Em transmissão nas plataformas digitais na tarde dessa quarta-feira, 29, o governo do Rio Grande do Sul divulgou os resultados da sexta rodada do Estudo de Prevalência da Infecção por Coronavírus (Epicovid-19) no Estado, com base nos dados coletados no último fim de semana. Participaram da apresentação a coordenadora do comitê de dados, Leany Lemos, e o epidemiologista e professor emérito da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Fernando Barros.
Financiada pelo governo do RS e coordenada pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Ufpel, a pesquisa realizou entrevistas e testes rápidos em nove municípios do Estado: Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana, sendo 500 moradores em cada um deles, o que totalizou 4.500 pessoas de 24 a 26 de julho. O objetivo foi rastrear o avanço do novo coronavírus e compreender seus efeitos na população gaúcha.
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Algumas das informações divulgadas chamam a atenção e esclarecem dúvidas recorrentes sobre testagem e propagação da doença. Os testes rápidos utilizados têm sensibilidade de 84,8%, ou seja, 15,2% de chance de apresentar um falso resultado negativo. Já a especificidade é de 99,9%, isto é, apenas 0,01% de possibilidade de o resultado ser um falso positivo. Os dados mostram ainda que a proporção de infectados no RS subiu de 0,47% na última pesquisa, realizada em junho, para 0,96% nesta, o que corresponde a aproximadamente 108.716 pessoas em todo o Estado, contra 64,496 contabilizados.
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A coordenadora Leany Lemos destacou a importância da pesquisa, que ainda terá mais duas etapas, a serem realizadas em agosto e setembro. “Além de nos apresentar a prevalência do coronavírus entre a população, de mostrar como o vírus está se comportando, o estudo é muito importante porque, quando são testadas, as pessoas respondem a um questionário. Utilizamos essas informações para nossas projeções, e isso é de muita relevância para o Estado”, enfatiza.
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Em Santa Cruz do Sul, os resultados mostraram que das 500 pessoas testadas, duas apresentaram resultado positivo, o que indica ainda um baixo índice de transmissão do vírus entre a população. A taxa de isolamento social também chama a atenção. Na primeira etapa, em abril, 53,6% dos santa-cruzenses afirmaram sair de casa apenas para atividades essenciais, enquanto 24,4% relatavam sair diariamente e 22% se mantinham em casa o tempo todo. Três meses depois, a diferença é notável: 53,4% saem para atividades essenciais, 35,4% saem diariamente e apenas 11,2% permanecem isolados em casa.
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Distanciamento e testagem são o caminho
Porto Alegre, Canoas e Passo Fundo se destacaram entre as cidades que apresentaram os resultados mais preocupantes. A Capital teve 18 casos positivos entre os 500 testados, o que corresponde proporcionalmente a 3,6% da população. Vale relembrar que os três municípios já estão na bandeira vermelha do modelo de distanciamento controlado há várias semanas. Pelotas, por outro lado, é a que mantém os melhores índices, apresentando as taxas mais altas de isolamento e somente um caso positivo entre todos os testados.
A prevalência do vírus no Estado, contudo, dobrou de maneira geral, saltando de 21 positivos para cada 500 testados na última etapa para 43 nesta. “É daí que surge a ideia, justamente, de termos um sistema de alerta, um modelo de bandeiras, que monitora como está o comportamento da pandemia e a capacidade de atendimento daquela região”, afirmou Leany. A conclusão dos pesquisadores é que o caminho para conter a pandemia está na testagem em massa e no rastreamento de casos ativos do vírus, impedindo que sejam vetores de transmissão para outras pessoas.
Ainda a respeito do distanciamento social, respondendo a um questionamento sobre a implantação de lockdown aos finais de semana proposta por algumas prefeituras, o professor Fernando Barros foi enfático ao afirmar que ainda não há uma receita. “No momento que existe a aceleração da infecção, quanto mais fizermos distanciamento social, melhor é. Se o município resolve que vai fazer uma espécie de lockdown de dois ou três dias, é melhor do que não fazer. Se puder fazer mais, melhor ainda, mas são decisões municipais baseadas no quadro que cada município apresenta”, finalizou Barros.
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