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Especialista alerta foliões para números preocupantes de infecções transmitidas no sexo

O Carnaval é um dos períodos mais aguardados por milhares de brasileiros. Momento de descontração, de comemoração e de feriadão de quatro ou até cinco dias para muitos. Na região não é diferente. Bailes, festas, desfiles e grandes concentrações de pessoas marcam a data. Com tantas possibilidades, o risco de se ter contato com alguma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) é alto.

De acordo com a Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo (VTRP), desde 2016, o Brasil e outros países passaram a utilizar a terminologia “Infecções Sexualmente Transmissíveis” em substituição à expressão “Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)”. A atualização da sigla destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção mesmo sem sinais e sintomas de uma doença.

Dentre as ISTs mais temidas está a Aids. Segundo a Unimed, dados de 2016 do Ministério da Saúde mostram que a maior incidência da síndrome está entre jovens de 25 a 39 anos no Brasil. Por isso, para reforçar a necessidade de atenção e prevenção, a Unimed conversou com a especialista em Medicina de Família e Comunidade, médica Silvia Regina Dartora. Nas perguntas e respostas abaixo, Silvia, que atende no Espaço AIS, traz dados sobre a situação das ISTs no Estado e no País, informações sobre cuidado e prevenção, além de indicações específicas sobre o uso correto de preservativos.

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Unimed VTRP – Quais os principais riscos aos foliões que insistem em relações inseguras, sem camisinha?

Silvia Dartora – Gravidez indesejada e ISTs. É sempre importante lembrar que o uso de contraceptivos, como as pílulas anticoncepcionais, evita somente a gestação, devendo estar associado ao uso da camisinha, para evitar a infecção por alguma IST. Existem várias doenças que podem ser transmitidas pela relação sexual sem proteção, mas as maiores preocupações sempre são a AIDS, as hepatites e o HPV (vírus que atinge a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões percursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus).

Unimed VTRP – O preservativo masculino é o mais famoso, mas atualmente muitas mulheres carregam consigo também a camisinha feminina, como forma de empoderamento e também de aumento na proteção. A eficácia destes dois métodos é garantida?

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Silvia Dartora – Tanto a camisinha feminina como a masculina são eficazes, desde que usadas corretamente. Ambas são distribuídas gratuitamente pelo Ministério da Saúde e podem ser buscadas nos postos de saúde. É importante lembrar que as duas não podem ser usadas juntas, pois isto não aumenta a eficácia. O casal deve optar pelo uso de preservativo masculino ou feminino.

Unimed VTRP – Quais cuidados devem ser tomados pelos foliões para garantir que a camisinha seja usada corretamente?

Silvia Dartora – A camisinha deve ser usada em todas as relações sexuais, não podendo ser reaproveitada. No caso da masculina, o mais importante é garantir que, na hora de colocá-la, o pênis esteja ereto e que não fique ar dentro do preservativo, caso contrário ele pode romper no momento da ejaculação. Quanto à feminina, a mulher deve conhecer o seu corpo e saber como usar adequadamente. A vantagem é que ela pode ser colocada antes da festa.

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Unimed VTRP – A ciência cada vez parece mais próxima de encontrar métodos de combate e até de cura de doenças que já mataram milhões de pessoas em décadas recentes, como a Aids. Isto parece provocar um sentimento de “confiança” excessiva, sobretudo nos jovens, que parecem se colocar com frequência em risco. Quais os números de pessoas com Aids no RS e no Brasil?

Silvia Dartora – Segundo o Boletim Epidemiológico HIV-Aids do Ministério da Saúde de 2017, a taxa de detecção de Aids em 2016 no Rio Grande do Sul foi de 31,8 casos/100 mil habitantes, o que representa uma redução de 9,4% em relação ao ano anterior. Porém, ainda é quase o dobro da taxa do Brasil (18,5 casos/100 mil habitantes), sendo a segunda taxa mais elevada entre os estados brasileiros. Poro Alegre ainda mantém a primeira posição no Ranking de capitais com a maior taxa de detecção (65,9 casos/100 mil habitantes). Do total de casos notificados no RS desde 1980 até 30 de junho de 2017, 59,3% corresponde ao sexo masculino e 40,7% feminino. A maior concentração dos casos de Aids no RS está em indivíduos com idade entre 30 e 34 anos (17,7%), seguida pela faixa etária dos 35 aos 39 anos (15,9%).

Unimed VTRP – No ano passado, o número de pessoas infectadas com sífilis ganhou destaque nos noticiários e preocupou as autoridades. Como está a situação atualmente?

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Silvia Dartora – Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em 2017, os números continuam preocupando. Em 2015, no Brasil, a taxa de detecção de sífilis adquirida, foi de 42,7 casos por 100 mil habitantes, taxa superada pela região Sul e Sudeste. Em 2016, esta taxa ficou em 42,5 casos por 100 mil habitantes. Quanto aos estados, em 2015, por exemplo, a taxa de detecção mais elevada foi observada aqui no RS, com 88,5 casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes. Em 2016, este número cresceu para 93,7 casos a cada 100 mil habitantes. Por isso, reforçamos sempre. Usem camisinha!

Unimed VTRP – Como se prevenir das hepatites virais?

Silvia Dartora – Como as demais doenças virais, o risco de contaminação da hepatite é através do contato com sangue contaminado e nas relações sexuais. Deve-se evitar o contato com sangue, especialmente uso de seringas compartilhadas entre usuários de drogas injetáveis e usar sempre a camisinha nas relações sexuais.

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Unimed VTRP – As chances de se contrair uma IST através do sexo oral são menores do que sexo com penetração?

Silvia Dartora – A transmissão de uma IST pode ocorrer em qualquer tipo de relação sexual, seja oral, vaginal ou anal. Com relação ao sexo oral, o risco é menor, mas não pode ser descartado. Algumas situações contribuem para a infecção, como cortes na boca, machucados ou doenças nas gengivas.

Unimed VTRP – É possível estar com uma IST e não apresentar sintomas?

Silvia Dartora – Com certeza, muitas destas doenças podem estar num período de incubação ou mesmo numa fase assintomática (sem manifestação de sintomas), mas podendo ser transmitidas. O portador do vírus HIV, por exemplo, pode viver muitos anos sem manifestar nenhum sintoma de doença da AIDS, mas poderá transmitir o vírus numa relação sexual sem camisinha. Hoje, com relação a AIDS, pelo uso das medicações antirretrovirais, as pessoas vivem muito bem, sem nenhum sintoma, pois os remédios diminuem a quantidade de vírus no sangue e aumentam as células de defesa, melhorando a imunidade. Quem vê cara, não vê Aids! E isto vale também para outras doenças. Portanto, prevenção é fundamental. Preservativo sempre!

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