Depois de um período de aparente tranquilidade no segundo semestre de 2021, com bons indícios de que a pandemia estava superada, a variante Ômicron do coronavírus foi descoberta e tornou o cenário novamente duvidoso. Apesar de o Brasil não estar enfrentando disparada no número de casos e internações, como tem ocorrido em alguns países da Europa, os especialistas recomendam cautela para que a situação não volte a piorar.
Para o doutor em epidemiologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Paulo Petry, a confiança que a população adquiriu nos últimos meses precisa ser conduzida com calma. “Infelizmente, com o surgimento dessa nova cepa, há um sinal de alerta, e nós vivemos hoje um cenário de incertezas”, disse em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9. Para o especialista, a imunização avançada da população, com dois a cada três adultos já com o esquema completo, é um dos fatores que ajudam a frear o avanço da Ômicron. “Hoje nós não temos como projetar o futuro, mas eu tenho fé de que se as pessoas continuarem se cuidando e atendendo à ciência na questão da vacinação, teremos o fim da pandemia neste ano de 2022”, ressaltou.
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Segundo Petry, os motivos que explicam o sucesso do Brasil em conter a nova cepa são, além da imunização, as medidas de segurança ainda seguidas pela população, como uso da máscara, higienização das mãos e ventilação dos ambientes. “Há de se considerar que na Europa eles já haviam abolido essas medidas. E é natural que, infelizmente surgindo uma nova variante, ela ocupasse o seu espaço e infectasse mais pessoas”, explicou. Além desses cuidados, o epidemiologista pede que a população busque o reforço assim que possível. Diferente da Delta e da Gama, a Ômicron tem uma capacidade nunca antes vista de superar a proteção das vacinas. Por isso, é muito importante que as pessoas recebam a dose adicional.
Apesar de considerar difícil qualquer tipo de previsão, Paulo Petry acredita que, com o tempo, a Covid-19 se tornará uma doença endêmica, como as gripes sazonais. “Serão alguns casos, com pouca mortalidade, pouca repercussão em termos de internações e vacinas provavelmente anuais”, salientou. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem argumentando há algumas semanas, o especialista alerta que a baixa cobertura vacinal em diversos países, em especial no continente africano, contribui para o surgimento de novas variantes e o consequente prolongamento da pandemia.
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicaram um estudo sobre vacinas contra a Covid-19 usadas no Brasil, mostrando que elas aumentam a proteção contra o SARS-CoV-2 em quem já teve a doença previamente. O trabalho foi publicado em formato preprint no site Medrxiv, o que significa que ainda precisa ser revisado por outros cientistas. Os pesquisadores avaliaram 22.565 indivíduos acima dos 18 anos que tiveram dois testes de RT-PCR positivos e 68 mil que tiveram teste positivo e depois negativo, entre fevereiro e novembro deste ano.
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Segundo o artigo, a vacinação com as duas doses de AstraZeneca, Pfizer e CoronaVac, ou com a dose única da Janssen, foi capaz de reduzir reinfecções sintomáticas e casos graves da doença em quem já a havia contraído antes. A pesquisa mostrou que, quando a vacina requer duas doses, a aplicação da segunda de fato elevou o nível de proteção contra reinfecções nos indivíduos estudados.
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Principal pesquisador responsável pelo estudo, Julio Croda, da Fiocruz Mato Grosso do Sul, explica que a análise contou com a base nacional de dados sobre notificação, hospitalização e vacinação e confirma a necessidade de completar o esquema vacinal mesmo em quem já teve Covid-19. Ele citou que alguns países recomendam somente uma dose para quem já teve a doença, por acreditar que os pacientes já contam com anticorpos. “Esse tipo de avaliação de efetividade na vida real mostra que há um ganho adicional com a segunda dose. É um ganho substancial contra as formas graves”, observou.
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Ao analisar os dados, os pesquisadores descobriram que, após a infecção inicial, a efetividade contra doença sintomática 14 dias após o esquema vacinal completo é de 37,5% para a CoronaVac, 53,4% para a AstraZeneca, 35,8% para a Janssen e 63,7% para a Pfizer. Já a efetividade contra hospitalização e morte, também após 14 dias da aplicação, é de 82,2% com a CoronaVac, 90,8% com a AstraZeneca, 87,7% com a Pfizer e 59,2% com o imunizante da Janssen.
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