A Polícia Civil investiga um caso de injúria racial que teria acontecido em Santa Cruz do Sul há uma semana, na última quinta-feira, às 19h15, durante partida de basquete entre jovens na quadra que fica no interior do Parque da Oktoberfest, próximo ao portão que dá acesso à Avenida Independência. Um adolescente de 17 anos alega ter sido vítima de ofensas racistas e de agressões por parte de dois homens que estavam jogando com ele no local.
Em entrevista à Gazeta do Sul, o adolescente, que preferiu não revelar seu nome, desabafou. “Espero que Santa Cruz faça justiça, faça algo depressa, pra mobilizar todo mundo. Esse tipo de coisa não deve mais acontecer. Somos todos iguais, seres humanos, independente da cor da pele ou de qualquer outra coisa, e precisamos nos unir“, disse o rapaz, que é ogã no Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum, em Santa Cruz do Sul – ou seja, toca tambores para evocar os espíritos.
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Além disso, aos finais de semana, ensina crianças a aprender essa atividade. Segundo ele, no momento do fato, ocorria um jogo de basquete. Houve um desentendimento entre ele e outro homem durante uma jogada, que para um era falta e para o outro, não. Segundo o adolescente, o mesmo rapaz envolvido nessa jogada chamou sua irmã, que não estava no local, de palavras de baixo calão.
Depois, um outro jogador deu um tapa no braço do rapaz de 17 anos, que também foi agredido com um soco no olho direito, causando uma lesão no supercílio. O adolescente fugiu para longe e ouviu o autor das agressões chamá-lo de macaco. “Temos mais testemunhas que ouviram. Na saída do Parque da Oktoberfest, encontrei uma viatura da Brigada Militar e logo depois fui registrar o caso na delegacia. Na hora, foi algo que me deixou totalmente sem ação, me pegou de surpresa”, comentou.
Morador do Centro, o rapaz foi até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), acompanhado da mãe. Às 22h40 de quinta, foi registrada uma ocorrência de lesão corporal, com o fato complementar de injúria discriminatória. Solicitou-se ainda que o adolescente fizesse um exame de corpo de delito, para acrescentar no procedimento de investigação da Polícia Civil.
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Líder espiritual do Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum, o babalorixá Antônio Rogério de Souza, o Pai Antônio, salientou a importância de combater os casos de ofensas racistas. “Além de ser o nosso ogã, esse menino ajuda outras crianças a buscar o conhecimento dos tambores, participa da capoeira, ele é exemplar. Precisamos enfrentar o racismo. Não podemos suportar mais as tristezas do passado vividas por nossos avós e bisavós negros, que sofreram com tanto preconceito”, comentou o Pai Antônio.
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