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“Essas tentativas de censura vão continuar”, afirma o escritor Jeferson Tenório

Em março deste ano, o escritor Jeferson Tenório viu a obra O avesso da pele envolvida em uma polêmica desencadeada em Santa Cruz do Sul. Nas redes sociais, a diretora da Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira, Janaína Venzon, exibiu um exemplar do livro e narrou trechos específicos. Ele foi utilizado para fazer críticas ao governo federal por adquirir uma obra com “vocabulários de tão baixo nível” e enviá-la às escolas para ser trabalhada com alunos do Ensino Médio.

Janaína pediu ao Ministério da Educação (MEC) que “buscasse” os 200 exemplares enviados à instituição. Também foi taxativa ao afirmar que os professores e a escola não escolheram a obra literária, e sim o MEC. “Vindo ainda de um governo federal, é muito nojento. Que país é esse?”, perguntou.

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Lançado em 2020, o livro se destacou ao abordar por meio da ficção questões raciais, negritude e violência. Em 2021, passou a integrar o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), responsável por distribuir obras às escolas públicas, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. No mesmo ano, conquistou o Prêmio Jabuti, na categoria romance literário.

Após a publicação, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação, por meio do titular, Luiz Ricardo Pinho de Moura, orientou que o livro fosse retirado das bibliotecas escolares. A diretriz foi suspensa no dia seguinte pela Secretaria Estadual da Educação.

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Enquanto o vídeo circulava pela internet, a Companhia das Letras compartilhou o documento comprovando que a escola havia escolhido o livro, diferentemente da justificativa apresentada pela diretora. Já o MEC frisou, em nota, que os professores escolhem os materiais a serem adotados em sala de aula, e não a pasta.

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Atos em defesa de Tenório e de O avesso da pele começaram a ocorrer em todo o Brasil. Inclusive em Santa Cruz, do qual o escritor participou por videochamada. “A defesa ao livro foi fundamental para impedir que outros estados começassem a aderir à censura”, disse o autor, em entrevista à Gazeta do Sul.

o avesso da pele
Criticado pela diretora da Ernesto Alves de Oliveira, livro premiado gerou manifestações | Foto: Divulgação / Redes Sociais
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Dias após as primeiras publicações de Janaína, a busca por cópias aumentou. Somente na Amazon, as vendas subiram 1.400%, incluindo as edições físicas e digitais (e-book). Diante da repercussão nacional, as Secretarias da Educação de Mato Grosso do Sul, do Paraná e de Goiás recolheram os exemplares das escolas estaduais. Entre as justificativas, citaram a presença de trechos inadequados ou impróprios para menores de 18 anos. No mês seguinte, os livros voltaram para as estantes.

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Apesar da controvérsia, O avesso da pele segue conquistando espaços. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) incluiu o romance entre as leituras obrigatórias no vestibular. Em maio, serviu de base para uma atividade do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Willy Carlos Fröhlich (Polivalente). Ao longo de todo o primeiro trimestre, os estudantes do terceiro ano leram e debateram a escrita, que elogiaram.

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“O Avesso da Pele foi censurado em Santa Cruz”, diz autor do livro

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Além disso, o livro foi adaptado para o teatro, que recebeu 5 mil pessoas em três dias de exibição. E uma produção cinematográfica deve ser filmada em Porto Alegre ainda neste ano. Passados três meses do caso, o escritor Jeferson Tenório voltou a conversar com a Gazeta do Sul. A entrevista pode ser lida na página 3 do Magazine

Sobre contraponto

A Gazeta do Sul entrou em contato com a diretora da escola Ernesto Alves, Janaína Venzon, mas ela preferiu não se manifestar.

Também foi oferecido contraponto ao coordenador da 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, que não se pronunciou. A Gazeta mantém o espaço aberto para contraponto de ambos a respeito do caso.

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