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Ester de Quadros: uma referência no Bairro Santuário

Foto: Rafaelly Machado

Natural de Santa Cruz do Sul, a cozinheira e voluntária Ester de Quadros, à época com 18 anos incompletos, resolveu sair de casa por questões familiares. A vida dela virou de ponta-cabeça. Ela precisou trabalhar, pagar aluguel e enfrentar muitos obstáculos para poder seguir a própria trajetória. Aos 21 anos, tornou-se mãe. Ela relembra, com lágrimas nos olhos, que já deixou de comer para que não faltasse alimento ao filho até o dia em que o marido, que viajava a trabalho, voltasse para poderem comprar mantimentos. “Lembro do dia em que eu e meu filho não tínhamos o que comer, só mesmo o antigo sopão que era distribuído. Como era final de semana, deixei só para ele e fiquei até a segunda-feira esperando o dia em que ela seria servida novamente”, conta Ester.

Foi naquele dia que prometeu ao filho, Emerson Matheus Quadros dos Santos, atualmente com 28 anos, que ele não iria mais passar por nenhuma necessidade, e que ela ajudaria o maior número de pessoas que pudesse. “Sei o quanto é difícil para uma mãe pensar que no outro dia não terá o que dar para um filho ou vesti-lo como gostaria”, reflete. As intempéries a tornaram uma mulher forte e lhe deram força para continuar. Com elas aprendeu, cresceu e seguiu em frente. “Acho que, se não tivesse passado por essas dificuldades, não seria a pessoa que sou hoje.”

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Ainda, quando se tornou mãe, Ester contou com a ajuda de um casal de idosos, tios do marido dela, que a acolheram e lhe ensinaram muito sobre solidariedade e amor ao próximo. E ela levou esse ensinamento adiante com o lema de “Acolher da melhor maneira possível, sempre com um abraço.” Ester trabalhou com serviços gerais, foi monitora, e atualmente é cozinheira, além de atuar na decoração e na organização de festas e de eventos.

Referência

Não há quem não a conheça no Bairro Santuário. Dos 50 anos de vida, lá se vão muitos numa caminhada que, segundo ela, resume-se em amor. Moradora do bairro há 28 anos, ela recolhe doações e as repassa a quem precisa.
Mas na caminhada até aqui nunca esteve sozinha. “Um grupo de amigos”, assim define, a acompanha desde os primeiros passos. Além disso, o filho de Ester, que trabalha com monitoramento de comércio e de residências, e o marido, que é auxiliar de carga e descarga, segurança em eventos e garçom, também contribuem para o legado de amor que ela conduz há mais de 20 anos. Tudo o que recebem é destinado a quem realmente precisa. Material escolar, alimentos, roupas, fraldas para pessoas acamadas e doentes, medicamentos e brinquedos são entregues. Os alimentos são o carro-chefe.

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A referência de Ester chegou até o Grupo do Bem – entidade que pratica diversas ações sociais nos bairros de Santa Cruz do Sul –, e ela se transformou num braço desse grupo, como liderança no Bairro Santuário. Depois da parceria, outros bairros têm procurado por ela. “Amo esse trabalho. As pessoas sempre me procuram, a gente corre atrás para ajudar a todos”, celebra.

O xarope e as crianças

Mãe de um, Ester se considera mãe de “mais de mil” que atende pelos bairros e projetos sociais. As crianças são um dos maiores exemplos de amor transformado em ação. Prova desse carinho aos pequenos e ao próximo é o xarope produzido por ela e que, de tempos em tempos, distribui. A herança de avô e de avó se multiplica em mais uma boa ação.

E sobre o zelo pelas crianças, um dos maiores objetivos frente à caminhada que segue, ela se emociona ao dizer: “Muitas vezes, a criança não quer só uma roupa ou um calçado, ela quer um abraço. Às vezes, ela está sentindo falta de carinho. Faço esse trabalho por gostar e amar o que faço.”

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Em datas comemorativas, promove eventos para as crianças e suas famílias. Um deles contou com quase 250 participantes de vários bairros. “A gente distribui cachorro-quente, balas, pirulitos, brinquedos. Corremos atrás de coisas para as crianças. O pessoal se junta e fazemos a distribuição”, relembra com alegria.

Feirinhas

A cada 30 ou 45 dias, a casa dela se transforma numa feirinha. E é ela quem toma conta de tudo, com o auxílio dos parceiros, entre eles o Grupo do Bem, que contribui com materiais diversos. Na última, no Dia das Mães, 47 pessoas estiveram na casa de Ester. Elas podem entrar e escolher o que quiserem. Roupas, calçados, brinquedos e demais itens, que chegam por meio de doações, ficam à disposição. Não há limite para o número de peças escolhidas.

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De vez em quando, chegam itens de maior valor. Ester lembra que recebeu a doação de uma secadora de roupas e 30 pessoas estavam interessadas. Para ser justa, fez um sorteio. As feirinhas ocorrem sempre aos sábados ou domingos, de acordo com a disponibilidade de doações. O atendimento às famílias não é fixo nem mensal. Ester desenvolveu um cadastro das pessoas ajudadas no Bairro Santuário e começou a registrar as dos outros bairros. Ela anota o nome, o número de telefone e o endereço e os avisa conforme os itens chegam.

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