Educação

Estudantes e professores se mobilizam contra a violência em Santa Cruz

Diversas escolas de Santa Cruz do Sul realizaram nessa quinta-feira, 20, atos de conscientização contra a violência e em promoção da cultura de paz. A data foi escolhida tendo em vista as ameaças de ataques registradas em algumas instituições e teve como objetivo espantar a sensação de insegurança e o temor de atentados. Com cartazes, balões brancos, rodas de conversa e conteúdos especiais, os educadores buscaram incentivar a valorização da vida e combater as práticas nocivas nas salas de aula.

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A ideia surgiu para acalmar pais e alunos que estavam com medo de possíveis ataques às escolas em decorrência de notícias falsas que circularam na internet. “Os pais estavam em pânico, ligando para a escola muito assustados e não querendo mandar os filhos”, observa a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Menino Deus, Leila Adriane Lopes Berlt. Segundo ela, a partir disso, a atividade se propôs a dar mais segurança às famílias e retomar a confiança habitual.

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A iniciativa partiu dos educandários e foi prontamente incentivada pela Secretaria Municipal da Educação. Titular da pasta, Wagner Machado destaca a importância de promover a cultura da paz. “Ninguém constrói a paz sozinho e nem desfruta dela sozinho. É uma construção coletiva que começa no alicerce da sociedade, a escola.” Além dos atos promovidos pelas equipes escolares, as ações de patrulha feitas pela Brigada Militar e Guarda Municipal foram intensificadas. Houve ainda reforço dos serviços de vigilância privada nos estabelecimentos particulares.

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“Já trabalhamos diariamente com essa temática, incentivando a paz e a não violência, mas hoje todos os professores se engajaram e falaram com suas turmas sobre isso”, enfatiza a vice-diretora da Emef Santuário, Jôse Adriane dos Santos. Destaca a importância de as famílias serem participativas e interessadas na rotina dos filhos. “Procuramos trazê-las para dentro da escola e queremos que os pais sejam nossos parceiros, porque tudo começa em casa.” A profissional é mais uma a ressaltar a importância de acompanhar o que as crianças e adolescentes acessam na internet e impor limites sobre conteúdos impróprios.

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Já a diretora Lia Beatriz Heuser frisa as medidas adotadas para garantir segurança, como vigia durante todo o período em que o local funciona, câmeras de monitoramento e o botão do pânico, que permite aos professores e funcionários solicitar o auxílio das forças de segurança emsituações de necessidade. “Além disso, a escola tem muros altos e o portão fica fechado o tempo todo, ninguém entra sem ser identificado pelo vigia”, garante.

Ernesto Alves teve momentos de reflexão ao longo do dia

Na esteira das manifestações, a Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira realizou ontem, nos três turnos, um momento de reflexão com professores, funcionários e estudantes. A ação foi promovida pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave) e alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Todos eles vestiram roupas brancas e verdes e carregaram balões das mesmas cores, para simbolizar a paz e a esperança.

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MP diz que não foram registradas ameaças na região

Depois do ataque a uma creche em Blumenau, Santa Catarina, no dia 5 de abril, as ameaças de novos atentados em escolas geraram grande temor em todo o País e mobilizaram as forças de segurança e outros órgãos. Um deles é o Ministério Público (MP), que, por meio de seu núcleo de inteligência, abriu um canal para receber notificações de atitudes suspeitas, sejam elas presencialmente nas instituições de ensino, no comportamento de algum estudante ou mesmo nas redes sociais.

Conforme a promotora da Infância e Juventude de Santa Cruz, Vanessa Saldanha de Vargas, o MP buscou rastrear todas as situações que chegaram ao seu conhecimento e que pudessem evidenciar uma possível ameaça. “Em Santa Cruz e região, contudo, não tivemos informação de nenhuma situação que pudesse caracterizar essa ameaça, mas tudo está sendo monitorado”, disse em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9. Também ocorreram reuniões com as polícias, secretarias, Conselho Tutelar e outros órgãos para entender o que cada um está fazendo a respeito.

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Apesar da preocupação, Vanessa se diz aliviada por nada ter se concretizado. “Isso nos dá uma certa tranquilidade. É claro que 100% nós não temos como rastrear, mas diferente de outros municípios onde foi constatada ameaça de ataque, aqui não tivemos nada disso.” Acerca das medidas que podem ser tomadas para evitar ataques, citou a importância das comissões de prevenção de violência dentro das escolas. Elas servem para identificar comportamentos suspeitos de alunos e combater práticas como o bullying.

A promotora é mais uma a chamar a atenção, contudo, para a importância de as famílias acompanharem seus filhos e terem conhecimento dos conteúdos que eles acessam e das pessoas com quem se relacionam na internet. “Normalmente, os acontecimentos na escola são um reflexo do que acontece em casa”, observa. “Sabemos que a vida é corrida, mas quem opta por ter filhos tem a responsabilidade de dar atenção e saber o que está se passando com eles.”

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Guilherme Bica

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