Cultura e Lazer

Escritora cubana Teresa Cárdenas participará de bate-papo na 35ª Feira do Livro

Os leitores de toda a região de Santa Cruz do Sul terão uma oportunidade valiosa para estabelecer contato e interagir com uma das mais importantes escritoras latino-americanas da atualidade. A cubana Teresa Cárdenas, 54 anos, trará para a Praça Getúlio Vargas, no dia 2 de maio, uma obra que repercute amplamente no mundo todo, e que aborda temas caros a praticamente todos os países do continente americano, de Norte a Sul. São aqueles associados à escravidão e, depois de esta ter sido abolida, à dificuldade da inserção dos negros em sociedades fortemente marcadas pelo racismo, em todas as suas manifestações.

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Cárdenas tem vários de seus livros já disponíveis nas livrarias brasileiras, e sua leitura afigura-se mais atual do que nunca, inclusive diante do debate, indispensável e inadiável, que também se estabelece em realidade nacional, sobre a inclusão das populações de ascendência afro. Em Santa Cruz, Teresa participará na quinta-feira, 2, a partir das 19 horas, de bate-papo sobre os temas dominantes em seus livros, com a participação do escritor e professor carioca Rogério Athayde. Ambos estarão no palco principal da 35ª Feira do Livro, como atrações da 1ª Festa Literária Internacional.

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De sua obra direcionada a público adulto, o primeiro título a atrair a atenção de público e crítica foi Cartas para a minha mãe, lançado em 1998, no Brasil traduzido por Eliana Aguiar, para a Pallas, com 108 páginas. No volume, uma adolescente cubana elabora cartas que endereça a sua mãe, falecida (no original era Cartas al cielo), e só na reta final o leitor conseguirá dimensionar mais exatamente o que ocorreu. O que se sabe é que a menina, órfã, agora mora com uma tia, e por esta é explorada e maltratada, bem como pela avó e pelas primas.

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A má vontade com que a tratam deixa entrever algum trauma familiar, e a certa altura inclusive descobre que talvez seu pai ainda esteja vivo, e inicia uma investigação para tentar localizá-lo. O que desconcertou parte dos leitores em Cuba foi o fato de que o romance toca em uma ferida ainda não de todo cicatrizada: a do racismo que segue vivo e latente também nesse país, apesar de toda a grande contribuição que os negros a ele deram. A menina formula esse desconforto em uma frase: “Algumas pessoas não sabem ser negras. Tenho pena delas”.

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Se essa obra já tocava em ponto nevrálgico, Cachorro velho, de 2006, levou isso a alta voltagem. No Brasil, foi lançado pela Pallas em 2010, em tradução de Joana Angélica D’Avila Melo, com 141 páginas. O personagem do título é um velho escravo, que agora atua como porteiro em uma fazenda de cana. A partir de seu olhar, do passado e do presente, tem-se toda a rotina de opressão vivenciada pelos negros, parcela deles trazidos da África, e outros já descendentes.

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Muitas passagens fazem o coração do leitor disparar. Como a em que o ancião, a fim de buscar o chapéu que voou para além da cerca, apavora-se com a sensação de liberdade fora dos limites a ele fixados, e do pavor que isso gera. Seu corpo e sua alma, fixados à condição de escravo, já não sabem como agir ou reagir mesmo diante de alguns segundos além da prisão.

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Romar Behling

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Romar Behling

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