Enfrentar uma folha em branco – aliás, uma tela em branco – com frequência é uma tarefa árdua, acreditem. Tenho especial admiração pelos colegas que todos os dias enfrentam esse desafio. O cumprimento dessa missão requer talento, sensibilidade, competência e uma disciplina especial.
Escolher o tema para o texto diferente é a primeira etapa do trabalho. Varia conforme o colunista/articulista. Costumo escrever com frequência sobre o que se costumou chamar “comportamento”. Em resumo, é uma inspiração que brota de fatos do dia a dia, em casa, no trabalho, nas relações do cotidiano que são muito ricas em assuntos que perecem à primeira vista.
Esse tipo de crônica possui o condão de atingir um número maior de leitores porque é grande o contingente que se identifica com episódios ou personagens envolvidos. Outra qualidade desse gênero é mostrar aos leitores que o cotidiano está repleto de nuances que rendem um romance, uma tragédia ou mesmo uma comédia, conforme o ponto de vista de cada um.
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Escolhido o conteúdo, passo seguinte é definir qual o enfoque a ser dado. Qualquer episódio casual pode suscitar dor ou prazer, lágrimas ou sorrisos. Isso depende muito do estado de espírito do cronista. O mau humor costuma ser um péssimo companheiro. As pessoas andam cansadas de problemas e raramente curtem ler sobre mazelas e tristezas, mas também condenam gracejos fora do contexto.
Jornalista ou repórter de redação é um escritor cuja atuação não pode depender de inspiração, do contrário, morreria de fome. Nesse ambiente, todos os dias, recebemos pautas dos mais variados assuntos. Dada a tarefa é preciso entregar o conteúdo com prazo fixo, sem choro nem vela.
O cronista dispõe de certa flexibilidade, mas há datas e dias, tamanho determinado e muita responsabilidade em relação ao teor produzido. O número de caracteres para preencher o espaço previamente destinado é um predador à espreita. Ao ver meu texto publicado, suspiro, agradeço a Deus e penso:
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– Ok, tudo bem. Mas voltamos ao zero a zero. É preciso começar tudo de novo, reiniciar o processo criativo e tentar conquistas ou manter o leitor.
Além da experiência, redigir e despertar algum interesse requer atualização. Neste festival de fake news é preciso redobrar os cuidados para não cair em armadilhas criadas a partir de notícias manipuladas sob os mais diversos pretextos.
A frustração é a impossibilidade de auferir a repercussão junto aos leitores. E-mails e WhatsApp são importantes canais para auscultar o que o público pensa sobre os escritos, mas o retorno ainda é pequeno. Vez por outra chega uma mensagem com comentários, o que enche o colunista de alegria e renova as energias. Escrever é um desafio, mas é um grande prazer!
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