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agricultura

Está faltando mão de obra qualificada para trabalhar nas lavouras de tabaco

Foto: Rafaelly Machado/Banco de Imagens

Entidade exige presença nas discussões da COP

Os produtores de tabaco têm enfrentado um problema que se agrava ano a ano. Está cada vez mais difícil achar pessoas com qualificação para fazer o manejo, tanto em plantação quanto em colheita. Seguindo a antiga regra da oferta e demanda, quem sabe trabalhar valoriza o passe, o que acaba resultando em aumento dos custos.

O tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Rurais de Santa Cruz do Sul (STR), Sérgio Luiz Reis, afirma que a mão de obra chega a representar 55% da produção, mesmo que, muitas vezes, seja feita por integrantes da família. As diárias, definidas em função da escassez de profissionais, variam de R$ 100,00 a R$ 110,00 e podem chegar a R$ 200,00, dependendo do local e da época. “Uma das dificuldades é causada pelo fato de que os filhos dos produtores, menores de 18 anos, são proibidos de acessar a lavoura. Assim, acabam desestimulados e partem para o trabalho no meio urbano”, aponta.

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À problemática da sucessão familiar, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Carlos Joel da Silva, acrescenta o fato de que os produtores têm menos filhos. “As famílias estão menores. Acabou o tempo em que tinham 10, 12 filhos”, enfatiza. Entende, também, que se trata de um trabalho braçal cuja rentabilidade nem sempre compensa. “A solução acaba sendo levar as pessoas da cidade para o meio rural, mas elas não têm a técnica necessária”. Enquanto não aprendem, apresentam dificuldades. “O safreiro, muitas vezes, nem sabe qual folha de tabaco deve ser colhida”, alerta o presidente do Sindicato Rural de Venâncio Aires, Ornélio Sausen.

O fato de ser uma ação manual minimiza o interesse dos mais jovens. “Existe máquina para colheita, que pode operar o dia inteiro. Mas o tabaco tem que estar bem em pé, o terreno precisa ser plano e a mecanização é muito cara”, cita. Acredita que quem planta até 50 mil pés não consegue bancar o investimento.

Werner observa que há linhas de crédito para máquinas: decisão deve ser bem pensada | Foto: Inor Assmann

Já o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, entende que a mecanização, quando pode ser aplicada, é bastante interessante para o produtor, pois reduz expressivamente a necessidade de pessoal. “Há empresas que financiam alguns equipamentos para os fumicultores, com valores que eles conseguem pagar”, conta. Alerta, porém, que é um investimento que deve ser pensado, pois é sazonal. “Existem produtores mais jovens que, feita a colheita, vão para as fumageiras como safreiros, porque a demanda é bastante alta”, acrescenta.

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O gargalo não é uma exclusividade da fumicultura. O presidente do STR Santa Cruz, Renato Goerck, observa o envelhecimento das pessoas que atuam em todos os segmentos do meio rural, sem a continuidade dos filhos. A tecnologia é vista como opção, mas dificultada na cadeia do tabaco. Outras alternativas, sugere, são a troca de serviços com vizinhos – quando as famílias unem-se para fazer o trabalho em uma propriedade e depois em outra – e a contratação de equipes. Essa ideia de permuta comunitária de mão de obra também é citada por Werner. “É possível fazer isso até de forma mais ampla, envolvendo mais famílias”.

Sausen e Silva concordam que a dificuldade é grande e deve aumentar ainda mais. “A tendência é piorar, porque as pessoas aprendem, conseguem um serviço na cidade e não voltam para o meio rural. Volta o pessoal mais novo, que deve ser ensinado novamente”, explica Sausen. “Para amenizar esse problema, só com políticas públicas de valorização do agricultor para manter os filhos na atividade. Não vejo outras formas”, diz Carlos Joel.

Contratar empreiteiras foi a solução

Morador de Linha Portão, em Rio Pardo, Moacir Kappaun é um exemplo que foge à regra. Ele tem 28 anos e vem dando sequência ao trabalho do pai, Hilário. Ambos plantam e colhem tabaco e milho na propriedade de 16 hectares. Para isso, utilizam o serviço disponibilizado por empreiteiras. Ajudando as equipes, eles conseguem baixar o custo, porque agilizam o processo, e garantem trabalho de qualidade.

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Moacir Kappaun (de azul) e seus familiares adotam há oito anos os serviços de empreiteiras: alternativa agiliza o trabalho na lavoura

Atualmente, investem entre R$ 120,00 e R$ 160,00 em diárias por safreiro, utilizando a mão de obra por cerca de 30 dias intercalados na colheita. “Levando-se em consideração o preço do tabaco, é um valor muito alto”, queixa-se Moacir. Mesmo assim, tem mantido a forma de contratação há pelo menos oito anos.

Quando algum dos profissionais apresenta dificuldade em determinada função, é direcionado para outra área, já que há opções para isso. É uma forma encontrada para evitar o alto custo de adaptar a terra para a possibilidade da utilização de maquinários, além do fato de que as máquinas costumam ser caras.

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O presidente da Afubra, Benício Werner, vê essa modalidade de contratação como uma possibilidade. “As ditas empreiteiras levam o pessoal, buscam, acaba não havendo envolvimento do produtor. Claro que dessa forma encarece para o fumicultor, mas agiliza e atende a sua necessidade”, avalia.

Aposta no maquinário

A família Sehn, de Vila Arlindo, em Venâncio Aires, planta cerca de 120 mil pés de tabaco, em aproximadamente oito hectares. Os filhos Leandro e Lígia dão sequência aos trabalhos dos pais. Eles investiram na aquisição de estufa de ar forçado, estufa contínua e implementos, como a máquina de plantar e colher. “Isso ajuda muito em questão de ergonomia e na substituição de mão de obra no período de plantação”, destaca Lígia.

Com o maquinário, ela ressalta que foi possível substituir três pessoas. “Hoje, só meu irmão e eu plantamos os 120 mil pés”, afirma. Conta que a aquisição vai além da modernização da propriedade. É uma forma de facilitar o dia a dia, porque a mão de obra está cada vez mais difícil.

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Com tecnologia, família de Vila Arlindo dispensa mão de obra, que é rara de encontrar

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