Por mais de quatro décadas, trabalhei em meios de comunicação. Conheço esse ambiente. Convivi e aprendi com personagens que escreveram páginas memoráveis para a história em diferentes plataformas. Outros, travestidos sob a aura de pretensa celebridade, tropeçaram e caíram. E muitos outros vão cair.

Vi colegas construírem carreiras brilhantes e honradas porque se pautaram pela isenção, pela honradez, pelo compromisso com a verdade perante o público que consome informação. Mas também vejo, no espectro nacional, figurões abduzidos por ideologia, jogando no lixo a imparcialidade e a credibilidade, valores mais preciosos de quem trabalha com informação. Submetem-se a sacrificar um ideal por uma causa, sabe-se lá a que custo e com que interesse.

Por certo já se imunizaram contra qualquer escrúpulo, porque não se preocupam mais com fatos, mas com versões. Sinto vergonha – por todos eles que desgraçam a própria biografia e por nós que procuramos honrar nossa profissão e batalhamos todos os dias para merecer e preservar a credibilidade junto ao público. Quando se submete a verdade à apologia a uma causa, não há mais jornalismo.

Aprendi, faz tempo. Jornalista não é juiz. Jornalista questiona, investiga, contextualiza, interpreta e traduz o que apurou, mas não julga. Dias atrás, durante a posse teatral do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ouvi uma análise muito pertinente de um comentarista político: “Em qualquer espetáculo, quando o juiz se acha mais importante que os atores em campo, algo está errado”.

E está. Aliás, faz tempo. Alguns sob as togas da prepotência, outros que reverberam ideologia – muito seletiva e excludente, é bom salientar – em tudo o que fazem, dizem e escrevem. E o País, pasmo, fica de joelhos. Torço que, no final das contas, seja um gesto e um pedido de perdão. Não sei quanto a você, mas vou pensar muito antes de ser, mais uma vez, magnânimo com quem trai a honra, o compromisso e a liturgia do cargo que lhe foi confiado.

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