A Praça Getúlio Vargas, no centro de Santa Cruz do Sul, foi palco para um evento educativo sobre saúde mental na tarde desta terça-feira, 23. A iniciativa da coordenação do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) celebrou os 36 anos de criação do Movimento Antimanicomial no Brasil e o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que ocorreu em 18 de maio. O objetivo foi levar informação e combater o preconceito contra pessoas que sofrem de transtornos mentais.
O evento contou com apresentação do Coral da Alegria, do Caps II, e exposição de narrativas, onde pessoas puderam contar suas histórias sobre o tratamento em saúde mental. Também foi exposto um varal com trabalhos de arte sobre a história das lutas na área.
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Adotada por muito tempo, a política de isolamento de indivíduos com transtornos mentais no Brasil, por meio do confinamento em manicômios, já rendeu a alcunha de “holocausto brasileiro”. A evolução dos estudos e debates sobre o tema e a criação de leis como a que gerou os Caps, em conjunto com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) no final da década de 1990, auxiliaram a chamada reforma psiquiátrica. Esse movimento culminou com a publicação da lei 10.216, de 6 de abril de 2001, que garante o direito das pessoas com transtornos mentais.
Segundo a coordenadora municipal de saúde mental, Taís Giordani Pereira, a estrutura de Santa Cruz é referência na região, e a valorização de espaços de tratamento como os centros de atenção psicossocial tem sido fundamental. “Santa Cruz do Sul foi uma das pioneiras em implementar esse tipo de cuidado, o modelo baseado no respeito das individualidades. Em 1997 foi implantado o Caps II, e a partir desse modelo conseguimos criar no município o Capsia, em 2002, e em 2006 o Caps AD, voltado às questões do uso problemático do álcool e outras drogas.”
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Além de chamar atenção contra a prática de internação em manicômios, o evento de ontem buscou combater o preconceito em torno dos usuários de serviços ligados à saúde mental. A ex-frequentadora do Caps em Santa Cruz, Silvia Lilian Cáceres Ferroni, conta que, por muitos anos, tomou remédios para tratar a bipolaridade.
Ela afirma que acabar com o preconceito é uma grande ferramenta para melhorar o atendimento aos usuários do serviço de saúde. “Não existe ‘normal’ e ‘anormal’, o que existe são pessoas em tratamento e pessoas que vivem sem tratamento, mas todos em sociedade. Hoje estou bem, mas não desisto da luta. A cada ano ela é mais importante, para aperfeiçoar os Caps. Quando você melhora os Caps, a própria Prefeitura ganha em economia, pois evitam internações e pacientes em calamidade na rua.”
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A prevenção aos casos de suicídio também é um trabalho que tem sua importância na rede de apoio, explicaram os responsáveis pela atividade. Segundo a Organização Mundial de Saúde, essa é a quarta principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. Quase 40% acontecem em virtude da depressão e ansiedade.
Roberta Machado, terapeuta ocupacional e funcionária do Caps, diz que a história manicomial no País tem relação com o preconceito, pois os manicômios serviam como um local para isolar um “problema” da sociedade, resultando em mais discriminação que amplia casos de suicídio. “As doenças mentais e psíquicas não são visíveis. Como eu explico que o que eu estou sentindo me incapacita até de tomar um banho, por exemplo? As pessoas dizem que é preguiça, mas não é. Por isso a importância dessa rede de apoio”, ressaltou a profissional.
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