ATUALIZADO ÀS 10H10
Preso em flagrante no início da manhã da última sexta-feira por guardar em casa, no Bairro Avenida, em Santa Cruz do Sul, nada menos que 15 fuzis, 21 pistolas, 201 carregadores e 7,3 mil munições, o estudante de Engenharia Jerônimo Jardim Lopes, de 26 anos, conhecido como Japa, está em uma audiência nesta segunda-feira, 30, no Fórum. Trata-se da audiência de custódia, uma prática comum nos casos de flagrante, que começou às 10 horas. O cachoeirense estava no Presídio Regional de Santa Cruz desde o fim da tarde de sexta.
O advogado do preso, Lino Marcelo Vidal Munhoz, também de Cachoeira do Sul, antecipou neste domingo à Gazeta do Sul que tentará, durante a audiência, obter a liberdade provisória do universitário. Ele entende que isso é legalmente possível mesmo que a prisão de Japa tenha sido a primeira do Brasil enquadrada na nova lei dos crimes hediondos.
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O Diário Oficial da União de sexta-feira trouxe a sanção presidencial da lei 13.497/2017, que torna hediondo o crime de posse ou porte ilegal de armas de fogo de uso restrito. “Inicialmente o caso se enquadra na nova lei, mas tudo isso é passível de discussão futura”, comentou o advogado.
Munhoz falou com o jovem no fim de semana e disse que ele está “como qualquer outra pessoa submetida às condições do sistema carcerário”. O defensor não quis comentar as circunstâncias da prisão, como as armas foram parar no loft de Japa e nem qual o possível envolvimento do universitário com a facção Os Manos, a quem pertence o arsenal, segundo a polícia. “No momento apropriado, as coisas serão esclarecidas”, resumiu o advogado. No fim da tarde de sexta-feira, quando o preso era levado da delegacia para o presídio, Lino Munhoz disse que o jovem só falaria em juízo.
Segundo o delegado regional Luciano Menezes, Jerônimo Jardim Lopes estaria guardando o arsenal da facção que domina o tráfico de drogas na região. Para isso, estaria recebendo R$ 10 mil por mês. Todo o material apreendido na sexta-feira valeria cerca de R$ 3 milhões e foi levado para a sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Porto Alegre.
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Conforme a polícia, as armas vieram do Paraguai e entraram no País pelo Paraná. O transporte até Santa Cruz se deu por via rodoviária. “As armas eram usadas para incursões e tomadas de território”, diz Menezes, chamando atenção para o caso de um mês atrás, quando duas casas foram metralhadas em Santa Cruz para intimidar operadores do jogo do bicho. A facção Os Manos recebe dinheiro dos bicheiros e, em troca, oferece segurança.