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MISTÉRIOS NO CÉU

Estaríamos vivendo agora uma nova onda ufológica?

Foto: Alencar da Rosa

Amorim tornou-se referência nacional e internacional em estudos sobre ufologia, a ponto de apresentar programa no History Channel

Nos últimos dias, relatos divulgados pela imprensa de objetos voadores não identificados, costumeiramente referidos pela sigla óvnis, sobre o espaço aéreo de Porto Alegre, surpreenderam a população do Rio Grande do Sul.

Estudioso que há décadas se dedica a investigar esse tema e tais ocorrências, o publicitário e hoje apresentador de programa de televisão Rafael Amorim, 51 anos, radicado em Santa Cruz do Sul, não reluta em aventar, diante das inúmeras informações de que já dispõe, de que pode se tratar de uma “onda ufológica”. É como os envolvidos com o tema UFO, sigla para o equivalente em inglês a óvni, e decorrente de “Unidentifiel Flying Object”, chamam uma sucessão de aparições simultâneas, em uma mesma época e local, de tais itens.

Conforme Amorim, até a quinta-feira mais de 20 ocorrências haviam sido reportadas à torre de controle do Aeroporto Salgado Filho, por pilotos ou copilotos de aeronaves. Quando da aproximação para pouso na cidade, eles se deparavam com luzes incomuns, de origem desconhecida. Em geral, a torre, ao admitir que não identificava objeto no espaço aéreo, solicitava que os pilotos filmassem o que viam. E os pesquisadores sobre ufologia acompanharam essas trocas de mensagens e esses diálogos, divulgados, e eventualmente puderam ter acesso a vídeos.

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Amorim refere que nos últimos dias a Força Aérea Brasileira (FAB) também vinha fazendo treinamentos e ações militares sobre o Rio Grande do Sul e o Sul do Brasil, desde segunda-feira, dia 7. No entanto, quando consultado, nem mesmo o comando da FAB soube dar alguma explicação, até porque, segundo informara, não havia feito manobras em hora ou local similares às circunstâncias nas quais os pilotos de aviões teriam visto as luzes.

Além disso, adverte Amorim, no caso de voos de caças da FAB, eles necessariamente teriam sido comunicados, uma vez que se trata de compartilhamento do espaço aéreo com as aeronaves comerciais. “Ou seja, não era o caso. Aviões da FAB não tinham nada a ver com as tais luzes”, frisa.

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Amorim já foi testemunha de aparições incomuns na região

Rafael Amorim menciona uma noite em que ele e alguns ufólogos faziam vigília em Vera Cruz, em 2010, e entre 2h30 e 4h30 puderam observar por longo tempo seis ou sete luzes, em formação de duas ou de três lado a lado, no céu. “Era algo muito diferente de tudo o que já havíamos visto”, ressalta. E observa que, a exemplo de qualquer outra especialização, com o tempo o ufólogo vai tendo mais sensibilidade, familiaridade, ou até intuição e habilidade para visualizar e interpretar tais ocorrências.

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Ao citar os casos atuais como uma suposta “onda ufológica”, lembra de uma situação anterior, sempre mencionada, em realidade de Brasil. Ela se deu em 1985, sobre São Paulo e Minas Gerais, e ficou conhecida como “A noite oficial dos discos voadores”. Na época, até mesmo o Ministério da Aeronáutica se envolveu. “Tentaram perseguir as tais luzes, mas não chegaram nem perto.”

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Já no Rio Grande do Sul, um caso se projetou para o mundo quando, em 1996, um piloto de aeronave particular, Haroldo Westendorff, visualizou um gigantesco cone sobre a Lagoa dos Patos. O aeroporto de Pelotas confirmou que via algo estranho no radar. Haroldo então fez voos em torno do objeto, antes que ele sumisse em direção ao Atlântico. Era do tamanho de um campo de futebol.

Da curiosidade ao History Channel

O envolvimento de Rafael Amorim com o tema da ufologia já se estende por cerca de quatro décadas. Natural de General Câmara, cidade natal também de sua mãe, Enar, enquanto o pai, Cláudio, é paulista, quando ele era menino a família se mudou para São Paulo, para ficar próximo do seu avô paterno.

Foi na capital que, por volta dos dez anos, pela primeira vez viu uma luz muito diferente, desconhecida, no céu. Curioso, por influência e com o apoio do pai passou a ler livros, revistas e outras publicações relacionadas a objetos voadores não identificados. Destes para os assuntos de mistérios em geral foi um passo natural.

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Quando a família voltou ao Rio Grande do Sul e os pais se fixaram de novo em General Câmara, Rafael foi estudar em Porto Alegre e depois transitou por diversas cidades gaúchas. Em Bento Gonçalves, conheceu a enfermeira santa-cruzense Fernanda Karls, hoje sua esposa, com a qual tem o filho Francisco, de 11 anos. Ainda passou por Lajeado, Venâncio Aires e, por fim, eles se fixaram em Santa Cruz, já no início do século 21.

Por aqui, Rafael dedicou-se à publicidade, como exímio desenhista que é, com contribuições nas áreas de histórias em quadrinhos e na literatura. Em paralelo, ia ampliando seus conhecimentos e seu mergulho na ufologia. Ainda em Venâncio Aires atuou  em um grupo dedicado a estudar e fazer vigílias de UFOs, o Selva. Em Santa Cruz, ajudou a fundar e a estruturar o Movimento Gaúcho de Ufologia (MGU), que aglutina de 12 a 13 grupos de diferentes regiões do Estado, em especial de Porto Alegre, pesquisadores dessa área.

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Cita que o estudioso Márcio Parussini, da capital, seria um dos mais qualificados a investigar as atuais manifestações. E há quem associe as luzes vistas sobre o Estado às passagens do Starlink, o projeto de constelações de satélites da empresa norte-americana SpaceX, mas Amorim refuta essa hipótese. “Nesse caso, os pilotos e mesmo as torres de comando do aeroporto certamente já não seriam mais enganados, e saberiam perfeitamente bem que se trataria dessas luzes, que já veem e devem ter visto em tantas outras ocasiões”, cogita.

Amorim também ressalta que a ufologia deve ser encarada hoje como uma ciência, ainda que muitos se ocupem do tema dos objetos voadores não identificados como curiosos, ou amadores. Ele próprio já é um consultor até mesmo para produções de TV, o que o levou a ser apresentador da série Inexplicável, do History Channel, que inclusive teve gravações em Santa Cruz do Sul.

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A terceira temporada da série estreou nesta semana, e a Amorim não escapa a feliz coincidência com a suposta “onda ufológica” atualmente verificada no Sul do País. Além dele próprio, que responde pela apresentação, outro ator conhecido do público brasileiro empresta seu rosto à série: Danton Mello, que faz as vezes, aqui, do canadense William Shatner, 91 anos, que estrelou Jornada nas Estrelas.

O publicitário é ainda autor de dois livros sobre o tema: UFOs no Rio Grande do Sul, em vias de ser reimpresso, e História da ufologia ilustrada. Como desenhista e ilustrador, tem sido demandado por muitas publicações e editoras, no Brasil e no mundo, uma vez que a sua habilidade como ilustrador e especialista em ufologia permite-lhe fazer ilustrações muito detalhadas e em conformidade com os relatos costumeiros dos objetos e das luzes que muitos dizem ter visto.

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