Cultura e Lazer

Evento Convergência Literária proporcionou aproximação entre autores

A programação da 34ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul contou, no entardecer desse sábado, 6, com um evento que teve como destaque a relevância da literatura na sociedade. O Convergência Literária, promovido pela Editora Vírtua, reuniu 15 autores, possibilitando que contassem suas histórias, divulgassem seus livros e refletissem sobre o gosto pela escrita e leitura.

Proprietário da Vírtua, Rafael Augusto Machado destaca o crescimento do evento comparado com a edição passada, tendo diversidade de gênero e de gerações. “Isso mostra o potencial criativo dos autores aqui da região e que o cenário gaúcho é muito diverso e criativo”, destaca. Salienta que há engajamento de todo o setor, fazendo acontecer a diversidade cultural e envolvendo escritores de diferentes editoras.

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Reforçando esse caráter diverso, cada um dos participantes pôde contar a sua história e comentar seus livros, tendo em comum o fato de que tiveram o incentivo, em casa, para ir em frente com os estudos. É o caso do escritor homenageado na Feira deste ano, Romar Rudolfo Beling. “Meus pais, morando no meio rural, definiram que eu deveria estudar e, por isso, saí bastante cedo de casa. Hoje, com a homenagem, vejo muito mais um destaque para o Romar leitor do que para o escritor”, disse.

Beling enfatizou a cobertura que a Gazeta Grupo de Comunicações faz da Feira do Livro. Somente na Gazeta do Sul de sábado, foram dez páginas reservadas a falar da 34ª edição. “A Feira do Livro e a leitura precisam de espaço. Os veículos devem divulgar mais, falar mais desse evento que reúne o público na praça”, frisa.

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Ampliar a propagação desse tema é incentivar que mais pessoas possam se interessar. É o caso de Rodrigo Edmundo, que gravou as imagens do bate-papo. Quando o espaço foi liberado para o público, ele fez uma participação emocionada, relatando que não era adepto dos livros, mas passou a ver com outros olhos a partir da participação de escritores em sua escola. “Não se pode deixar apagar isso. Eu não tinha o hábito, mas hoje passo para minha filha a importância dos livros”, afirmou.

Mãe da autora Ana Júlia Riedel, a professora Carla Inês Schwaickhardt sensibilizou os participantes. “Vendo vocês, sabemos que são pessoas se despindo de vaidade e colocando no papel aquilo que a gente sente”, ressaltou. Diante da manifestação da leitora, Beling reforçou um pedido ao público e aos organizadores do evento: “Temos como tarefa fazer com que a feira persista e cresça sempre”.

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A consequência desse despir apontado por Carla é a identificação com a causa, como apontado pela autora Lígia Hertzer. “Tenho uma ligação muito forte com a poesia. Meu nome, assim eu entendo, é uma homenagem às pessoas que leem”, enfatizou. A 34ª Feira do Livro é promoção de Prefeitura e Sesc Santa Cruz do Sul.

Dos trilhos do trem para as páginas do livro

“Existem pessoas que entram em nossas vidas, e, por um motivo ou outro, saem; tem aquelas que permanecem, tem as invisíveis.” É assim, estabelecendo uma reflexão sobre os contatos que criamos durante a vida, que a autora Valquíria Ayres Garcia apresenta a sua décima obra: Uma viagem de trem, pela Editora Vírtua.

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Cachoeirense de nascimento, mas santa-cruzense de coração, ela recorda dos tempos em que brincava com uma prima nos trilhos do trem, das tantas histórias vividas e, mais tarde, do afastamento natural. Entende que faz parte da vida esse fluxo de chegadas e saídas de pessoas e que, algumas, a sociedade faz questão de querer não enxergar.

Valquíria Ayres Garcia resgata histórias, locais e as chegadas e despedidas de pessoas | Foto: Albus Produtora

Um exemplo dessas pessoas, que diz invisíveis, está na capa do livro: um cadeirante aguarda a chegada do trem na estação. Esses espaços de recepção e partidas também são destacados nos desenhos de Valquíria. O prédio, que se transformou em espaço cultural em Santa Cruz, está estampado nas páginas, assim como de outros municípios que mantiveram as estruturas erguidas, mesmo não tendo mais o trem como meio de transporte. São espaços reais, que fazem parte do imaginário.

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O trabalho da autora foi destacado pela qualidade da elaboração do projeto, em busca de captação de recursos. Ele ficou em segundo lugar na região no programa FAC Publicações, dentro do mecanismo de incentivo Pró-Cultura do governo do Estado.

Domingo foi marcado por lançamentos

Professor Cassionei lançou Desvarios entre quatro paredes domingo à tarde | Foto: Albus Produtora

O tempo seco durante a manhã e quase toda a tarde contribuiu para a grande movimentação de público na Praça Getulio Vargas e também com os escritores que lançaram e autografaram as novas obras. Um deles é o professor, escritor e divulgador literário Cassionei Niches Petry, que lançou seu quinto trabalho, Desvarios entre quatro paredes, pela editora Bestiário. O enredo trata de um narrador sem nome que vive no período entre abril e agosto de 2020, o mais crítico da pandemia de Covid-19 no que diz respeito a isolamento social e restrições para atividades.

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Ao mesmo tempo em que trabalha como escritor de textos e livros sob demanda, mas sem assinar, esse homem enfrenta uma separação dolorosa de uma mulher que é chamada apenas de ex e frequentemente retorna à vida dele. “Tem ainda a metáfora das paredes, que a todo tempo aparecem em torno do narrador e são um ponto muito importante nessa história”, comentou. Petry diz que apresentar uma obra na Feira do Livro é sempre um momento único. “Foi na feira de 2012 que eu lancei meu primeiro livro e me apresentei como escritor, e antes disso já aproveitava muito esses eventos como leitor e para conhecer os autores.”

Miguel Lawisch conta em livro uma grande aventura de bicicleta | Foto: Albus Produtora

Na mesa ao lado, Miguel Pedro Lawisch levou aos leitores a maior aventura de sua vida. Em A grande viagem – 18.250 quilômetros de bicicleta pela América, narrou ao escritor Demétrio de Azeredo Soster uma viagem de bicicleta realizada por ele em 1992, na qual saiu de Santa Cruz do Sul e foi até Los Angeles, nos Estados Unidos. “Esperei por um milagre, que alguém escrevesse essa e fosse um cicloturista como eu. Demorou 30 anos, mas apareceu o Demétrio”, conta. Para ele, esse contato com os leitores e amigos é fundamental e serve também para mostrar que todos podem realizar sonhos.

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Dica dos expositores é garimpar

Diante da infinidade de gêneros, tamanhos, cores e preços dos livros presentes nas bancas, os leitores muitas vezes ficam indecisos e não sabem quais obras adquirir. Sempre prestativos, os livreiros auxiliam como podem, frente ao intenso movimento nas bancas. Entre eles, o clima é de que realizar a feira no primeiro semestre foi uma decisão acertada. Com a predominância do tempo seco nesse domingo, 7, durante o dia, a Praça Getúlio Vargas ficou lotada à tarde, com a presença, sobretudo, das crianças.

Peres é expositor na Feira há 20 edições | Foto: Albus Produtora

Presente em 20 das 34 edições da Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, o expositor Abel Peres, de Porto Alegre, comemorou a melhora no tempo ao longo do domingo. “A chuva deu uma trégua e com isso o pessoal veio e está participando bastante.” Ao comentar a procura, Peres disse que a demanda é variada, mas o que realmente faz sucesso são os saldos. “Tenho um balaio com quatro livros por R$ 10,00, esse é de maior saída.” Apesar do preço baixo, ele garante que há obras clássicas. “O segredo é garimpar, vale a pena vir com tempo para achar algumas raridades.”

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As aventuras nas histórias do menino Vicente

Vicente autografou na tarde de sábado | Foto: Marcio Souza

Em uma época de volatilidade, com o mundo virtual ganhando cada vez mais espaços, um caso chama a atenção na Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Com apenas 9 anos, o menino Vicente Melchior Landin lançou, sábado à tarde, o segundo livro. E teve fila de leitores à espera de um autógrafo feito com carinho e com letra desenhada pelo autor.

Estudante do 4º ano da Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira, o pequeno autor apresentou As aventuras do menino do óculos azul, pela Editora Vírtua. Adianta que esse garoto da obra não é ele, apesar de o desenho ter a inspiração em sua imagem.

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A primeira história contada em páginas, Meu amigo monstro, foi publicada em 2022 e trata sobre a convivência entre um garoto e seu amigo que, monstro, não conseguiu se expressar de forma que pudesse ser entendido. Houve dificuldade de entender a linguagem, mas o fim permitiu o reforço dessa amizade.

Agora, como no primeiro livro, o menino fez as ilustrações. A mãe, que o secretariava durante a tarde de autógrafos, Márcia Regina Melchior Landin, conta que ele começou a escrever e acumular histórias a partir da formação de um grupo de bichos de pelúcia. Os acontecimentos do cotidiano passaram a lhe chamar a atenção e virarem histórias. “Ele nasceu em meio aos livros. Quando estudava Pedagogia, sempre via a mãe cheia de livros e material de leitura. Pegou o gosto. Durante a pandemia, na plataforma Elefante Letrado, ele leu quase 300 obras”, conta. Além disso, tem outras atividades culturais que o ocupam, como aulas de teclado, piano, violão e os esportes judô e xadrez.

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Palavra do leitor

Sacola cheia de livros

Foto: Albus Produtora

Um garimpeiro de livros que aproveitou para conferir a variedade de obras oferecidas pelos 18 livreiros é Valdir Bruxel Júnior, de Santa Cruz. Mesmo com uma sacola já cheia de volumes, domingo à tarde, ele procurava outros exemplares, com destaque para os quadrinhos e as obras ligadas à História. “Para mim, é sempre importante estudar esse tema para entender como chegamos até aqui e para onde vamos”, frisou. Para ele, o único problema da Feira do Livro é que ela não acontece com mais frequência. “Dizem que o brasileiro não tem o hábito da leitura, mas o que estamos vendo aqui diz exatamente o contrário. Olha quanta gente comprando livros”, mencionou.

A afirmação de Bruxel foi percebida em diferentes momentos do primeiro fim de semana da feira. E, além dos adultos, quem tem aproveitado o evento são as crianças que procuram os mais variados títulos disponíveis entre os expositores.

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