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Estamos à altura de Santa Cruz?

Setembro e dezembro são meses muito especiais para Santa Cruz (do Sul). Tudo começou quando neste lugar foi criada uma colônia, por decisão do governo da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, para nela estabelecer famílias de fala alemã. Em 2024 será ano de jubileu dos 175 anos dessa iniciativa, que se revelou muito bem-sucedida. Tanto que, nem bem 30 anos após o início da vinda de imigrantes, Santa Cruz pôde se emancipar de Rio Pardo em 28 de setembro de 1878.

Este foi apenas o começo de sua prosperidade. Seu engrandecimento vem sendo construído com a participação de mais etnias – todas merecem ser enaltecidas –, sem desmerecer, sem menosprezar a enorme contribuição de milhares de imigrantes alemães e de seus descendentes. Em Menezes se lê que, em 1881, já eram em torno “18 mil almas”.

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Um olhar atencioso se faz necessário, pois “Pessoas que não olham para o passado, não cultivam consideração para com seus antepassados, também não pensarão no porvir”, alerta o filósofo britânico-irlandês Edmund Burke. E isso vale para todas as etnias.

Assim também, pessoas que não cultivam amorosidade para com seu lugar de viver, não se comprometem, nem com o passado, nem com o presente, muito menos com o futuro do lugar. Urge cultivar mais nosso pertencimento a Santa Cruz, posto que inseridos estamos neste município que é fruto de uma história de muitos empenhos, de união por causas comuns.

Aqui me reporto ao primoroso texto de Romeu Neumann de 14 de agosto na Gazeta do Sul: “Estamos à altura da Catedral?”, e eu faço coro: estamos à altura de Santa Cruz? Inquietações se impõem diante da fantástica obra de nossa catedral, cuja construção foi possível por existência de um dos legados mais preciosos dos antepassados e promotor de progresso – o espírito comunitário. E que requer o fortalecimento desse espírito para sua reforma.

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Neumann fala desse comprometimento e de ações que se revelaram em tantas outras iniciativas comunitárias e fazem Santa Cruz ser especial. E, hoje, diante da necessidade de manutenção de nosso símbolo máximo de fé e espírito comunitário, em véspera de jubileu de Santa Cruz, precisamos, mais do que nunca, valorizar este e outros legados.

As inquietudes de Neumann são também minhas e de muitas outras pessoas. Também o conhecido pesquisador, professor, historiador Arthur Blasio Rambo, em uma entrevista concedida há pouco ao jornal Gazeta do Sul, sobre as celebrações do ano vindouro, muito a propósito nos alerta para “O aspecto mais fundamental e que não pode ser ignorado é o que eles (os alemães) trouxeram para cá e o que permanece até hoje dentro de nosso contexto”.

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Pensando nas palavras de Neumann e de Rambo, considero que precisamos focar na valorização e no cultivo do legado cultural dos imigrantes como um dos objetivos fundamentais na organização das celebrações; precisamos promover eventos que levem à revalorização e à integração mais constante desse legado em nosso meio.

Preservar, cultivar a língua alemã, a união de esforços por causas comunitárias; o espírito associativo, a formação educacional, as orações, a arquitetura, o cultivo da terra, de árvores e flores, a música, as danças, os cantos, a culinária, a literatura, os ofícios trazidos, e tantos outros. Tudo isso requer iniciativas que assegurem sua presença de forma continuada na vida das comunidades.

A valorização e o cultivo da herança cultural de Santa Cruz não somente são valiosos para sua identidade histórica, como também para o fortalecimento do pertencimento e de uma prosperidade diferenciada, tanto para a vida pessoal e social quanto para a economia e o turismo.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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