O sorriso dos alunos e o som das brincadeiras na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Christiano Smidt foram substituídos pelo barulho de marretas e martelos. Já os brinquedos do pátio foram trocados pelo carrinho de mão lotado com pedaços de madeira do piso e resto de obras. Assim ficou o educandário em Rio Pardinho, após a passagem da enchente histórica na localidade, no interior de Santa Cruz do Sul.
A Emef foi completamente afetada pela cheia do Rio Pardinho, que atingiu cerca de dois metros de altura no dia 2. Após recuar, a água de cor barrenta deixou rastros de destruição nos 23 ambientes da escola, como em salas de aula, cozinha, biblioteca, sala dos professores e banheiros. “Perdemos tudo”, lamentou o diretor Elias Mayer, 38 anos.
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Segundo ele, documentos históricos do colégio, fichas de alunos – algumas com mais de 30 anos –, equipamentos eletrônicos, como chromebooks, impressoras e computadores ficaram submersos. As telas interativas e os alimentos do refeitório também foram atingidos. “Algumas empresas se dispuseram a ajudar para tentar recuperar os equipamentos”, ressaltou.
A escola atende cerca de 270 alunos da Educação Infantil até o nono ano. As aulas devem ser retomadas gradualmente na próxima semana, mas somente se as condições da estrutura forem favoráveis. O vice-diretor, Irineu Müller, 58 anos, disse que outros locais estão sendo buscados para receber os alunos. “Foi cogitada a Unisc, mas lá eles ficariam espalhados em blocos; então não há viabilidade. Pensamos também na estrutura do Cemeja, mas ainda não sabemos o que fazer.”
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Após a inundação no sábado, 4, data em que ocorreria o Dia da Família na escola, cerca de 70 pessoas da comunidade foram ajudar no processo de limpeza. “Estávamos sem energia elétrica e água. Para lavar as salas, tivemos que transportar água de uma piscina de um vizinho”, conta Müller. Nessa terça-feira, 14, uma força-tarefa de professores e pedreiros atuava para arrumar a escola. “Estamos fazendo tudo para voltar, mas tem também a questão de que alguns alunos ainda estão isolados, sem acesso.”
Além dos estragos materiais na Emef Christiano Smidt, a comunidade escolar teve a perda da estudante Shayane Isabelle, de 13 anos. Ela morreu afogada na enchente e foi encontrada nas proximidades do Balneário Panke, no distrito de Rio Pardinho. “Entre tudo que perdemos aqui, ela foi a nossa maior perda. Isso não tem como reparar”, afirmou emocionado o vice-diretor, Irineu Müller.
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O trabalho na Christiano Smidt conta com recursos que já estavam disponíveis para uso antes da enchente. Conforme o diretor, Elias Mayer, são R$ 30 mil oriundos de uma verba federal. “Uma das nossas grandes preocupações é com o prédio da Educação Infantil, que tem diversos danos e não apresenta boas condições para a saúde dos pequenos.”
O educandário também conta com doações da comunidade. “Aqui, temos que organizar as salas de aula. No entanto, mesmo com elas limpas, com que estrutura vamos receber os alunos? Não tem nem a mesa do professor. Se a Prefeitura nos ajudar com o material, poderemos retomar as aulas na semana que vem”, reforçou.
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A secretária municipal de Educação, Asta Neusa Tornquist, foi conferir a situação na Emef Christiano Smidt na terça e garantiu que a escola receberá todo o recurso necessário para a reconstrução. “Estamos fazendo o possível e vendo todo o material que eles precisam. Depois de pronta, a escola vai estar melhor do antes”, disse.
Segundo ela, os equipamentos eletrônicos, como os chromebooks, estão sendo consertados por técnicos e as classes serão substituídas por novas. Livros também serão comprados. “Vamos tentar repor tudo o que se perdeu.”
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A recuperação das aulas será flexibilizada por um decreto, semelhante ao imposto durante a pandemia de Covid-19. “Vamos conversar com os professores e equipe diretiva para ver como reorganizar o calendário. Além disso, aguardamos as normativas do Ministério da Educação.” A secretária não descarta que o trabalho siga até 2025. “Poderemos ter dias a mais para se recuperar”, ressaltou Asta.
Outras escolas municipais também estavam sem aula desde a passagem da catástrofe climática. A Emef Frederico Assmann e a Escola de Educação Infantil (Emei) Raio de Sol, no Bairro Belvedere, foram fechadas por risco de deslizamentos de solo.
Na terça, segundo Asta Tornquist, a Defesa Civil deu parecer favorável para o retorno das atividades. “Os trabalhos deverão voltar nesta quarta-feira pela tarde”, afirmou. O mesmo vale para a Emei Margarida Aurora. Já a Emef Guido Herberts, no Várzea, deverá receber os alunos até a próxima segunda-feira.
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