Ouvindo programas eleitorais, locais e de outros municípios; acompanhando os discursos e as promessas, é possível perceber que os políticos buscam para si a responsabilidade do futuro. É preciso votar neles, porque vão fazer os nossos dias melhores; é preciso votar neles, porque os outros tornarão os nossos dias piores. Tudo está nas mãos deles. Errados! Está nas nossas mãos. Quem tem o poder de voto e de veto é o eleitor. É, na prática, o único momento em que cada cidadão tem o mesmo valor: um voto. O peso é o mesmo, indiferentemente se você é da periferia, do Centro, do interior ou do bairro nobre.
É por ter essa ciência de que é um momento ímpar, que deve ser feita grande reflexão do eleitor. Tem que ser mostrado que não estamos apenas conformados e tanto faz quem esteja nas prefeituras e nas Câmaras. É a hora de contrariar Pan y Circu, de Los Muertos de Cristo. Eles cantaram “sou um escravo do trabalho, o que é que posso fazer? Desde pequeno me educaram a ser submisso, a obedecer; para ser um homem correto, sem direito e sem conhecimento, um marionete a serviço do poder”.
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Certamente, incrédulos com a política-partidária, muitos deixarão de votar, outros tantos digitarão na urna um número qualquer. Mas que tipo de cidadão é esse que entrega para os outros a responsabilidade do seu futuro? As mulheres lutaram tanto para votar, e conseguiram esse direito; muitos brasileiros morreram para voltar a ter essa possibilidade, e conseguiram esse direito. E quando está nas nossas mãos vamos entregar a outros? Chegou o momento de relembrar a milhares de integrantes da escola de samba Império Serrano que, em 1996, bradou na avenida: “Não foge à luta, vem lutar. Então verás um dia o cidadão e a real cidadania”.
Mas por que o assunto da coluna é política e eleição? As pessoas estão estupefatas de tantos anúncios nas emissoras de rádio e televisão, já não aguentam mais os windbanners atrapalhando nas calçadas, além do monte de panfleto colocado nas caixas de correio, sem contar a quantidade de apertos de mãos e afagos de algumas pessoas que dão as caras de quatro em quatro anos. Esse é o último texto antes do dia da eleição – na próxima semana, Benno Bernardo Kist ocupa este espaço – e não posso furtar-me de repetir o que cantaram os Titãs: “É seu dever manter a ordem. É seu dever de cidadão. Mas o que é criar desordem, quem é que diz o que é ou não?”.
Assim, como repetia o jingle da campanha de Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e em 1998, está “na sua mão, na minha mão, na mão da gente” e “levante as mãos e vamos lá”. Cada voto importa, cada ideia é importante, cada opinião deve ser respeitada, cada promessa avaliada, sob pena de ver o futuro de outros andar de forma mais brilhante do que o nosso.
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