Uma determinação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que entra em vigor neste ano, exige mudanças no cardápio das escolas municipais de educação infantil (Emeis) atendidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). As alterações estão voltadas à promoção do crescimento e desenvolvimento de crianças menores de 2 anos de idade com foco na prevenção da obesidade.
Uma das ações para modificar o ambiente alimentar é a restrição do açúcar, de gordura e de alimentos ultraprocessados, como salsichas, bolachas, bebidas lácteas e outros. Essa determinação tem resultado em uma mudança de hábitos nas instituições públicas.
Em Santa Cruz do Sul, a transição ocorreu em 2018 após a publicação da Lei 15.216, que dispõe sobre a promoção da alimentação saudável e proíbe a venda de produtos que colaborem para a obesidade, diabetes e hipertensão em cantinas e similares instalados em escolas públicas e privadas. Conforme a Secretaria Municipal de Educação, outras medidas começaram a ser implantadas no ano passado, como a retirada total de frituras, salsicha e a redução de lanches doces. As famílias também têm sido orientadas a estimular o consumo de itens mais saudáveis entre as crianças em casa.
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Capacitações ocorreram com as direções e as equipes de serventes que atuam nas Emeis para orientar a preparação de uma alimentação mais adequada.
Segundo a secretária municipal de Educação, Jaqueline Marques, tanto os profissionais quanto os pais devem ter consciência da necessidade de mudanças para um melhor desenvolvimento da criança. “A transição é gradativa e respeita a diretriz do PNAE no que se refere ao emprego da alimentação saudável e adequada, oferecendo alimentos variados e seguros que favorecem o crescimento o e desenvolvimento dos alunos.”
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As alterações no cardápio em Venâncio Aires preveem a retirada de alimentos ultraprocessados para as crianças menores de 2 anos e redução gradativa para as de 3 até 5 anos. Segundo a nutricionista da Secretaria Municipal de Educação, Josiane Pereira Pacheco, as mudanças não prejudicarão a alimentação dos alunos. “Já oferecíamos poucos produtos ultraprocessados, que eram usados apenas eventualmente. No entanto, serão retirados todos os tipos de biscoitos industrializados, ficando apenas os da agricultura familiar para uso restrito de crianças maiores.”
Também serão excluídos do cardápio achocolatados (substituídos pelo chocolate em pó com 50% cacau), margarina, salsicha, bebida láctea, mortadela e café. O açúcar não será mais adicionado em nenhuma preparação líquida, como vitaminas, sucos de frutas, leite, mingaus e saladas de frutas, para as crianças menores de 2 anos, com redução gradativa para as de 3 a 5 anos. A utilização será permitida apenas em bolos, cucas e pães. No próximo semestre, serão incluídos a ricota, nata e requeijão para incrementar o café da manhã.
Mudanças em Vera Cruz começaram há cinco anos
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Em Vera Cruz, o cardápio oferecido nas seis Emeis está sendo aperfeiçoada em conjunto com a Secretaria de Saúde. De acordo com a nutricionista Caroline Ortolan, há pelo menos cinco anos é feita a retirada de alimentos industrializados e ocorre a introdução gradativa de produtos in natura no cardápio das crianças. As alterações propostas no novo guia do Ministério da Saúde, lançado em novembro do ano passado, sobre os 12 passos da Alimentação Saudável são importantes e se somam às diversas medidas em desenvolvimento. “Hoje, do recurso do governo federal destinado à alimentação escolar, mais de 90% é gasto com produtos oriundos da agricultura familiar, que é a base da alimentação das nossas escolas.”
Caroline afirma ainda que os dois primeiros anos de vida são decisivos para o crescimento e desenvolvimento da criança e introdução de hábitos alimentares saudáveis. “Quanto mais se evitar açúcar e alimentos industrializados, gorduras e outros, melhor será seu desenvolvimento.”
Entre as mudanças adotadas no novo cardápio das Emeis de Vera Cruz, Caroline cita restrições ao mel e melado, assim como à margarina, que será substituída pelo requeijão caseiro produzido pelas próprias merendeiras. Também não serão permitidos bolos, pães e bolachas que contenham açúcar. Os bolos serão produzidos nas escolas com farinha de aveia e banana. Os doces de leite e açúcar também foram retirados.
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“Antes ainda era permitido o açúcar mascavo, mas agora isso não será mais possível.” A ideia, segundo a nutricionista, é repassar essas orientações aos pais ou responsáveis para que eles as dotem em casa. “Os pais têm que se adequar também, não adianta cortarmos o açúcar no cardápio da escola se eles usarem em casa. Temos que prevenir a obesidade, que está muito presente não só diante dos olhos. Tem a questão da diabetes, do colesterol, enfim, todas as consequências que ela traz.”
Pratos diferenciados
A Emei Pingo de Gente, de Vera Cruz, aposta na preparação de opções diferenciadas. Conforme a nutricionista Caroline Ortolan, a criatividade e carinho com que os pratos são produzidos pelos serventes fazem toda a diferença. “Eles fazem desenhos de carinhas, bonecos, animais, frutas e paisagens que incentivam as crianças a comerem de forma saudável.” Além dos pratos artísticos, a equipe desenvolve novos alimentos, como o bolo de aveia sem açúcar.
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