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Eu sou um viciado

Ah, nós e os nossos vícios… Um dos meus primeiros foi a bala 7Belos. Até hoje, feliz em descobrir de sua prolongada existência (o que prova que não somente eu fui um dependente desta maravilha da química), tenho recaídas. Entro numa loja de conveniência, dou uma olhadinha para os lados e, se não tem ninguém me cuidando (o meu dentista, por exemplo!), peço em voz baixa: “Um punhado de 7Belos, por favor”. Nada se compara àquele inconfundível sabor de framboesa – nem mesmo a própria framboesa! – quando, por pura inconsequência, você coloca três de uma vez só, na boca. É o paraíso artificial dentro de você!

Dos cigarros de chocolate (outro vício!), passei para os de verdade, quando eu tinha uns 18 anos. Faz tempo! Lembro bem da minha primeira carteira de Hollywood, que me levaria ao sucesso. E meu pai só ficou sabendo que eu fumava alguns bons anos depois, no enterro de minha vó, a mãe dele. Achei que seria um bom momento para abrir o jogo. Ele já tava bem chateado, mesmo! Eu nunca me senti muito confortável em fumar na frente dele, com o dinheiro dele (até eu ter o meu próprio!), um vendedor premiado da Brikman do Brasil. E não fumante!

Vícios, tive vários, outros mais e outros menos pesados: cheiro de esmalte (muito semelhante ao cheiro de uma 7Belo), cheiro de chuva sobre a terra seca, cheiro de interior de Kombi, o cheiro do sovaco do meu avô Pubi… Me dou conta que, quando guri, eu era um baita cheirador! Saía por aí metendo o nariz em tudo o quanto é coisa, até arrebentar ele num poço seco, de lixo, que a vó cavou no fundo do pátio do Casarão Verde, da Vila Duque, em São Leopoldo, onde eu passava boa parte dos meus dias – o que já é uma outra história.

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Do olfato, passei para algo mais (de)gustativo. Não passa um dia, por exemplo, sem que eu tome alguns bons goles do suco de laranjas Petry. Acho muito bom, mesmo! Muito próximo, pelo sabor, de um suco de laranjas natural, só que sem o inconveniente de ter que carregar um saco de laranjas para casa, espremer e tirar, de várias, apenas um mirrado copinho. O Petry te dá um litro, que você vai enxertando água, e tal, até obter mais meio. Eu sou viciado em suco de laranjas! E tudo isso para dizer que sou um viciado por esta cidade, que tão bem me acolheu há 27 anos. Amo Santa Cruz, de paixão, e nestas férias nem fui viajar. Fiquei por aqui mesmo, curtindo tudo o que ela tem de bom para oferecer, neste período em que muitos estão fora, se estressando por aí. Até postei no Face dia destes uma frase com um viés um pouco mais metafórico, e tal, que diz mais ou menos assim: “Amo esta cidade por tudo o que ela tem de côncavo… E de convexo.” Um amigo, que me chamou para um chope no fim da tarde, quando eu cheguei, nem bem me deu boa tarde e já foi logo perguntando: “É por causa dos buracos e quebra-molas, né?”

Sou viciado em meus amigos, também!

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