Há quase 40 anos, Alcemar da Silva se dedica a um mesmo emprego: o primeiro emprego. Nascido na localidade de Murta, Passa Sete, mudou-se com os pais Fidelcino e Maria e os irmãos para o Bairro Medianeira, em Sobradinho, ainda na infância, passando após a residir no Bairro União.
A criança organizada e criativa deu lugar a um jovem com talentos manuais. Foi ainda na adolescência que Alcemar teve sua primeira oportunidade. Bastaria ela.
Uma professora lhe sugeriu que fizesse cursos de marcenaria oferecidos pela Prefeitura, através da Secretaria de Assistência Social. Foram três inscrições, em três anos consecutivos, totalizando 300 horas de aprendizado e um certificado de marceneiro. A demonstração de interesse nas aulas fez com que fosse indicado para atuar nesta área como funcionário do município. “O prefeito na época, Lademiro Dors, me deu a oportunidade e disse que meio turno me daria para trabalhar, mas meio turno eu teria que estudar. Foi assim que fiz por alguns anos, até começar a estudar à noite e trabalhar em tempo integral”, salienta, lembrando que isso aconteceu aos 15 anos de idade.
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Alcemar recorda que, desde os primeiros dias no emprego, buscou fazer mais do que lhe era solicitado e, assim, foi aprendendo cada vez mais sobre o ofício de marceneiro e outros que veio a desempenhar. “Se me pediam para fazer um pequeno balcão eu procurava fazer o mais aperfeiçoado para provar minha capacidade. Nesse tempo, o profissional que era o responsável pelo setor foi envelhecendo e passando para mim as atividades. Então comecei a tomar liderança na marcenaria. Como chefe de marcenaria fiquei muitos anos e fiz muitas coisas. Naquele tempo os móveis das escolas e Prefeitura eram quase todos feitos por nós, classes de sala de aula, armários, balcões, fazíamos reformas também, pinguelas, pontilhões”, detalha.
Já em 1992, quando abriu concurso público na Prefeitura, Alcemar se inscreveu, participou do certame e então foi nomeado. “Fiz o concurso e passei a ser encarregado e, como não tinha marceneiro, também fazia estas atividades, e assim fui vindo até os dias de hoje. Primeiro e único emprego”, ressalta.
Do primeiro ofício, trabalhando com madeira, passou a se especializar em outras áreas. “Me tornei eletricista, pedreiro, carpinteiro, marceneiro, pintor. Fui me dedicando a aprender outros segmentos, mas que estavam interligados. Fiz cursos. Estou fechando os 40 anos de Prefeitura, mas trabalho como se fosse o primeiro dia. Se eu estiver trabalhando em algum lugar, mesmo que não tenha ninguém olhando, está na minha cabeça o capricho. Tento sempre fazer o meu melhor”, reforça.
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Entre os itens de produção como marceneiro da Prefeitura, destaca ter feito muitas caixas de abelha, pois havia programa de incentivo aos apicultores. Chegou a confeccionar até mesmo dois caixões funerários. “Hoje, muito do que se vê em Sobradinho, eu participei. Onde tiver uma obra com madeira, eu estive lá”, ressalta.
Atualmente com 55 anos de idade, Alcemar frisa que acompanhou de perto o desenvolvimento de Sobradinho. “Quando fizeram o Parque da Fejão eu estava lá. Quando fizeram a Prefeitura, eu também estava lá. Fiz portas para as primeiras casas populares no Bairro Medianeira. Acompanhei o desenvolvimento do município”.
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Ele também salienta os avanços ao longo das décadas, saindo do serrotinho de mão para máquinas elétricas. “Facilitou o trabalho e, na medida em que foram surgindo novas técnicas, fomos nos aperfeiçoando. Por mim também passaram aprendizes, cheguei até a ser professor quando havia cursinho. Sempre tento passar conhecimento para os novos colegas. Para trabalhar é necessário conhecimento profissional e boa vontade. Quando tu entra em uma empresa a primeira coisa que tem que fazer é demonstrar boa vontade e dedicação, estar disposto. É isso o que vai gerar confiança”, revela.
Faltando alguns meses para a aposentadoria, Alcemar já não atua diretamente com marcenaria, setor que foi incorporado ao de manutenção. “Hoje sou encarregado de manutenção das Emeis e Emebs e Centro Administrativo. Atuo mais na supervisão, coordenação, fiscalização e gerenciamento da equipe”, salienta.
Ainda, com trabalho voluntário confeccionou muitas muletas de madeira e auxiliou no reparo de cadeiras de roda para entidades.
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Ao olhar para trás, Alcemar diz sentir-se realizado e grato, pela oportunidade e também pelo que conquistou através de seu trabalho. “Eu era de vila, muito tímido, acanhado. Essa oportunidade que a Mariza e o Lademiro me deram foi uma luz que acendeu pra mim e eu peguei com as duas mãos e fiz dela minha carreira de trabalho. Tudo isso graças a Deus e a oportunidade que eu tive desse aprendizado”.
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