A secretária da saúde, Arita Bergmann, autorizou, nesta segunda-feira, 12, a criação do Centro de Operações de Emergências (COE) das arboviroses – dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela –, doenças virais transmitidas por mosquitos, principalmente o Aedes aegypti.
Nesta última semana, foram confirmados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) 43 casos de chikungunya no município de São Nicolau, na região noroeste do Rio Grande do Sul. Dessas pessoas, 13 foram contaminadas fora do Estado e 30 em território gaúcho (autóctones). Em comparação, durante todo o ano de 2020, no Rio Grande do Sul foram confirmados 12 casos, nenhum autóctone.
Também a dengue teve um aumento de confirmações nos últimos dias, especialmente em municípios das coordenadorias regionais de saúde (CRS) 11ª (Erechim), 12ª (Santo Ângelo), 13ª (Santa Cruz do Sul) e 16ª (Lajeado), além de dois óbitos (em Erechim e Santa Cruz do Sul). Entre os casos registrados neste ano, 97% são autóctones.
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Nesta semana está programada a publicação de novo boletim epidemiológico divulgando os últimos casos. “Não podemos desconsiderar a gravidade da dengue, da chikungunya e das outras arboviroses por causa da Covid. O Estado vive uma segunda epidemia, tão grave quanto a Covid”, disse a secretária Arita.
A chefe da Divisão de Vigilância Ambiental, do Cevs, Aline Campos, explicou que muitas ações contra o mosquito Aedes aegypti foram suspensas ou reduzidas em função da pandemia de Covid-19. Isso pode ter agravado a situação atual dos índices de infestação do inseto, assim como favoreceu diagnósticos tardios.
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O COE será formado para auxiliar os municípios por meio de capacitações de vigilância, reuniões, sensibilizar a rede de atenção à saúde quanto à vacina da febre amarela, do diagnóstico correto e da notificação oportuna, entre outras ações. Será produzido pela equipe técnica da Secretaria da Saúde um guia prático aos municípios de como qualificar os serviços e a prevenção dessas doenças, agregando sugestões de estratégias bem-sucedidas.
De acordo com a responsável pelo programa das arboviroses do RS, Cátia Favreto, foram registrados, neste ano, 116 notificações de suspeita de chikungunya em São Nicolau, algumas ainda em investigação, o que pode aumentar o número de confirmados nos próximos dias. “Não havia circulação do vírus naquela região, então provavelmente chegou ao Estado trazido de fora”, informou Cátia.
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A febre chikungunya é transmitida pelo mosquito Aedes aegytpi, mesmo transmissor da dengue. A doença causa dores crônicas nas articulações, que podem levar meses ou anos para desaparecer. As medidas ambientais de controle do mosquito, como mutirão de eliminação de possíveis focos do Aedes, já foram realizadas em São Nicolau e municípios vizinhos.
Por esse motivo, Cátia acredita que o surto deverá ficar restrito àquele local, o que não exime os outros municípios e toda a população a também realizarem a limpeza frequente de suas casas e pátios, retirando a água acumulada em pneus, vasos de plantas, poças etc. “São exatamente as mesmas medidas que tomamos para evitar a dengue”, ressaltou a especialista em saúde.
A Secretaria da Saúde reforça a necessidade de todos os moradores do Rio Grande do Sul, com idade entre nove meses e 59 anos, se vacinem contra a febre amarela. O vírus está circulando no Estado “provavelmente desde dezembro ou janeiro, vindo de Santa Catarina”, de acordo com o biólogo do Cevs Marco Antonio Barreto de Almeida.
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O que sinaliza a presença do vírus é encontrar macacos mortos pela doença. “Quando a febre amarela chega a um local, normalmente morrem muitos macacos. A doença tem alta letalidade”, disse Almeida.
“Estamos registrando uma grande mortandade de bugios na região da Serra. Foi encontrado um macaco morto positivo para febre amarela pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre na área rural”, acrescentou. Almeida ressaltou que os macacos não transmitem o vírus, apenas os mosquitos. “Devemos nos vacinar e proteger os primatas”, reiterou o biólogo.
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