A comunidade de Santa Cruz do Sul foi surpreendida na quintafeira, ao final da tarde e no começo da noite, por uma chuva torrencial, sem precedentes em tempos recentes. Ruas alagadas, água invadindo lojas e estabelecimentos, desmoronamentos e, por consequência, bens e materiais danificados formaram um cenário dramático. Na redação da Gazeta do Sul, onde os profissionais concluíam a edição do jornal de sexta-feira, a situação de emergência fez com que equipes fossem mobilizadas de imediato, também no Portal Gaz e na Rádio Gazeta FM 107,9, a fim de atender às inúmeras ligações telefônicas e aos contatos por e-mail e por mídias sociais, e logo seguir pela cidade para conferir os locais. Leitores, ouvintes e internautas de diferentes pontos comunicavam seus dramas pessoais e familiares e descreviam o quadro assustador, ainda mais complicado de avaliar e de contornar por já estar escuro.
Foi, de fato, uma chuva de intensidade anormal: em uma hora, choveu o equivalente a cerca de um mês normal de índices pluviométricos na cidade. E de tanta água, em curto período, nenhuma estrutura de escoamento ou de prevenção daria conta. E a se considerar que na infraestrutura urbana hoje predomina a pavimentação com camada asfáltica, sem permeabilidade e que dificulta a infiltração da água no solo, fica ainda mais difícil evitar alagamentos e inundações. Em mais de uma ocasião, na quinta-feira, e no calor do momento, eram fortes as manifestações cobrando solução para os alagamentos, mas não se pode ignorar que, não raro, é a própria população que cobra dos governantes que asfaltem as ruas ou cubram os terrenos com mais pavimento. Não deixa de ser um paradoxo.
A sexta-feira, com isso, foi de muito trabalho, para contabilizar os estragos, consertar o que podia e necessitava ser consertado e tentar remediar os transtornos. Por outro lado, havia o sentimento do desconsolo diante do fato de que as últimas semanas haviam trazido muita preocupação justamente pela falta de chuva, com a persistente estiagem. E eis que quando a tão esperada chuva enfim chegou, ao invés de constituir alento trouxe ainda mais prejuízos.
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Fica, dessa circunstância, a constatação de que o clima realmente está oscilando muito, indo de um extremo a outro em questão de horas. E se o ser humano e a civilização até não estão tão diretamente implicados nas causas e nos próprios efeitos (como cada vez mais se intui ou desconfia, diante de tanta evidência), ainda assim certamente é deles, do ser humano e da sociedade, o compromisso de pensar e providenciar soluções.
Afinal, se em 2020 uma pandemia já nos tirou do eixo, não seria nenhuma surpresa se a partir de agora, e no futuro, o clima igualmente viesse a nos pressionar cada vez mais, a literalmente nos desalojar, nos mover do lugar, de tempos em tempos, ou em questão de horas, ou até de minutos, como se pôde ver.
Eis algo sobre o qual há muito a pensar. Para tomar as decisões corretas, e então, com a devida urgência, colocá-las em prática.
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Bom final de semana a todos.
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