Após um ano sem visitar Santa Cruz do Sul, a porto-alegrense Julia*, 26 anos, decidiu reservar o fim de semana para encontrar a mãe, visitá-la no hospital e se certificar de que tudo estava bem com a família. Por volta da meia-noite de sexta, pouco tempo depois de chegar na cidade com o ex-companheiro e os filhos, de 1 e 4 anos, lembrou que havia esquecido a mamadeira do pequeno no carro. Não pensou duas vezes. Mesmo já de pijama, foi buscar o acessório no Siena que estava estacionado em frente à casa da mãe, no Bairro Universitário.
Foi aí que o pesadelo começou. Três homens encapuzados e armados abordaram a jovem e a empurraram para dentro do carro. “Eles saíram derrapando ainda com as portas abertas. Estavam nervosos, gritavam e não se entendiam sobre aonde iam. Eu só pensava nos meus filhos.”
Durante cerca de duas horas e meia, o trio rodou com a vítima e decidiu se deslocar a Rio Pardo a fim de encontrar outro comparsa. Não bastasse a alta velocidade, em vários momentos os bandidos fizeram o percurso na contramão. Ao longo do trajeto, a jovem foi obrigada a deitar encostando a cabeça no bebê-conforto e ainda precisou lidar com uma arma apontada para a barriga e as ameaças feitas por um dos criminosos. “O motorista e o que apontava a arma não queriam me matar, mas o caroneiro dizia: mata ela que vão demorar para achar o corpo”, lembrou.
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A vítima, que trabalha como cozinheira em Porto Alegre, também temeu ser estuprada. “Quando eles começaram a falar que me deixariam no meio do mato, fiquei com mais medo ainda, mas, graças a Deus, tudo acabou bem.”
Criminosos abandonaram carro perto do autódromo
Por volta das 2h30, os criminosos abandonaram Julia na localidade de Rincão Del Rey e fugiram com o veículo. Sozinha e com frio, já que vestia só um pijama, ela caminhou pela estrada de chão até encontrar uma casa e pedir ajuda. Uma jovem a atendeu. “Quando a moça ligou para a polícia, meus irmãos e meu ex-companheiro já haviam dado queixa.”
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Horas depois, o carro, foi encontrado nas imediações do Autódromo Internacional. O rádio e o bebê-conforto foram levados. O veículo pertence ao ex-compaheiro de Julia. Após o susto, ela deve voltar a Porto Alegre hoje e retomar o trabalho amanhã. Ontem, conseguiu visitar a mãe e aproveitou o dia para almoçar na casa dos primos.
Conforme a delegada plantonista, Ana Luisa Pippi, a investigação ficará sob responsabilidade da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) e terá início hoje. Por enquanto, não há suspeitas sobre a autoria do crime.
Em Santa Cruz, primeiro roubo
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Sem dormir desde sexta-feira até este domindo, a vítima conta que nunca havia sido assaltada ou sofrido ação de criminosos. “Eu moro em Porto Alegre desde que nasci e nunca tinha sido assaltada. Eu estava na hora errada e no lugar errado”, lamenta. Julia espera que o caso seja investigado e agradece por não ter sido agredida. “Depois da tempestade vem a calmaria. Nada que Deus não resolva.”
*Nome fictício para preservar a vítima.
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