Quando o novo coronavírus tornou-se motivo de preocupação e motivou o fechamento ou restrição do funcionamento da maioria das atividades da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), poucos acreditavam que a pausa duraria tanto tempo. E menos ainda que a realidade seria tão diferente quando o aguardado retorno fosse anunciado.
Um dos setores da universidade que retornaram no último dia 24 de junho – ainda que nunca tenha interrompido totalmente suas atividades – foi o Serviço Integrado de Saúde (SIS), clínica-escola que abriga e é local de estágio de acadêmicos dos cursos de Medicina, Enfermagem Nutrição e Psicologia. Este último é o curso mais afetado pelas restrições, pois conta com mais de 30 estagiários, que atendiam mais de 200 pacientes. Um desses estagiários é Jorge Luiz Soares Paz, 56 anos, que atualmente cursa o décimo semestre de Psicologia e realiza seu estágio curricular obrigatório no SIS.
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Jorge conta que o momento, agora, é de adaptação às novas regras. Na chegada ao local, a primeira novidade: é necessário fazer um check-in, um registro de entrada através do aplicativo Saúde Cidadão, desenvolvido pela Imply Tecnologia. Na sequência, um funcionário do setor verifica a temperatura e solicita que as mãos sejam higienizadas com álcool em gel, disponível no local.
Caso a medição de temperatura aponte mais do que 37,8 graus, ou sejam identificados outros sintomas, a pessoa é encaminhada para consulta no ambulatório montado junto ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), onde será acolhida por professores e acadêmicos de Medicina.
Os atendimentos psicológicos realizados no SIS estão retornando aos poucos, de acordo com a capacidade do local após as adaptações que foram necessárias. “Notamos que com o retorno das pessoas para os atendimentos, elas têm muitas demandas, muitas coisas para falar após tanto tempo. Uma sessão de 50 minutos passa rapidamente, quando nos damos conta já está acabando”, revela Paz.
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Jorge explica que, inevitavelmente, as pessoas têm muitas coisas para contar a respeito da quarentena, do isolamento social e das novas dificuldades enfrentadas. “Percebemos que o pessoal está bastante angustiado, tem sido um retorno difícil.”
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Traçando um paralelo entre a antiga e a nova rotina, muita coisa mudou. “Antes, fazíamos as coisas naturalmente aqui dentro. Agora, o único momento em que tiramos a máscara é quando estamos sozinhos na sala de atendimento. É uma sequência de protocolos e temos de estar sempre nos cobrando”, conta Paz, afirmando que a adaptação à nova rotina tem sido a maior dificuldade. “Eu digo que é um ritual, essa coisa de estar o tempo todo se cuidando, entrar na sala, higienizar tudo antes e depois dos atendimentos usar a máscara e trocá-la de duas a três vezes por dia, e permanecer com as janelas abertas em dias frios”, finaliza.
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Em um momento que muita coisa passou a ser virtual – o que até trouxe alguns benefícios –, Jorge acredita que a tecnologia ajuda, mas não substitui o presencial.
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Adaptação tem sido a principal dificuldade
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Ansiedade, tensão, apreensão, insegurança e muitas dúvidas. Esses foram alguns dos sentimentos e sensações experimentados pelos estudantes da Unisc nesse retorno às atividades práticas. A acadêmica de Fisioterapia Joana Goes, 22 anos, conta que o planejamento e as ações executadas pela universidade ajudaram a encarar o novo desafio com melhor preparo. “Foram realizadas algumas reuniões com professores e capacitações que nos acalmaram bastante, assim como a conversa com uma psicóloga para nos auxiliar nesse processo.” Dessa forma, foi possível ter uma ideia dos recursos disponíveis e das medidas que seriam necessárias na retomada dos procedimentos.
Na Clínica de Fisioterapia da Unisc, onde faz seu estágio durante as manhãs, Joana, a exemplo de Jorge, afirma que houve diversas mudanças na rotina. Além do check-in no aplicativo e aferição de temperatura na entrada do prédio, para atender os pacientes é necessário utilizar um aparato de segurança que envolve máscara, jaleco, luvas e também um jaleco descartável que cobre toda a parte superior do corpo. Por fim, um protetor facial. Ao final de cada atendimento, todos os materiais utilizados e superfícies devem ser higienizados, o que reduziu de três para duas a quantidade de pessoas atendidas por turno.
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Também acadêmico de Fisioterapia e colega de Joana, Leonardo Dias, 23 anos, conta que além da adaptação aos novos protocolos, os quais exigem bastante atenção, a principal dificuldade é a resistência dos pacientes em cumprir as determinações.
“Muitos não acreditam na pandemia, muitos acham que os cuidados não são essenciais. Isso acaba preocupando tanto os estagiários quanto funcionários e outras pessoas que estão no ambiente da clínica”, afirma o estudante. Segundo ele, exigir que as pessoas obedeçam às regras é um processo delicado e alguns acabam não aceitando, o que torna o trabalho mais difícil.
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