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Estelionatários usam nome de empresário em golpes

Desde julho, a Gazeta do Sul vem noticiando uma série de apreensões realizadas pela Polícia Civil, de itens como videogames, celulares, geradores e até gado de agricultores. Todos provêm de ações de estelionatários que aplicam o golpe do recibo frio (ou do falso depósito). Geralmente, o crime acontecem depois que as vítimas tentam vender seus produtos ou animais em grupos de briques no Facebook. Os golpistas, por sua vez, utilizam-se de perfis fakes para simular interesse e iniciam uma conversa, a pretexto de adquirir o item.

Em entrega agendada, apresentam um recibo falso de depósito. A vítima somente percebe que sofreu um golpe quando vai verificar sua conta, após já ter entregue a mercadoria. Recentemente, porém, criminosos da região passaram a usar perfis falsos com nomes de santa-cruzenses para cometer estelionatos. Uma das pessoas que foram alvo da quadrilha é o empresário do setor de eventos Fabricio Alvino Bublitz, de 25 anos. A fim de vender um videogame Playstation 4 para pagar algumas contas, diante do momento de incertezas da pandemia, ele fez um anúncio em um grupo de briques, no Facebook.

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Uma suposta mulher, de nome Maria Clara, de Venâncio Aires, demonstrou interesse em contato pelo Messenger e confirmou o negócio pelo WhatsApp. Após fechar a compra do aparelho, no valor de R$ 2 mil, foi acertado que a entrega seria feita no dia 7 de agosto, em um local no interior de Vera Cruz. Na data e ponto combinados, o santacruzense encontrou um homem, que usava uma máscara de proteção contra a Covid-19, a sua espera. O desconhecido apresentou um comprovante de depósito – que era falso.

Ao contrário das pessoas que caíram no golpe, Fabricio checou na hora, no aplicativo do banco, se o valor já havia sido depositado. Nada constava. Por fim, disse que só iria entregar o aparelho se tivesse a confirmação do depósito. Essa atitude quebrou o esquema do golpe, mas não sem antes uma última tentativa por parte dos estelionatários.

Como era início da noite de sexta-feira, eles argumentaram que o valor entraria na conta somente na segunda-feira pela manhã. “Aí eu disse que entregaria o videogame na segunda, com a confirmação do pagamento”, afirmou Fabricio. Por fim, os golpistas pediram fotos da identidade e do cartão do banco da vítima, para verificar o “erro” no depósito. Essas fotos iriam causar transtornos ao longo das semanas seguintes.

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“Virou um inferno”

Na segunda-feira, 1°, após a tentativa de golpe, Fabrício foi bloqueado em todas as redes sociais nas quais mantinha contato com os supostos compradores. “Até então, eu não sabia que estavam tentando aplicar golpes com um perfil fake meu, com meu nome e minha foto. Me dei conta quando tomei conhecimento de denúncias feitas contra mim”, revelou o rapaz.

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“Minha vida virou um inferno. As pessoas me procurando para tirar satisfação de golpes, sendo que eu não fiz nada. E meu nome está sujo ainda, pois fica registrado no sistema que estou ‘aplicando golpes’ nas pessoas.” Entre os dias 10 e 20 de agosto, uma série de boletins de ocorrência (BOs) foram registrados contra o empresário em cidades como Santa Cruz do Sul, Estrela, Teutônia e Encantado.

“No dia 18 de agosto, consegui registrar na DPPA a situação, mas aí já tinha mais de dez BOs contra mim”, ressaltou o empresário, que mora no Bairro Aliança com a esposa. “Estou sem trabalhar em virtude da pandemia, pois não há eventos. Pretendia me desfazer do videogame para ajudar nas contas de casa e ainda passo por uma situação dessas”, lamentou.

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Criminoso é preso e confessa a fraude

A Polícia Civil já monitorava a ação dos estelionatários, em uma investigação em curso. Golpes do tipo vêm sendo alvos de uma megaoperação para combater um grupo criminoso que é comandado por um detento da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).

“Certo dia, a delegada Ana ligou para o meu pai e o questionou se estávamos envolvidos em algo, e o que ele sabia. Aí meu pai explicou toda a situação pra ela, que isso já vinha de tempo. Então imaginei que já estavam investigando”, comentou Bublitz. Ontem à tarde, agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz do Sul prenderam um homem de 30 anos, que dirigia um Renault Kwid branco, com teto preto, pelo Bairro Monte Verde, com um videogame Xbox.

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Ao parar em uma casa onde iria entregar o fruto do estelionato e receber o dinheiro, ele foi preso em flagrante por receptação. O veículo também foi apreendido, pois estaria vinculado a outros golpes em Santa Cruz e em outras cidades. O acusado foi interrogado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) pelos delegados Ana Luisa Aita Pippi e Alessander Zucuni Garcia, por estar envolvido em fraudes tanto na área da 1ª como da 2ª Delegacia de Polícia.

“Essa prisão serve de alerta à comunidade para que não se entregue nenhum bem antes de confirmar a entrada dos valores nas contas. Ressalto que comprovantes de depósitos não são garantia de dinheiro na conta”, comentou a delegada Ana. “Ele se apresentou (a uma vítima) como representante de uma senhora que iniciou a negociação e seria oriunda de Venâncio Aires”, complementou Garcia.

Conforme o delegado, o indivíduo admitiu, em interrogatório, que utilizou o nome de Fabrício Alvino Bublitz para aplicar os golpes de estelionato. Após depoimento, o preso foi encaminhado ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul.

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