O estudo para criação do Diagnóstico Socioambiental (DSA), contratado pelo Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), desvendou a diversidade de animais silvestres, nas áreas urbanas florestadas nos municípios da região. Por meio de registros diretos nas matas e com o uso de armadilhas fotográficas, foram captadas imagens de aves, macacos, gatos-do-mato e diversos animais que habitam estas áreas e contribuem direta e indiretamente para a qualidade de vida nas cidades.
Entre os destaques dos 17 municípios nos quais foi realizado o levantamento, Encruzilhada do Sul, por ter na região leste da cidade, junto às nascentes dos Arroios Rondinha e Lava-pés, uma área de mata ciliar preservada, banhados e campos nativos, e Santa Cruz do Sul, tendo o Cinturão Verde, foram os locais nos quais houve a maior abundância e diversidade de espécies identificadas.
Segundo o biólogo Paulo Francisco Kuester, responsável pelo levantamento de fauna, os registros em foto e vídeo mostram a presença de animais como tatu, graxaim, gato-do-mato e macaco-prego, que são espécies nativas do Vale do Rio Pardo, e algumas delas mais difíceis de serem encontradas junto às áreas urbanas da região. “Encruzilhada do Sul tem uma área grande de matas de galeria, campos e banhados nativos, na qual foi encontrada uma grande biodiversidade. O mesmo ocorre no Cinturão Verde, em Santa Cruz do Sul, onde ainda existe uma boa área preservada, mostrando uma diversidade de animais e da flora nativa”, ressalta.
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Kuester explica ainda que, por conta da urbanização, o Cinturão Verde de Santa Cruz do Sul tornou-se uma espécie de “ilha”, na qual os animais silvestres nascem, com corredores de fauna comprometidos, por conta da crescente urbanização na área. “Por isso que, de vez em quando, ocorre a presença de animais silvestres junto às residências, ou até mesmo nas ruas que cruzam pela área. No entanto, o município tem uma grande diversidade de fauna e flora”, disse.
O resultado do estudo – que é uma parte importante do DSA – irá mostrar como a presença de animais silvestres e plantas nativas contribui para a população urbana. Conforme o biólogo, os animais que habitam as áreas de mata mapeadas junto às cidades têm uma importância essencial no ecossistema regional.
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“As áreas urbanas onde há primatas, como o bugio e o macaco-prego, que são espécies sentinelas para algumas das doenças que afetam os humanos e que chegam à região, são imprescindíveis no monitoramento dessas espécies. Trabalhando com estes animais, pode ser possível até mesmo prever uma pandemia, porque eles sofrem antes mesmo dos humanos”, complementa.
O levantamento de fauna e flora já foi concluído e os relatórios assinados por Kuester, da empresa Sinuelo Consultoria Ambiental, são encaminhados para a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), responsável pela realização do Diagnóstico Socioambiental.
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O levantamento de fauna e flora, que revelou a presença de muitas espécies de animais silvestres na região, é uma das etapas importantes para conclusão do Diagnóstico Socioambiental (DSA). Esta atividade já percorreu os 17 municípios para a elaboração dos relatórios finais do estudo. Aliado à ação, já foram captadas também imagens aéreas, que dão um melhor panorama aos estudos de campo realizados.
Outro processo já realizado é o levantamento dos recursos hídricos da região do Cisvale. Este estudo é essencial para a composição do relatório final, que irá contar ainda com informações técnicas dos municípios visitados. A equipe da Unisc inicia a avaliação de dados e criação dos parâmetros e estatísticas referentes às áreas de preservação, com mapeamento e todas as informações necessárias para composição do relatório final do DSA.
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O trabalho de campo realizado pelos biólogos Paulo Francisco Kuester e Mariane Engler revelou a presença de mais de 400 espécies de plantas, cerca de 20 espécies de mamíferos, aproximadamente 200 espécies de aves, e mais 17 espécies de répteis e anfíbios. Dentre estas, muitas são ameaçadas e endêmicas de grande importância quanto a sua preservação. Assim como outras espécies exóticas invasoras, principalmente da flora, que são um grande problema para a biodiversidade da região. Algumas imagens foram captadas por câmeras noturnas.
Para o presidente do Cisvale, Gilson Becker, o levantamento preliminar da diversidade de fauna e flora regional já é um indício importante de que a região precisa cuidar do meio ambiente, uma vez que as áreas urbanas são integradas aos espaços naturais. “Por isso este trabalho contratado pelo Cisvale para os 17 municípios que fazem parte do consórcio é tão importante. Precisamos encontrar maneiras sustentáveis de desenvolvimento e ocupação de nossos municípios e o Diagnóstico Socioambiental, realizado pela Unisc, trará as ferramentas necessárias para este planejamento em médio e longo prazo”, pontua.
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A aprovação do estudo para elaboração do diagnóstico ocorreu em setembro de 2023, em assembleia geral do Cisvale, após a criação da nota técnica da Câmara Setorial de Meio Ambiente do Consórcio. A medida e a nota técnica atendem a resolução 458/2022 do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), que prevê o mapeamento urbano das Áreas de Proteção Permanentes (APPs).
Conforme a professora Priscila Mariani, da Unisc, responsável pelo DSA, o mapeamento tem como objetivo a criação de um inventário do que existe em fauna e flora na região e qual é o papel delas no ecossistema regional. “O Cinturão Verde, de Santa Cruz do Sul, por exemplo, tem um papel importante para toda a região, é um ambiente adequado para a fauna e flora, que na ausência dele, poderá ter várias espécies em extinção. Este estudo irá mostrar as áreas mais frágeis e que necessitem de uma maior atenção”, explica.
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