A história política de Santa Cruz do Sul e do Vale do Rio Pardo perdeu um de seus mais proeminentes protagonistas na noite de 20 de dezembro de 2020. Após dois anos lutando contra um câncer disseminado, o prefeito Telmo Kirst (PSD) faleceu aos 76 anos, deixando um mandato inconcluso e um legado de realizações ao longo de quase cinco décadas de vida pública.
A morte foi confirmada pouco antes das 22 horas de domingo pela Secretaria Municipal de Comunicação. Telmo estava internado desde a manhã da quarta-feira anterior no Hospital Ana Nery, para onde foi levado em uma ambulância do Samu após passar mal em seu escritório, na Rua Gaspar Silveira Martins, onde vinha recebendo atendimentos desde que sua saúde se agravou. Por sinal, o escritório fica na casa onde nasceu e cresceu.
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Ainda em 2018, Telmo foi diagnosticado com um tumor no intestino, que logo se espalhou para outros órgãos. Desde então, passou por diversas sessões de quimioterapia no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, onde esteve sob os cuidados do oncologista Enio Utz.
Embora tenha permanecido frequentando a Prefeitura e cumprindo a agenda oficial, sua rotina teve de ser adaptada às suas condições, que aos poucos foram se debilitando. Devido à dificuldade para subir as escadarias que dão acesso ao Palacinho, o elevador instalado teve de ser reformado e alguns atos foram transferidos do Salão Nobre para a frente do prédio histórico.
Apenas nos últimos meses, em razão da pandemia, ele passou a despachar do escritório. Um de seus passatempos foi assistir à série O Método Kominsky, que tratava de temas como luto e solidão na velhice. Nos últimos meses, também organizou uma espécie de memorial próprio – uma série de murais com fotos, diplomas e documentos que ilustram sua vida e carreira.
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Por opção, Telmo manteve-se discreto em relação aos problemas de saúde. Apesar dos ruídos pela cidade, só os mencionou duas vezes – a última há cerca de dez dias, em sua derradeira manifestação pública, quando garantiu que concluiria o mandato, seu maior desejo. Pessoas próximas interpretavam a sua discrição como forma de não demonstrar fraqueza.
Desde a última quarta-feira, 16, Telmo Kirst recebeu auxílio de oxigenação complementar no Ana Nery e ficou inconsciente a maior parte do tempo. Esteve acompanhado de familiares e amigos próximos. Ele deixou quatro filhos – Luciano Mário, João Paulo, Fernando José e Maria Tereza – e quatro netos, frutos de seu casamento com Tereza Cristina Sperb Kirst.
“Filho daqui, criado aqui, com uma vida pública dedicada a essa cidade, vou continuar me esforçando para não decepcionar e honrar o passado de realizações.”
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Telmo José Kirst (1944-2020), em declaração na posse como prefeito, em 2016.
7 de abril de 1944 – Nascia em Santa Cruz do Sul Telmo José Kirst, mais novo dos três filhos do casal de comerciantes Pedro e Olinda Kirst.
Juventude – Na infância, cresceu na Rua Gaspar Silveira Martins, em uma casa próxima ao Estádio dos Plátanos. Ainda estudante do Colégio São Luís, dirigiu o Grêmio Estudantil. Em foto de 1961 (abaixo, à direita), Telmo aparece como titular da equipe que venceu o torneio Dia do Futebol, em Vera Cruz.
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1968 – Iniciava a graduação em Direito na primeira turma do curso da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), que, à época, era uma extensão da Faculdade de Direito de Santa Maria. Nesta época, foi presidente do Diretório Acadêmico da faculdade de Direito. A formatura ocorreu em 1973, um ano após ser eleito pela primeira vez.
1972 – Antes mesmo de completar 30 anos, Telmo foi eleito pela primeira vez vereador de Santa Cruz do Sul. O partido era o Arena e, naquela eleição, ele recebeu 1.437 votos. No mesmo ano, Telmo se casou com Tereza Cristina Sperb Kirst, no dia 6 de maio.
1973 – O primogênito do casal, Luciano Mário, nasceu no dia 18 de novembro de 73. No mesmo ano, Telmo comemorou a formatura no curso de Direito.
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1976 – Ainda pelo mesmo partido, foi reeleito vereador, recebendo 1.246 votos. No mesmo ano, Telmo e Tereza tiveram o segundo filho, Fernando José, nascido no dia 10 de julho de 76.
1978 – Aos 34 anos de idade, Telmo foi eleito pela primeira vez deputado federal, ainda pelo partido Arena. Na ocasião, recebeu 25.437 votos. Apesar de ter sido eleito suplente, ele assumiu a cadeira no lugar do titular no ano seguinte.
1979 – O terceiro filho de Telmo chegou à família Kirst neste ano. João Paulo nasceu no dia 3 de julho.
1982 – Agora pelo PDS, foi eleito deputado federal novamente, quando recebeu 48.038 votos.
Entre 1983 e 1986 – Foi secretário estadual de Transportes no governo Jair Soares (cujo mandato foi entre 1983 e 1987).
1985 – Foi em 1985 que nasceu a quarta e última filha de Telmo e Tereza. Maria Tereza nasceu no dia 16 de julho. Ela e o pai sempre foram muito próximos.
1986 – Telmo assumiu o terceiro mandato como deputado federal, quando recebeu 67.194 votos, ainda pelo PDS.
1987 – No Congresso Nacional, integrou a Assembleia Nacional Constituinte.
Entre 1988 e 1992 – Foi vice-prefeito do município, no governo de Arno Frantz.
1990 – No último mandato pelo PDS, Temo foi reeleito deputado federal, com 42.983 votos.
1992 – Em 29 de setembro de 1992, Telmo foi um dos 441 deputados que votaram a favor da abertura de processo de impeachment contra o então presidente da República Fernando Collor de Melo, acusado de crime de responsabilidade.
1993 – Em abril deste ano, Telmo foi um dos fundadores do Partido Progressista Reformador (PPR), nascido da fusão do PDS com o Partido Democrata Cristão (PDC), partido em que concorreria na eleição seguinte.
1994 – Neste ano, iniciou mais um mandato na no Congresso Nacional como deputado federal, depois de receber 44.421 votos. Este foi o único ano em que foi eleito pelo PPR.
1996 – Iniciou um período como secretário de Obras Públicas no governo Antônio Brito (cujo mandato foi entre 1995 e 1999).
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1998 – Pelo partido PPB, Telmo iniciou o último mandato como deputado federal, com a maior votação que obteve em sua trajetória, somando 109.371 votos.
2002 – No começo dos anos 2000, retornou à esfera estadual, pelo PPB. Com 34.828 votos, ficou como suplente, mas assumiu a cadeira no lugar do titular.
2006 – Telmo presidiu a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) no governo de Germano Rigotto.
2007 – Telmo presidiu a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) no governo Yeda Crusius.
2012 – Após o período como secretário estadual, foi eleito prefeito de Santa Cruz do Sul, com 40.614 votos. Neste ano, garantiu ao PP uma vitória para a Prefeitura, o que não acontecia desde 1992, com 51,91% dos votos.
2014 – Idealizou e criou a Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), sendo o seu primeiro presidente, durante todo o ano de 2014.
2016 – Foi reeleito prefeito de Santa Cruz do Sul, com 42.158 votos (52,25%), em mandato que cumpriu até o dia de sua morte.
2017 – Foi escolhido novamente para presidir a Amprotabaco no biênio 2017-2019.
2020 – Depois de inúmeros projetos, melhorias e desenvolvimento de Santa Cruz do Sul, o prefeito Telmo Kirst faleceu, no dia 20 de dezembro, depois de lutar durante dois anos contra um câncer.
Fontes: base de dados eleitorais da Unisc, TRE-RS e artigo biográfico de Eduardo Junqueira e Márcia Gomes de Sousa, publicado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/telmo-jose-kirst).
A intimidade de Telmo Kirst com o mundo político vinha quase de berço. O pai era membro do diretório do antigo PSD e amigo de figuras importantes da vida pública santa-cruzense em meados do século passado, como Willy Carlos Fröhlich e Euclydes Kliemann. Cresceu na Rua Gaspar Silveira Martins, em uma casa próxima ao Estádio dos Plátanos, onde também funcionava o negócio da família: um armazém que ficou famoso por ter adquirido a primeira geladeira comercial da cidade. A mãe cuidava dos três filhos – Telmo era o caçula.
O espírito de liderança começou a ser notado quando ainda era estudante do Colégio São Luís e dirigiu o Grêmio Estudantil. Depois, foi presidente do Diretório Acadêmico da faculdade de Direito. Em 1972, com menos de 30 anos, elegeu-se vereador pela primeira vez. “Diga-se de passagem, sem remuneração. Era preciso ter um ideal para enfrentar uma candidatura. O objetivo único era colaborar”, disse, em entrevista à Gazeta do Sul durante a campanha de 2016.
No total, foram 11 campanhas. A maior votação que obteve foi em 1998, quando recebeu 109,3 mil votos para deputado federal e esteve entre os cinco mais votados do Estado. Em 2016, tornou-se o segundo prefeito a se reeleger para um mandato consecutivo e derrotou o seu principal rival, Sérgio Moraes (PTB), com quem manteve uma relação conflituosa. Para ele, a política tratava-se de um talento nato. “Muitas pessoas jogam tênis, mas algumas se sobressaem. Tem que ter um dom, sim”, dizia.
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Sete anos depois de estrear na Câmara de Vereadores, interrompeu o segundo mandato na Câmara para migrar ao Congresso Nacional, onde permaneceu por mais de duas décadas, integrou a Assembleia Nacional Constituinte de 1987 e participou de votações decisivas para o futuro do País, como o impeachment de Fernando Collor – na qual votou “sim”. Em entrevista à Gazeta em 2015, Telmo contou que, dias antes de ser apresentado o relatório da CPI instalada para apurar as denúncias contra o então presidente, Collor ligou para seu gabinete para pedir apoio.
Durante um período, dividiu-se entre deputado federal e vice-prefeito de Arno Frantz, um de seus aliados mais próximos. Além disso, por duas ocasiões trocou o Legislativo pelo Executivo: foi secretário estadual de Transportes no governo Jair Soares (na década de 1980) e secretário de Obras Públicas no governo Antônio Brito (na década de 1990). No início dos anos 2000, ainda teve uma passagem pela Assembleia Legislativa.
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Antes de voltar à política municipal e ao PP (depois de alguns anos filiado ao PMDB), presidiu a Corsan no governo Rigotto e a CRM no governo Yeda Crusius. Em 2012, garantiu ao PP uma vitória para a Prefeitura, o que não acontecia desde 1992.
De todos os projetos que passaram pelas mãos de Telmo Kirst, o seu “xodó” sempre foi o Lago Dourado, reservatório artificial em forma de peixe que “blindou” Santa Cruz contra extensos períodos de estiagem e que dificilmente deixava de ser citado por ele em qualquer conversa mais longa. Na década de 1990, já era latente em Santa Cruz a preocupação com o futuro do abastecimento na cidade. Constatava-se que, em pouco tempo, o Rio Pardinho não comportaria mais a demanda de consumo da população.
A ideia de que o município poderia dispor de um grande reservatório para garantir o fornecimento em períodos de seca partiu do empresário, ex-vereador e ex-vice-prefeito Normélio Boettcher, mas coube a Telmo, enquanto secretário estadual de Obras Públicas, transformar o projeto em realidade. A inauguração ocorreu em setembro de 2000, com a presença do então governador Olívio Dutra (PT).
Construído na várzea do Rio Pardinho, o complexo tem, ao todo, 228,4 hectares. Apenas o espelho d’água conta com 120 hectares. O entorno, de aproximadamente 6 quilômetros de extensão, tornou-se um dos pontos preferidos da comunidade para a prática de exercícios físicos, sobretudo após a chegada de Telmo à Prefeitura, com uma série de melhorias realizadas no local.
Telmo, porém, não conseguiu assistir à conclusão de um de seus grandes sonhos: implantar um grande complexo turístico junto ao lago, que inclui duplicação da pista, com implantação de faixas exclusivas para bicicletas e pedestres, além de um canteiro central e áreas para descanso com bancos e bebedouros. Para o futuro está prevista a implantação de espaços de lazer, com quadras esportivas quiosques e playground.
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Também passaram pelas mãos de Telmo obras como as pavimentações da RSC-287 (entre Santa Cruz e Santa Maria), da BR-471 (entre Santa Cruz e Pantano Grande), da ERS-400 (entre Candelária e Sobradinho) e da RSC-453 (entre Venâncio Aires e Lajeado), além do asfaltamento das vias laterais do Distrito Industrial e do Aeroporto Luiz Beck da Silva.
Egresso da primeira turma de Direito das antigas Faculdades Integradas de Santa Cruz (Fisc), Telmo também atuou na criação da Unisc, na década de 1990. Como secretário estadual de Obras, ele cedeu o maquinário utilizado na terraplanagem e aterramento da área onde hoje fica o campus central. Ainda capitaneou o movimento pela recuperação da filantropia por parte da Associação Pró-Ensino de Santa Cruz (Apesc), o que garantiu à mantenedora imunidade em relação a contribuições sociais, como cota patronal previdenciária e PIS.
Telmo foi eleito prefeito em 2012 com um forte discurso de defesa da austeridade fiscal. Ao longo dos últimos oito anos, garantir o resultado positivo nas contas da Prefeitura ao final de cada exercício foi sua meta prioritária, tratada por ele quase como uma obsessão. Mesmo em meio à recessão econômica do País, que se iniciou em meados de 2014 e levou muitas prefeituras a enfrentarem dificuldades, a gestão conseguiu manter as contas em dia, sem atrasar salários de servidores – algo que Telmo sempre exaltou com orgulho.
Em sua última manifestação pública, na semana passada, o prefeito anunciou que entregaria o governo com superavit superior a R$ 10 milhões, que deve ser o maior de toda a sua administração. Também adotou uma série de medidas tendo em vista a preservação da saúde financeira do Município, como cortes de cargos em comissão, criação de incentivos à renegociação de dívidas de contribuintes e antecipação do calendário do IPTU. Nos últimos dois anos, porém, sofreu críticas em razão da contratação de financiamentos vultosos para realização de investimentos.
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O governo também se notabilizou por liquidar alguns passivos antigos do Município, como a regularização do serviço de transporte coletivo urbano (que ficou sem contrato durante quase uma década) e a dívida com a AES Sul (hoje RGE), contraída por falta de pagamento da taxa de iluminação pública entre junho de 1998 e abril de 2006. Firmado em 2014, o acordo com a empresa permitiu uma redução do valor devido de R$ 83,5 milhões para R$ 34,2 milhões. Parte do valor foi paga por meio da entrega de imóveis públicos, e o restante será quitado em parcelas até 2024.
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Também em 2014, Telmo deu fim ao impasse da Corsan, que operou sem contrato em Santa Cruz por seis anos. Após um nervoso debate político, o governo obteve maioria folgada na Câmara para aprovar convênio que prevê investimentos de R$ 395 milhões até 2054, incluindo a universalização do abastecimento de esgoto. A atuação da estatal, porém, ainda é motivo de queixas na comunidade em razão dos constantes episódios de falta d’água. Em diversos momentos, o Executivo foi acusado de frouxidão.
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A última obra entregue por Telmo Kirst foi a do Centro Materno-Infantil (Cemai), referência para atendimento pediátrico, que foi revitalizado pela primeira vez desde a sua inauguração, em 1999. A reinauguração ocorreu em agosto deste ano, quatro anos após a entrega de outro investimento marcante em saúde – o novo Hospitalzinho, no Bairro Santa Vitória.
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Entre os feitos que marcaram a gestão de Telmo estão a criação da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), a implantação da rótula junto ao trevo do Bairro Bom Jesus (que deu fim aos acidentes graves que aconteciam com frequência no local), o Centro Integrado de Segurança e Cidadania no Bairro Arroio Grande, a canalização da sanga São João (que deu origem à chamada “Avenida Imigrante da Zona Sul”), as “superparadas” de ônibus no Centro (um projeto concebido pessoalmente pelo prefeito), a revitalização do Acesso Grasel, o Hospital Veterinário (erguido pela Unisc, mas com recursos municipais e em um imóvel cedido pela Prefeitura), além de diversas obras de pavimentação na zona central (como nas ruas Gaspar Silveira Martins, Thomaz Flores e do Moinho) e a entrega de três escolas de Educação Infantil (em Linha Santa Cruz, no Santo Antônio e no Residencial Viver Bem).
O governo também deixou uma série de projetos ainda não concluídos, como o complexo turístico do Lago Dourado, o calçadão da Rua Marechal Floriano, três postos de saúde sustentáveis e a pavimentação do Loteamento Motocross, além de outra Emei, localizada no Bairro Castelo Branco.
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De perfil combativo, Telmo teve a metade final de sua administração marcada por confrontos e rompimentos com antigos aliados. Em março de 2019, a vice-prefeita Helena Hermany foi ao Ministério Público alegando ter sido expulsa de seu gabinete pelo prefeito. O episódio implodiu uma relação política e pessoal de décadas e rendeu a Telmo uma condenação judicial. Também foi o estopim de sua saída do PP e filiação ao PSD, em julho daquele ano.
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Com a eleição de 2020 em vista e determinado a liderar o processo de sucessão, Telmo afastou siglas que o acompanhavam desde o primeiro mandato – como MDB, PDT e PSDB – e passou a formar um grupo de partidos menores. Porém, o racha acabou por enfraquecê-lo e, apesar dos elevados índices de aprovação da gestão, a candidata a prefeita apoiada por ele, Jaqueline Marques (PSD), terminou em quinto lugar na votação de 15 de novembro. Embora já estivesse com a saúde debilitada, Telmo chegou a aparecer em diversos programas de TV da campanha. “Quem é Telmo vota Jaque”, dizia. Foram as suas últimas aparições públicas.
Conhecido por declarações fortes e implacável com adversários, Telmo Kirst colecionou embates nos últimos anos. Logo após sair do PP, disse que o vereador Edmar Hermany (PP), líder de seu governo na Câmara durante vários anos, foi “o pior prefeito da história de Santa Cruz” e chamou o presidente do PP, Henrique Hermany, de “picolézinho de chuchu sem currículo e sem biografia”.
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Outro momento bélico foi em dezembro do ano passado, quando acusou o promotor de Defesa Comunitária, Érico Barin, que investigava uma possível fraude em licitações do Município, de “midiático, injusto e prejulgador nas suas declarações”. “Senhor promotor, quem o senhor pensa que é”, disparou na ocasião, ao vivo na Rádio Gazeta.
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Outra passagem polêmica se deu em 2018, quando Telmo apresentou à Câmara o projeto da chamada Lei dos Vales, que retirou dos servidores municipais o direito a auxílio-alimentação nas férias e sempre que faltam ao trabalho, inclusive com atestado. A matéria gerou forte reação e esfriou a relação dele com o funcionalismo, que havia sido determinante para as suas vitórias em 2012 e 2016.
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A despedida de amigos, familiares e admiradores teve início ainda na noite desse domingo, com manifestações públicas de pesar assim que a morte foi divulgada. Nesta manhã, o velório aconteceu no Salão Nobre do Palacinho, sede da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. Familiares prestaram as últimas homenagens ao prefeito Telmo Kirst em uma cerimônia fechada, entre as 7 e 8 horas. Depois, entre 8 e 9 horas, foi aberta visitação para amigos mais próximos de Telmo.
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Às 9 horas, o local foi aberto para que a comunidade pudesse participar do velório, com diversas medidas de segurança em relação à pandemia do novo coronavírus. As despedidas precisaram ser breves, já que as pessoas não puderam permanecer dentro do Salão Nobre, apenas por alguns momentos. Mais tarde, por volta das 11 horas, o bispo diocesano dom Aloísio Alberto Dilli presidiu a cerimônia religiosa de despedida do prefeito Telmo Kirst.
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FOTOS: velório do prefeito Telmo Kirst é aberto à comunidade
Após a oração, o corpo de Telmo Kirst saiu no veículo da Funerária Martin, percorrendo as ruas centrais de Santa Cruz do Sul, em direção ao Cemitério Católico, localizado no Centro. O cortejo passou pelas principais ruas da cidade e por pontos importantes para a história de Telmo, como a Rua Gaspar Silveira Martins, onde cresceu e mantinha um escritório, e a Rua Tenente Coronel Brito, onde estão as superparadas, uma das grandes obras do prefeito.
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O enterro de Telmo aconteceu no fim da manhã, com muita comoção dos amigos, familiares e admiradores presentes. Sob aplausos, o prefeito foi sepultado no Cemitério São João Batista, ao lado dos pais, como era o desejo do político. Veja no vídeo abaixo:
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Participaram desta cobertura: Pedro Garcia, Rodrigo Nascimento, Paola Severo, Bruna Lovato, Tássia Carvalho e Naiara Silveira.
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