Regional

Estrutura montada no Parque da Oktoberfest busca dar conforto e atenção às famílias desabrigadas

Depois de dias de angústia, a moradora do Bairro Várzea Cassandra Gonçalves, de 36 anos, está mais aliviada. O primeiro sorriso surgiu na manhã dessa sexta-feira, 3, ao olhar para fora dos portões do Pavilhão 2 do Parque da Oktoberfest e perceber que o tempo melhorava. Assim nasceu um sopro de esperança de retornar para casa. “Meu marido foi até lá em casa para ver a situação, e se já temos condições de voltar”, contou ela, que está acampada com mais três filhas, entre elas Heloísa, de 1 ano e 11 meses.

Outro motivo de comemoração para Cassandra foi a notícia que recebeu durante a semana. Enquanto estava fugindo das águas para sobreviver, soube que teria se tornado avó. Sua filha mais velha estava no hospital e o bebê encontrava-se bem. “Apesar de tudo, preciso ainda agradecer”, disse.

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Assim como ela, outra moradora acolhida no local é Patrícia Cristina Soder, de 43 anos. Sua residência, no Bairro Schulz, foi engolida pela água. “A Guarda Municipal me socorreu e me trouxe para cá, não consegui trazer nada de casa. Mas ainda bem que saí antes que a coisa piorasse”, relembra junto da filha Eloá, de 2 anos.

Outro familiar de Patrícia instalado no pavilhão é seu pai, o aposentado Luís Soder, 73 anos. Com problemas de saúde, ele teve acompanhamento clínico desde o primeiro dia.

Cassandra e Patrícia com as filhas: boa estrutura e acolhimento. Jaime Fredrich/Divulgação/GS

A prefeita Helena Hermany, que coordena o Gabinete de Gerenciamento de Crise, reconhece o empenho dos envolvidos para que as pessoas sejam bem acolhidas. “Quero agradecer imensamente a todas as pessoas que estão colaborando no atendimento aos desabrigados. É um momento difícil, e só vamos conseguir superar com êxito graças ao trabalho dos servidores do município e da nossa comunidade santa-cruzense, que é sempre solidária e colaborativa”, declarou.

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Recreação

Um espaço especial às crianças das famílias desabrigadas foi preparado no Ginásio Poliesportivo Arnão. Uma equipe pedagógica coordena as atividades, com o auxílio de voluntários. Cerca de 30 crianças e adolescentes são atendidos no local. Entre as atividades estão música, futebol, vôlei, pintura, jogos pedagógicos e massinha de modelar. Quem aproveitou várias brincadeiras foi a pequena Sara, de 6 anos. “Ela não quer sair do ginásio, de tanto que está gostando”, comentou a mãe, Patrícia Soder.

Jaime Fredrich/Divulgação/GS

Estrutura garante atendimento à saúde

Patrícia: atenção também à saúde mental. Jaime Fredrich/Divulgação/GS

Acompanhamento dos profissionais de saúde é outro dos serviços oferecidos para duas centenas de abrigados nos pavilhões do Parque da Oktoberfest. Na manhã dessa sexta-feira, quem precisou de auxílio foi a aposentada Voni Grünewald, de 56 anos, de Rio Pardinho.

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Abalada por ter perdido todos os móveis, roupas e eletrodomésticos de sua casa, emocionou-se ao lembrar das cenas pelas quais passou. Precisou de atendimento psicológico e clínico para lidar com a situação.

De acordo com a supervisora médica na Atenção Básica, Clauceane Venzke Zell, responsável pela coordenação dos atendimentos, 11 abrigados recebem acompanhamento contínuo. A maioria dos casos, segundo ela, é de hipertensão. Ainda foram atendidos quadros de dengue, gripe e gestantes, totalizando 298 registros até essa sexta-feira.

Moradores que precisaram de assistência contam com suporte profissional e cuidados. Jaime Fredrich/Divulgação/GS

No atendimento de questões emocionais, a psicóloga Patrícia de Souza Fagundes é uma das profissionais que atuam no local. “Nesse momento as pessoas estão bastante chorosas, desesperadas, em especial pelas perdas que tiveram. Então é fundamental que a gente cuide da saúde mental e dê uma atenção especial, para que tenham forças para recomeçar suas vidas”, afirmou.

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Doações

No Pavilhão Central do Parque da Oktoberfest estão concentrados os donativos que são levados pela população. Segundo a coordenadora do serviço, Solange Basso, uma equipe de aproximadamente cem pessoas, entre voluntários e servidores do município, realiza a triagem de todo o material arrecadado, desde roupas e alimentos até produtos de higiene e de limpeza. Depois é feita a entrega aos necessitados.

Já na Bierhaus estão concentradas as refeições prontas oferecidas pelos restaurantes e empresas santa-cruzenses. A orientação repassada aos doadores é para que os alimentos sejam acondicionados em embalagens individuais e com talheres descartáveis, prontos para o consumo.

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Paula Appolinario

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