Eu sou Rebeca! Somos milhares de Rebecas! Não, eu nunca pratiquei ginástica artística, e os saltos que ela dá eu não consigo nem no solo. No máximo, uma e outra requebrada que ela faz na dança, enquanto se apresenta no tablado. Eu sou Rebeca quando vejo uma menina negra, periférica, filha de mãe solo, vencer! Ela me representa, bem como tantas milhares de meninas e mulheres deste imenso Brasil, meus sonhos, meus desejos e minhas vontades, por tantas vezes reprimidas.
Assim como ela, tive uma mãe que fez o que pôde por mim e meus irmãos. Minha mãe sempre acreditou em mim e disse que eu podia ser o que quisesse, mesmo que nossa realidade se desenhasse pelo caminho contrário. Nunca tivemos luxo e todas as conquistas eram através de muito esforço. Mesmo assim, ela me empoderava: desde dizer que meu cabelo era lindo – apesar do deboche dos colegas -, até afirmar que o estudo era o mais importante. Assim é a Rebeca! Assim sou eu! Assim é você, que encara a sociedade, principalmente, quando nos dizem que não podemos ou devemos.
Esta é a Olimpíada das mulheres, da representatividade, da expressividade. Temos atletas negras, lésbicas, militantes, e que já não calam suas vozes. Rebeca é força, quando, lá atrás, integrava um projeto social para jovens ginastas em potencial. Que potência! Nossa jovem Rebeca não teve medo e encarou as adversidades, inclusive competir com a melhor do mundo. Esta, que, por sinal, mostrou uma coragem absurda ao anunciar que não competiria para cuidar de si, de sua saúde mental.
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Simone Biles, nós também te apoiamos e admiramos! És forte! Tens uma garra que quem é mulher entende. Eu não entendo muito de esportes, meu conhecimento não ultrapassa o torcer, ficar nervosa e me “ver” em todas as modalidades. Mas entendo o que é ser mulher, das lutas diárias e do quanto ainda encaramos “caras feias” para fazermos o que , de fato, queremos. Aí, aos treze anos, uma “fadinha” traz uma medalha de prata para o Brasil. A modalidade? Skate! Sim, no skate! Quantas vezes, quantas de nós, mulheres, escutamos que skate era “coisa de menino”. Rayssa nos representa, inclusive com a medalha no peito.
Afinal, esta, além de tantas outras, é uma das finalidades dos jogos.
Os Jogos Olímpicos despertam, em muitos de nós, o orgulho de ser brasileiro, de estarmos representados na maior competição esportiva do mundo. Uma onda positiva nos invade e, se tem Brasil, queremos que os adversários não nos superem (mesmo que sejam melhores). Mas os jogos também revelam outra face, esta um pouco mais triste e revoltante: a falta de incentivo e patrocínio e de espaços adequados para os treinamentos. Realidade vivenciada também por outras pátrias.
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Um destaque, aqui, para as jogadoras de vôlei do Quênia. Assisti ao confronto delas contra o Brasil. Vencemos com ampla vantagem, um “passeio” em quadra da equipe brasileira. Parecia um time amador, se comparado a outras equipes. Mas foi uma das raras partidas em que você não quer que o adversário vença, ao mesmo tempo que deseja que ele avance, evolua. As quenianas, com seus cabelos coloridos, alguns trançados, jogaram sorrindo, apesar da inferioridade aparente. Perderam, mas foram vitoriosas, quando chegaram a uma Olimpíada e, principalmente, quando saíram das quadras de terra em que treinam para o mundo!
Com a proximidade do fim dos jogos, me resta um único desejo: QUERO MAIS! Mais Rebecas, mais Simones, Rayssas, Martas, Mayras, Anas Marcelas, quenianas e todas aquelas que têm a coragem de serem quem são!
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