Categories: Regional

Especial: que tal começar a reduzir o plástico nosso de cada dia?

A reportagem ainda está nas primeiras linhas, mas o desafio já está posto. Que tal hoje (e amanhã, e depois também) fazer um balanço de quanto plástico você utiliza? Do café da manhã até a hora de ir dormir, quantas sacolas, saquinhos, canudos, garrafas e outras embalagens fazem parte do seu dia a dia? E, mais do que isso, para onde todos eles viajam após deixar a sua companhia? Será que navegam pelos oceanos, empenhados em impedir o desenvolvimento da vida marinha, ou estão perdidos na estrada mais próxima? Ou, quem sabe, encontram os caminhos da reciclagem? A resposta para qualquer uma dessas perguntas está nas suas mãos.

Mas enquanto você mergulha em uma boa reflexão, já tem muita gente com a mão na massa. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, desde o fim de 2018 uma lei municipal proíbe a utilização de canudinhos plásticos em estabelecimentos comerciais a partir de 2020. Houve, inclusive, uma tentativa para tentar proibir o uso de copos plásticos. A ideia, porém, não chegou a ser aprovada. A legião de preservadores, contudo, tem aumentado. Nas escolas, empresas e residências tem muita gente empenhada.

LEIA MAIS: Sacolas plásticas, as grandes vilãs do meio ambiente

Publicidade

Pelo bem da vida no planeta

Ao longo deste mês, uma iniciativa internacional procura despertar a consciência ambiental em muita gente pelo mundo afora: é o Plastic Free July ou o Julho sem Plástico, na tradução para o português. A campanha é desenvolvida pela Plastic Free Foundation, fundação australiana criada por Rebecca Prince-Ruiz, uma das principais ativistas ambientais do planeta. A ideia é desafiar pessoas a criarem alternativas para substituir o material. As ações, inclusive, podem ser acompanhadas e compartilhadas no site plasticfreejuly.org/.

Enquanto a ideia conquista povos de todos os cantos, em Santa Cruz tem gente apostando em alternativas ao plástico há mais tempo. A professora de inglês Ana Luiza Carpes, de 26 anos, por exemplo, decidiu aliar os cuidados pessoais aos cuidados com o meio ambiente. “Comecei a pesquisar de que forma eu poderia auxiliar na diminuição do volume desse material. Foi quando encontrei algumas coisas.”

Publicidade

Hoje Ana Luiza já deixou de comprar pilhas e pilhas de absorventes tradicionais para utilizar os ecológicos. “Comprei alguns, no início, para ir me acostumando com a ideia. Mas agora só utilizo esses”, conta a moradora do Bairro Santo Inácio. Além disso, ela também tem apostado em sacolinhas retornáveis, específicas para a compra de frutas, e ainda em escovas de dentes fabricadas com bambu, todos produtos da marca Eco Plural. “A vida útil dela é praticamente a mesma das tradicionais. Mas uma das vantagens é que depois pode ser enterrada, sem agredir o meio ambiente”, comenta a jovem.

Foto: Divulgação
Ana Luiza tem buscado produtos alternativos

 

Na onda biodegradável

Publicidade

A onda de produtos eco-friendly também busca minimizar o uso do plástico ou reduzir os efeitos nocivos dele sobre o meio ambiente. Em Santa Cruz do Sul, na rede de supermercados Miller, por exemplo, já é possível encontrar copos e pratos biodegradáveis. Os produtos chegaram há poucas semanas nas unidades e prometem “uma opção amiga da natureza” aos clientes.

Na embalagem é possível conferir alguns dos detalhes que tornam os produtos especiais. Os copos biodegradáveis podem se transformar em água, gás carbônico e biomassa. O processo de degradação, contudo, inicia-se em dois anos, considerando condições específicas de solo e temperatura. O preço, até o momento, pode ser o único obstáculo na hora da aquisição.

Enquanto a embalagem com 100 unidades tradicionais, de 200 ml, sai por R$ 6,98, o biodegradável custa R$ 10,98, com a mesma quantidade, mas capacidade de volume de 180ml. Além disso, nas lojas também é possível encontrar sacolas retornáveis para ir às compras pelo valor de R$ 4,99, a unidade.

Publicidade

Foto: Bruno Pedry
Já é possível encontrar copos e pratos biodegradáveis no mercado

 

Pelo bem coletivo

Se cada um dos 7,5 bilhões de habitantes do planeta Terra se preocupasse com o destino das famosas sacolinhas, o lixo plástico até poderia deixar de ser um grande vilão. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, de todo o rejeito recolhido pela Cooperativa de Catadores de Santa Cruz do Sul (Coomcat), cerca de 40% corresponde a sacolinhas plásticas.

Publicidade

Por mais que elas tenham conquistado fãs ferrenhos em todo o mundo, diminuir o seu emprego é algo que já deixa de ser opção. É necessário. Conforme Marilane Poeckel e Jonathan Santos, da cooperativa, a ideia da redução do uso de plástico está presente na comunidade, mas ainda encontra resistência no momento de ser colocada em prática.

“O consumo só aumenta. E no verão se produz ainda mais, devido às datas comemorativas e ao período de férias. O que a gente pede é: não querem deixar de usar plástico? Ok! Mas pelo menos façam a sua parte e o destinem para uma reciclagem correta”, comenta Marilane.

Na cooperativa, onde 52 catadores desempenham o papel de agentes ambientais, foram recicladas 929 toneladas de resíduos sólidos em 2018. Desse total, 247 toneladas foram de plástico, incluindo garrafas pet, sacolas e embalagens. Se tal volume de lixo não tivesse sido produzido pela população, mais de 32 mil de litros de petróleo teriam sido preservados.

No dia a dia, além da coleta seletiva solidária realizada pela Coomcat nas ruas de Santa Cruz, outras ideias surgem do depósito, localizado na Rua Venâncio Aires. Uma delas são as sacolas retornáveis, confeccionadas em parceria com a Clínica Antonio’s, disponíveis para compra pelo valor de R$ 15,00. Ficou interessado? Basta entrar em contato pelos telefones (51) 3902 7669 e 99524 7693.

LEIA MAIS: O que os santa-cruzenses pensam sobre a proibição de canudinhos 

O senhor dos plásticos

Desde que ganhou uma assinatura da Gazeta do Sul em um sorteio, no início dos anos 90, Luiz Antônio da Rosa, de 68 anos, sabia que a parceria seria de longa data. Há duas semanas, o leitor assíduo resolveu ajudar. Em casa, separou os saquinhos utilizados para embalar os jornais e os devolveu à empresa. “Já me peguei pensando em quais sugestões eu poderia dar à Gazeta, para entregar seus jornais. Mas aí eu também pensei, por que não devolver esses que eu recebo para que possam reutilizar?”

Há dois anos, desde que trocou o apartamento para morar em uma casa, no Bairro Castelo Branco, o aposentado procura dar uma destinação correta aos plásticos. “Em casa, eu também procuro fazer a separação entre lixo seco e orgânico, e ainda tenho procurado usar sacolas retornáveis. Já é um hábito”, comenta. De acordo com a gerente de Circulação e Marketing da Gazeta, Rochele Conrad, essa prática já é comum entre muitos leitores do jornal. Uma boa notícia!

Foto: Heloísa Poll
Luiz Antônio é um dos muitos leitores que devolvem as embalagens plásticas para a Gazeta do Sul

 

Por falar em sacola…

Na Gazeta, o projeto Sacolas do Bem, desenvolvido neste ano, estende-se até dezembro. Conforme Rochele Conrad, gerente de Circulação e Marketing da Gazeta, por enquanto não há data para a distribuição de novas sacolas. Essa definição, no entanto, deve ocorrer em breve.

A Comercial Zaffari também tem conquistado clientes com ecobags que trazem pontos turísticos de diferentes cidades do Estado. Os seis modelos estão à venda nas lojas pelo preço de R$ 4,99 a unidade. A coleção foi inspirada em diferentes monumentos, sendo um deles a Catedral São João Batista, de Santa Cruz.

Foto: Bruno Pedry

 

Meio ambiente… de trabalho

Preocupadas com o futuro, muitas empresas têm apostado em medidas para diminuir a produção de lixo plástico. Na Mercur, a busca pela substituição de matérias-primas não renováveis nos produtos teve início há tempo. Hoje a composição do giz de cera, por exemplo, é feita com cera vegetal e não mais com parafina (derivado de petróleo).

Além disso, desde 2012 a empresa trabalha para eliminar e reduzir o consumo de plástico nas embalagens de seus produtos. Com isso, já deixou de utilizar cerca de 216 toneladas (volume calculado com base nas unidades vendidas de 2013 a 2018). Para alcançar esse volume, uma das medidas foi a substituição de embalagens com o material por outras de papel, nos produtos da área de saúde. Agora a maioria é embalada em caixas feitas com papel-cartão reciclável e de fonte renovável.

“É um desafio nosso conseguir reduzir ou substituir o consumo nas nossas operações. Um dos exemplos mais recentes que pretendemos implantar é a eliminação dos copos plásticos descartáveis na empresa. Hoje, muitos colaboradores já utilizam a sua caneca, xícara, copo de vidro ou garrafinha para tomar água. Nossas ações acabam impactando no comportamento de todos no ambiente externo também”, afirma Airton Heck, que trabalha na área de Pesquisa & Desenvolvimento.

Foto: Divulgação

 

SAIBA MAIS…

– Desde 2000, o mundo já produziu a mesma  quantidade de plástico que em todos os anos anteriores somados.

– 75% de todo o plástico produzido até hoje virou lixo.

– 80% da poluição plástica nos ocenanos é originada em terra.

– 104 milhões de toneladas de plástico chegarão na natureza até 2030, se nada mudar.

– Estima-se que um terço de todo o plástico descartado tenha se inserido na natureza como poluição terrestre, de água doce ou marinha.

– Em 2016 a produção atingiu 396 milhões de toneladas no mundo, o equivalente a 53 quilos de plástico para cada pessoa no planeta.

– 40% é a projeção do crescimento da produção de plástico até 2030.

– Atualmente, apenas 20% dos resíduos plásticos são recolhidos para reciclagem.

Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

Share
Published by
Naiara Silveira

This website uses cookies.