A santa-cruzense Maria Cristina Hennes ainda era uma adolescente quando deixou sua terra natal para se fixar em Porto Alegre a fim de cursar a Licenciatura em Letras na PUCRS, seguida do bacharelado em Tradução e Intérprete, focado em inglês e alemão. Já formada, e com o mestrado, acabou por se fixar em Recife, onde reside há 40 anos. E é de lá que retorna, na companhia do marido, Divaldo de Almeida Sampaio, médico hematologista, para, neste sábado, 18, apresentar seu primeiro livro, Voo livre, inaugurando a sua carreira de escritora.
A sessão de autógrafos se iniciará às 11 horas, na Livraria e Cafeteria Iluminura, no Centro de Santa Cruz do Sul. Exemplares, de 46 páginas, estarão à venda no local, por R$ 40,00. Um pouco antes, a partir das 8h30, Maria Cristina e o marido Divaldo participarão de reunião especial da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul, no Café Dona Boleira, na Rua Marechal Floriano, para confraternizar com escritores locais. Eles chegaram à cidade nessa sexta-feira, 17, e visitaram a Gazeta, onde Cristina concedeu entrevista ao vivo, no programa Radar, ao comunicador Rosemar Santos, na Rádio Gazeta FM 107,9.
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Conforme Cristina, eles pretendem permanecer na região até meados da próxima semana, revendo paisagens e familiares, pois ela ainda tem sobrinhos residindo na cidade. Posteriormente, no dia 24, participará de evento festivo alusivo aos 50 anos de formatura de sua turma de Letras na PUCRS.
Comenta que costumava vir ao menos uma vez por ano a Santa Cruz para rever grupos de amigos de sua geração, em especial ex-colegas de seu tempo de estudante no Colégio Sagrado Coração de Jesus.
Seu primeiro livro, que classifica como bioficção (por, em grande medida, tematizar a sua própria trajetória de vida), revisita justamente esse período, de meados do século 20, de sua infância, juventude e fase adulta em Santa Cruz. Assim, rememora passagens e circunstâncias de sua terra natal.
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Posteriormente, o livro avança com passagens ficcionais. A autora transferiu-se para o Recife já casada com o alagoano Divaldo de Almeida Sampaio, de maneira que passou a assinar Maria Cristina Hennes Sampaio.
Ali ingressou como professora na Universidade Federal de Pernambuco, junto à qual atuou até 2020. Tem as filhas Letícia, 36 anos, que lhes deu os netos Vinícius e Isabela; e Mariana, 35, que lhes deu os netos Beatriz e Benício. Agora, aposentada da rotina acadêmica, tem como meta dedicar-se à literatura, com a elaboração de contos (participa de concursos, visando também antologias) e de textos em que recupera sua história de vida.
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E, na literatura, como enfatiza, circunstâncias de sua infância e adolescência, em Santa Cruz, servem de elemento para sua produção ficcional. Voo livre é a primeira oportunidade em que os leitores poderão conferir essa proposta autoral.
Serviço:
- O quê: lançamento do livro Voo livre, da santa-cruzense Cristina Hennes, radicada em Recife
- Quando: neste sábado, a partir das 11 horas
- Onde: na Livraria e Cafeteria Iluminura, na esquina da Marechal Floriano com a Borges de Medeiros, no Centro de Santa Cruz
Uma trajetória ligada à fábrica de balas Sulina, em Santa Cruz
Os santa-cruzenses de gerações mais antigas lembrarão bem de Maria Cristina Hennes e de sua família, que era proprietária da icônica fábrica de balas Sulina, na Avenida Independência, em cujo ambiente ela própria inclusive cresceu. Seu pai, Heinrich, nascera ainda na Alemanha, e com os familiares se transferira para o Brasil, fixando-se estes em Santa Cruz. Aqui casou com Beatriz. Além de Maria Cristina, tiveram ainda os filhos Walter (falecido), Magda e Ana Maria.
A sua mãe, Beatriz, após o falecimento do marido, residiu durante oito anos na cidade do Recife na companhia da filha e de seus familiares. Lá veio a falecer, em 2021, e suas cinzas encontram-se depositadas no jazigo da família no Cemitério Católico de Santa Cruz. Nas imediações ainda existe a casa na qual a família morou por décadas.
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Em seu primeiro livro ficcional, a saga é narrada pela protagonista Clarissa Stein, jovem nascida na década de 1950 numa cidade de colonização alemã no Rio Grande do Sul. No ambiente familiar, resgata a trajetória de avós por parte de pai e de mãe, remetendo também ao contexto da Primeira Guerra Mundial, mas especialmente da Segunda Guerra Mundial, já com os dilemas e os preconceitos de que eram alvos os descendentes germânicos no Sul do Brasil. O livro traz ainda uma apreciação do crítico literário Lourival Holanda.
Em Recife, Cristina atuou por três décadas junto ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (e dele foi chefe, com contribuição importante), assumindo a cátedra de Língua Portuguesa. Em 2002 doutorou-se em Linguística, pela USP-SP, e em 2012 concluiu o pós-doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, pela PUC-SP. Ativista da causa feminina, em sua escrita enfatiza a emancipação e a liberdade de ser mulher.
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