Com previsão para a segunda quinzena de outubro, o retorno das aulas presenciais na rede estadual de ensino, sugerido pelo governo, ainda causa preocupação entre as instituições em Santa Cruz do Sul e região. Segundo o titular da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, o Ensino Médio deve retornar no próximo dia 21. Já as séries finais do Ensino Fundamental voltarão no dia 28 e as séries iniciais em novembro.
O encaminhamento de volta às aulas presenciais, segundo Moura, vem sendo construído em conjunto com as equipes diretivas por meio de uma série de webconferências que visam orientar e tranquilizar os profissionais da área. “Inicialmente todas as escolas precisam ter o seu COE-Local, seguindo um Plano de Contingenciamento que acompanha um termo de autodeclaração de condições sanitárias das instituições”, explicou em entrevista ao programa Rede Social, da Rádio Gazeta 107,9, com o repórter Leandro Porto.
O retorno às atividades presenciais, com ocupação de 50% da capacidade da sala de aula, passa a ser facultativo tanto aos alunos quanto para as escolas. Moura enfatizou que pais ou responsáveis por estudantes menores de 18 anos deverão assinar um termo de responsabilidade, que autoriza o retorno do filho à escola ou a sua permanência no ensino remoto. A decisão, no entanto, não interfere no currículo escolar.
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“Aluno que permanecer no ensino remoto não terá prejuízo. Qualquer estudante consegue entrar em sua respectiva sala de aula virtual. Aqueles com alguma dificuldade de acesso poderão ir até a escola esporadicamente em dias alternados para levar e deixar atividades, além de esclarecer eventuais dúvidas”, afirmou o coordenador.
Ainda de acordo com Moura, o calendário escolar prevê a conclusão dos 200 dias do ano letivo, que deverá avançar no ano de 2021. A previsão é de término no dia 8 de janeiro, mas essa data pode sofrer alterações de acordo com as cores das bandeiras do modelo de distanciamento controlado do governo do Estado.
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Cpers é contra a volta das aulas presenciais
A diretora em exercício do 18° núcleo do Centro dos Professores do Estado (Cpers), Sandra Santos, afirmou que o sindicato se posicionou contra o retorno das aulas desde o início, por entender que há risco para toda a comunidade escolar. “Aumentaríamos o nível de contágio em 100% numa escola onde não há como testar ninguém.” Segundo ela, o governo não emitiu nenhum protocolo de segurança mais detalhado.
Sandra disse que a previsão de retorno estabelecida pelo governo vem com apenas algumas indicações e uma relação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que estariam chegando. A preocupação aumenta, de acordo com a diretora, justamente porque esses EPIs não chegaram em algumas escolas. “Algumas receberam apenas álcool em gel, mas as máscaras que foram enviadas, por exemplo, se fôssemos contar pelo número de alunos, seriam suficientes para três dias no máximo.”
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Ela também mencionou o termo de autodeclaração da Secretaria Estadual de Saúde, em que os diretores assumem a responsabilidade em caso de surto de contaminação. “A responsabilidade sanitária não é de uma escola. Numa pandemia ou em qualquer situação, essa responsabilidade é da Vigilância Sanitária. Nós somos educadores, não somos agentes de saúde.”
Sandra citou os ambientes das escolas, como banheiros, refeitórios e quadras esportivas. “A gente não pode pensar no aluno estático. Aluno não é robô. Ele vai precisar tirar a máscara para se alimentar, por exemplo, ou vai precisar usar o banheiro, que deverá ser higienizado a cada utilização.” Segundo ela, o ano letivo não corre risco de ser anulado e deve continuar independentemente das aulas presenciais. “Nós queremos voltar, mas com segurança e preservar as vidas que estão lá. O ano a gente recupera. As vidas não.”
Conforme a diretora, levantamento do Cpers aponta que, durante o período em que as escolas trabalharam em sistema de plantões, em 147 instituições da rede estadual de 76 municípios houve casos de servidores que contraíram a Covid-19.
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PREOCUPAÇÃO
Sandra Nascimento, de 45 anos, é mãe do Bruno Davi, de 9. Ela, que trabalha no comércio de Santa Cruz do Sul, está afastada das atividades por pertencer ao grupo de risco da Covid-19. Bruno tem bronquite e também faz parte do grupo. Além disso, os dois dividem a mesma residência com os pais dela, que são idosos.
Para a comerciária, o retorno das aulas presenciais representa risco para o filho e para toda a família. “Mesmo que não existam dados estatísticos em relação às crianças, é um risco que todos nós corremos”, disse. Citou ainda que Bruno precisa estudar de forma remota, mas ela não tem condições de lhe dar um notebook ou aparelho celular. “Pela dificuldade de acesso digital que estamos enfrentando, claro que eu gostaria que as aulas retornassem e tudo voltasse ao normal, mas entendo que não é a hora. Saúde vem em primeiro lugar”, declarou.
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