Reclamar da vida tornou-se esporte nacional. As vicissitudes do momento exacerbaram nosso sentimento de fragilidade. Sucumbir ao pessimismo é fácil diante do massacre das notícias funestas, da escassez de histórias de recuperação. Parece que o mundo tornou-se um lugar para morrer. E não para viver.
O confinamento impôs a busca de estímulos e argumentos para driblar o pessimismo, a depressão, a falta de perspectiva de retomada da vida normal a que estávamos acostumados. É comum, diante de um quadro de doença, que façamos um balanço da vida. O grau de realismo da análise depende da gravidade da moléstia que atinge a nós ou aos entes queridos.
Desde a adolescência, me inspiro na expressão herdada de um colega de trabalho:
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– Às vezes olhe “para baixo”, para quem tem pouco e muita dificuldade. Infelizmente, a tendência é olhar para quem tem mais dinheiro, fama, facilidades e uma vida que parece muito melhor que a tua – ensinava.
Repito a expressão aos meus filhos, hoje adultos jovens, a fim de mostrar que é possível melhorar, conquistar bens materiais que permitem conforto, segurança e a possibilidade de um futuro mais tranquilo. Mas sem, jamais, ignorar o que já temos hoje para usufruir.
Diariamente agradeço pelos filhos que a vida me deu. Eles me fazem acordar cedo para descobrir motivações para seguir adiante. Enalteço, da mesma forma, os amigos que “alguém lá de cima” colocou no meu caminho porque são apoio em momentos difíceis. Não surgiram ao acaso.
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Profissionalmente, ocupei inúmeras funções que permitiram privar do convívio com homens públicos que contrariam a generalização injusta atual. São íntegros, decentes, comprometidos com o bem comum. Também viajei pelo Rio Grande afora. Visitei Estados e países do Mercosul. Conheci gente que faz das dificuldades o combustível para sobreviver em vários lugares e sotaques.
Reclamar faz parte da índole do brasileiro. “Olhar para baixo” para observar quem tem menos não é conformismo ingênuo. É enxergar nos menos aquinhoados a inspiração para descobrir, afinal, qual é o segredo para superar problemas. É uma espécie de laboratório de sobrevivência onde se reinventar é vital para manter-se em pé.
A solidariedade que aflora espontaneamente em todos os lugares comprova que a virtude é o caminho para a superação dos problemas. Ignore os “tramposos”. Aqueles que exploram crianças nas sinaleiras. Ou quem desvia dinheiro público para outros fins que não o combate à pandemia. Aqueles que preferem o brilho dos holofotes para afagar seu ego.
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Foque naqueles que olham para frente e para cima. Inspire-se naqueles que acreditam que estar vivo é uma dádiva. Não se trata de filosofia piegas. É a valorização do que temos em detrimento daquilo que gostaríamos de ter. Acredite: temos muito!
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