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Esgotamento das segundas doses da Coronavac causa indignação em Santa Cruz

Centenas de santa-cruzenses se frustraram na manhã dessa segunda-feira, 26, ao procurar a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) para garantir as segundas doses das vacinas contra a Covid-19. A quantidade de doses da CoronaVac disponível no estoque não foi suficiente para imunizar todos que se dirigiram ao local. Dessa forma, por volta das 9h30, as fichas acabaram e a orientação foi para que a população aguarde a chegada de uma nova remessa. A situação causou indignação e reclamações generalizadas de pessoas que não foram vacinadas.

Moradora do loteamento Viver Bem, no Bairro Santa Vitória, a aposentada Vali Bender, de 75 anos, foi uma das prejudicadas pela falta de doses. Além da frustração, ela também queixou-se das linhas de ônibus de Santa Cruz do Sul. “Eu vim a pé, caminhei uma hora para conseguir essa vacina, chego aqui e não tem. Pedi um Uber e deu 40 reais, eu vou tirar de onde?”, afirmou, em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9. “Até o Centro tem ônibus, mas do Centro para cá (Unisc) não tem, aí eu vim a pé”, contou.

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A mesma situação ocorreu com a aposentada Maria da Graça Nunes Aguiar, de 70 anos. Ela saiu do Bairro Rauber e só conseguiu ir de ônibus até o Centro, de onde teve de seguir caminhando até a Unisc. Maria da Graça permaneceu na fila por um longo tempo até ser informada de que as doses tinham acabado, e não há previsão de um novo lote. “A moça que trabalha aqui me disse que algumas pessoas chegam às 4 horas ou 5 horas, e só tinha 125 fichas. Devia ter no mínimo 500 pessoas aqui. O primeiro ônibus que sai do meu bairro é às 6 horas, eu chego no Centro às 6h20 e de lá pra cá tenho que vir a pé”, ressaltou.

Também em entrevista à Gazeta FM 107,9, o coordenador do Programa Municipal de Imunizações, Róger Rodrigues Peres, observou que a irregularidade no envio das vacinas pelo Ministério da Saúde acaba dificultando o planejamento das aplicações. “O que ocorre é que o Município fica sabendo com no máximo um dia de antecedência que receberá novas doses para dar prosseguimento à campanha.” Ele explicou ainda que é comum não haver nem sequer orientações sobre qual deve ser a aplicação e quantas doses serão encaminhadas a cada cidade.

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A respeito da centralização das segundas doses na Unisc, Róger atribui essa decisão à pequena quantidade de vacinas que Santa Cruz vem recebendo, o que inviabiliza a aplicação em vários lugares. “Ao receber um volume maior, de 5 mil doses, nós teríamos a capacidade de distribuí-las no município para facilitar o acesso das pessoas. Agora, um número reduzido de mil, 1,5 mil ou 2 mil não permite tanta distribuição porque seriam poucas doses para cada ponto de vacinação, fazendo com que ainda mais pessoas se deslocassem desnecessariamente, pois as vacinas acabariam rapidamente”, explicou o coordenador.

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Desde março não há mais reserva de vacinas

Entre janeiro e meados de março, Estados e municípios adotavam a prática de reservar doses das vacinas para garantir que a população pudesse receber a segunda dose no período estipulado, de 28 dias para a CoronaVac e 90 dias para a Oxford/AstraZeneca. No entanto, no dia 20 de março, o Ministério da Saúde (MS) emitiu um informe técnico orientando que todas as doses disponíveis fossem imediatamente aplicadas para ampliar a cobertura vacinal.

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O MS, na época chefiado por Eduardo Pazuello, acreditava que o fluxo de fabricação seria suficiente para garantir a distribuição e aplicação das segundas doses no tempo correto. Recentemente, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) e o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS) enviaram um ofício ao governo federal solicitando o envio de novas doses para completar os esquemas vacinais.

Nessa segunda-feira, durante audiência pública no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, citou dificuldades na produção e afirmou que um novo lote da CoronaVac só deve ser distribuído dentro de dez dias. Ele ainda comentou sobre uma decisão judicial que determinou o fornecimento para João Pessoa, na Paraíba. “Só que, se todos judicializarem, não tem doses para todo mundo. Não é a judicialização que vai resolver esse problema.” Ainda conforme Queiroga, as mudanças feitas por governadores e prefeitos na ordem de prioridade atrapalham o processo de vacinação.

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