direitos sociais conquistados”.
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Ex-ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini avalia como “grave” o atual momento da democracia brasileira. “Lamentavelmente, neste processo, tivemos uma manipulação aberta do debate sobre o impeachment com grande influência dos meios de comunicação, que assumiram uma postura golpista. Achamos que é importante, agora, fazer essa nova etapa da luta para que a gente possa efetivamente vencer, junto à opinião pública, essa disputa. Ou seja, não é possível numa democracia brincar com mandato presidencial.”
A crítica ao governo Temer ecoou na voz da ex-ministra e deputada Maria do Rosário (PT-RS). “Sinceramente, responsabilizo Temer e a oposição brasileira pelo grau de crise econômica que o Brasil está vivendo. O Brasil não teve estabilidade e não terá [com Temer], porque estabilidade provém do voto”, disse a deputada. Ela prevê, para o governo interino de Temer, que se cumpra o que “está escrito” no documento Ponte para o Futuro. “É um documento privatista, de diminuição do tamanho do Estado e de contenção de despesas a partir daquele que é o interesse público, que é a área social e as ações que podem potencializar o nível de emprego.
A ex-ministra Miriam Belchior classificou como “injustiça feroz” o afastamento de Dilma. Mas a situação, segundo ela, melhorará, na medida em que a população se der conta do que realmente aconteceu. “As manifestações só vão aumentar”, disse ela. A ex-secretária especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, disse que passou “dias maravilhosos”, enquanto integrou a equipe do governo federal. “Coloquei parte dos meus sonho na realidade, ao promover políticas voltadas para a melhoria de vida de cada uma das marias, das antônias, das joanas em nosso país”
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Para o deputado Arlindo Chinaglia, o maior golpe quem sofreu não foi Dilma Rousseff, mas a democracia. “”É um momento triste da vida nacional, porque é a democracia que está sendo golpeada. A própria presidente, e todos nós, temos alertado que ela não é a única atingida. São atingidos todos os brasileiros. Especialmente os que votaram nela”, disse. “Trata-se de um processo de construção democrática de décadas que, de forma surpreendente, não foi respeitada. Isso mostra que o Brasil, do ponto de vista institucional, ainda está muito atrasado”.
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