Política

“Eu sei o valor da palavra lealdade”

Em meio a um clima de polarização sem precedentes na democracia brasileira, 156,4 milhões de pessoas vão às urnas neste domingo, 2, com o resultado ainda em aberto nas eleições. A votação vai das 8 horas às 17 horas. Com a decisão de uniformizar o horário em todo o País, a expectativa é de que a apuração seja concluída mais cedo do que em anos anteriores.

Os candidatos Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) disputam o segundo turno nas eleições estaduais após confirmação de um cenário muito diferente do que se esperava. Onyx liderou as apurações, alcançando 37,50% dos votos válidos, enquanto que Leite, apontado como favorito durante toda a campanha, travou uma batalha pelo segundo lugar com Edegar Pretto (PT) que se estendeu até o último instante da apuração. Ao fim, Leite teve 26,81% e Pretto alcançou 26,77%.

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Os jornalistas Pedro Garcia, Maria Regina Eichenberg, Leandro Porto e Ronaldo Falkenback entrevistaram, nesta semana, os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. As entrevistas exclusivas, com duração de 25 minutos, foram veiculadas na Rádio Gazeta 107,9 FM.

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Entrevista – Onyx Lorenzoni (PL)

  • O senhor já disse que é contrário ao acordo de recuperação fiscal que foi assinado pelo atual governo. Qual a sua proposta?
    Primeiro, temos que relembrar que o programa de recuperação fiscal é voluntário. São 27 estados mas 16 entraram. Segundo, o governo do Estado poderia ter escolhido o Plano de Equilíbrio Fiscal (PEF), que dura apenas um governo, é muito mais brando, permitiria ao Rio Grande do Sul pegar empréstimo de até R$ 6 bilhões para fazer investimento e, o que é melhor, não traria as amarras a que nós estamos submetidos hoje. Por exemplo, não dá para contratar policial militar, não dá para fazer incentivo a empresas… Uma coisa importante é que o governo abriu mão da liminar que, desde o governo Sartori, evitou que o Rio Grande do Sul pagasse R$ 15 bilhões. E tem um fato gravíssimo: o Tribunal de Contas fez uma auditoria e apontou que, do valor que a União apontava como dívida do Rio Grande do Sul, R$ 15 bilhões eram juros sobre juros, um crime financeiro. E tem uma perícia no Supremo Tribunal Federal que diz a mesma coisa. Da forma como esse acordo foi feito, o Estado vai ter de pagar R$ 168 bilhões.
  • O senhor estava no governo federal quando esse acordo foi firmado, mas não se manifestou à época. Como responde a isso?
    Primeiro, eu não era governador do Rio Grande do Sul. Se fosse, não teria fechado tudo (na pandemia). Meu adversário destruiu 500 mil empregos porque ficou pintando mapinha. Enquanto ele fechava tudo e tirava comida da boca das pessoas, eu trabalhei para atender 3 milhões de gaúchos, que não tinham o que comer em casa. Quem botou dinheiro na casa das pessoas através do Auxílio Emergencial fui eu, por determinação do presidente Bolsonaro. Simples assim. Vou repetir: o programa (de recuperação fiscal) é de adesão voluntária. Eram três níveis. O programa que ele escolheu era o primeiro. E fez isso porque era parte do portfólio da campanha presidencial dele. Da onde o Estado vai tirar R$ 168 bilhões? Da saúde, da educação e da segurança dos gaúchos.
  • Mas então a sua decisão, caso eleito, será não de revogar o acordo, mas de buscar novos termos, é isso?
    Amigo, é óbvio. Essa é a missão de um governador que ama seu povo. Alguém tem dúvida de que, na improvável hipótese do ex-governador se reeleger, ele vai renunciar? Ao que eu sei, tem um acordo com o MDB para renunciar daqui a dois anos. Alguém tem dúvida de que ele só está nessa eleição para governador para poder manter de pé o projeto de disputar a Presidência da República? A minha dúvida é zero. Se ele pensasse no Rio Grande do Sul, não teria renunciado e não teria destruído o seu partido. Aqui ninguém é candidato.
  • Queremos ouvir o detalhamento de algumas de suas propostas. Em Santa Cruz, estamos com 23% da chuva esperada para outubro. O senhor tem dito que quer instalar um sistema de canos de baixa vazão. Isso amenizaria a estiagem?
    No Rio Grande do Sul, estamos proibidos de guardar água. Tenta tirar uma licença para fazer uma barragem, um pequeno açude ou um lago. Chove o suficiente em maio e junho e, se guardássemos essa água, poderíamos manter o Rio Grande do Sul plenamente irrigado nos meses de estiagem. Um exemplo: barragem de Taquarembó. O senador Heinze obteve três prorrogações junto ao governo federal e o Rio Grande do Sul vai ter que devolver R$ 156 milhões à União porque foi incapaz, pelo governo do Eduardo Leite, de tocar a obra. Por outro lado, pergunta para o prefeito de Bagé quem conseguiu os recursos e viabilizou a parceria com o Exército para fazer barragem da Arvorezinha, que está em plena construção. Fui eu.
  • O senhor disse, em um debate na Federasul, que pretende reduzir impostos. Como isso se viabiliza considerando que o orçamento de 2023 prevê um déficit de R$ 3,7 bilhões?
    Ué, mas não estava tudo equilibrado? Não era o governo que botou as contas em dia? Se tu somares tudo o que meu adversário promete nos debates e programas, passa do orçamento do Estado. Acontece que eu, ao longo desses últimos quatro anos, aprendi a administrar. O Brasil hoje tem a quarta menor inflação, o maior número de empregos gerados e a maior redução do desemprego do G-20. Quem construiu tudo isso? O presidente Bolsonaro, com a sua liderança, e um time de ministros que eu ajudei a escolher e liderar. O que me difere do meu adversário é que eu sei o valor e a importância da palavra lealdade.
  • Mas e quanto à redução de impostos, candidato?
    Volto a te dizer. Como nós, com o mesmo dinheiro dos governos petistas, conseguimos fazer milhares de obras no Brasil? Acabamos com o desperdício, cortamos nas atividades-meio, digitalizamos o governo e sobrou dinheiro na conta.
  • Algum exemplo de desperdício que o senhor poderia nos dar?
    Vinte e seis secretarias para quê, se 14 ou 15 são suficientes? Assim como eram (desperdício) os 40 ministérios do Lula. Quando o governo Bolsonaro começou, eram 22. Eu ajudei a cortar e a concentrar. Acho que isso está bem registrado.
  • O senhor cortaria ou criaria quais secretarias?
    A minha equipe está trabalhando nisso. Não teremos mais do que 16 secretarias. Mas vou te dar um exemplo: o Rio Grande do Sul conhece há 40 anos a Casa Civil como a casa política do governo. Lá se trata das relações com a Assembleia e com os municípios. A partir de janeiro, não será mais assim. Será implantado aqui um centro de governo no padrão da OCDE, que reúne as 36 maiores economias do mundo livre. Vamos ter uma subchefia que cuida de governança e uma secretaria de acompanhamento, com métricas. A cada cem dias, vai se prestar contas no Rio Grande do Sul, assim como é feito no governo federal.
  • Como o senhor pretende equilibrar as finanças do IPE Saúde sem penalizar os servidores com contribuições mais altas?
    A gestão do IPE desautoriza qualquer pessoa a achar que o meu adversário é um bom administrador. É uma tragédia, deve R$ 1,1 bilhão para os hospitais. O meu compromisso é que as entidades médicas e os hospitais vão indicar diretores para compor o IPE com os servidores que temos lá. Vamos montar um grupo sem politicagem. Não teremos político nenhum, e sim técnicos para recuperar o IPE. O que ocorre é o seguinte: as entradas do SUS e dos convênios particulares são diferentes, mas depois que passa a porta, tudo é o mesmo. O médico, o enfermeiro, a ressonância, o raio-x, o cateter, o antibiótico, tudo é o mesmo. Ou seja, toda e qualquer circunstância que mexa com a sobrevivência de um pessoa vem de uma estrutura que se apoia sobre o SUS, sobre os convênios e sobre o IPE Saúde. Se o IPE Saúde deve aos hospitais, desequilibra esse funcionamento, que já tem muitas dificuldades. Eu administrei no governo federal R$ 400 bilhões, o equivalente a sete anos de orçamento do Rio Grande do Sul.
  • Causou muita repercussão um programa no segundo turno em que o senhor usou o termo “primeira-dama de verdade”. O senhor se arrepende de ter feito essa afirmação?
    Quem tem que se arrepender é o meu adversário e sua equipe. Viu o contexto em que eu falei? Eu tenho uma esposa que me acompanha em tudo o que eu faço. Não teve canto do Rio Grande do Sul em que ela não me acompanhou. Eu defendo Deus, família, pátria e liberdade. O senhor Eduardo Leite defende o quê? O umbigo dele. Me acusou de um crime e agora vai responder na Justiça. É uma barbaridade dizer isso. Eu tenho 30 anos de vida pública, em algum momento tu me viu fazer qualquer tipo de afirmação assemelhada a isso que ele veio me acusar? Eles usaram uma publicação falsa, apócrifa, para fazer uma ilação. Mas eu não temo a verdade. Eu só temo a Deus.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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