Desde 2009, a biomédica Taís Silveira Assmann costumava vir todas as semanas de ônibus de Porto Alegre, onde mora e cursa doutorado, para visitar familiares. A rotina era a mesma de muitos santa-cruzenses que trabalham ou estudam na Capital: pegava a estrada na tarde de sexta e retornava na noite de domingo ou na manhã de segunda.
Recentemente, porém, ela resolveu aumentar o intervalo entre as viagens, que passaram a ser quinzenais. O motivo: o preço da passagem, que vem subindo acima da inflação nos últimos anos.
Atualmente, segundo consulta às páginas das estações rodoviárias na internet, a tarifa para o trecho entre Santa Cruz e Porto Alegre varia entre R$ 37,85 (na modalidade comum) e R$ 44,35 (na modalidade direto), considerando o preço com o seguro opcional. Isso significa que apenas ir e voltar da Capital hoje pode custar perto de R$ 90,00 por pessoa. Os valores são diferentes de acordo com os horários. Quando a passagem é comprada pela internet, ainda são incluídas taxas de serviço administrativo.
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Dados fornecidos pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) mostram que, entre 2014 e 2016, o valor passagem subiu 32,06%. O último reajuste foi em setembro do ano passado. Somente em 2014 foram dois reajustes, um em janeiro e outro em agosto. Nesse mesmo período, a inflação acumulada foi de 25,94%, se considerado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e 22,84%, se considerado o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).
Para quem precisa pegar a linha com frequência, o impacto no bolso é significativo. No caso de Taís, ela calcula que gasta em torno de R$ 180,00 mensalmente apenas com passagens, considerando duas vindas a cada 30 dias. O que chama a sua atenção é a elevação no preço nos últimos anos. “Quando comecei a vir a Porto Alegre, comprávamos duas passagens com menos de R$ 50,00. E hoje esse preço é bem superior”, comenta. Além disso, na sua opinião, as melhorias no serviço não acompanharam a evolução do valor. “Especialmente quando preciso usar algum horário semi-direto, o serviço não justifica o aumento. Mas se o preço fosse mais acessível, não me importaria em pagar”.
A EVOLUÇÃO
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OS REAJUSTES
OS PREÇOS HOJE
Fontes: Daer e Estação Rodoviária de Santa Cruz do Sul
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ÍNDICES
O QUE DIZEM
Os reajustes nas tarifas de ônibus intermunicipais são aprovados pelo Conselho de Tráfego do Daer e homologados pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos Delegados (Agergs). Por intermédio da assessoria de comunicação, o Daer alegou que a atualização da planilha tarifária leva em consideração a evolução dos custos do setor de transporte nos 12 meses anteriores, incluindo itens como material rodante, chassis, carroceria, óleo diesel e lubrificantes e mão de obra, “aplicando-se as devidas taxas e carga tributária”.
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Já a concessionária responsável pela linha, a Viação União Santa Cruz, informou que não tem qualquer envolvimento com a fixação das tarifas, mas alegou que o preço praticado é necessário para cobrir o custo. “Se o preço fosse mais baixo, não pagaria o serviço”, disse Márcia Schuster, do setor de tráfego da empresa.
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