A erva-mate que sempre está presente no chimarrão da Expoagro Afubra é vista como uma oportunidade na edição de 2016. Eleita como tema para o evento, a planta fomenta debates e reflexões entre aqueles que se dedicam à produção de tabaco.
O motivo para isso está nas boas perspectivas de mercado da erva-mate, que hoje figura como a segunda cultura permanente do Rio Grande do Sul – atrás apenas da uva–, responsável por movimentar em torno de R$ 300 milhões ao ano, dos quais 54,8 milhões provenientes das exportações. Cultivada em 269 municípios gaúchos, envolve 1,2 mil famílias, mas poderia ocupar mais espaço. Segundo o engenheiro florestal Roberto Ferron, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), existe um mercado global a ser explorado em forma de chá, bebida que perde apenas para a água em volume consumido. Hoje, ressalta, apenas 1% dos chás têm erva-mate, mas ele acredita que esse índice poderia aumentar. Há ainda muitas outras aplicações, como o caso da indústria de alimentos, medicamentos e cosméticos e até de bebidas para a fabricação de energéticos, refrigerantes e inclusive cerveja, como acontece na Alemanha desde 1928. “A erva-mate poderia ser utilizada para muitas finalidades, mas é necessário alavancar o mercado”, reforça. Para isso, segundo ele, a aposta do setor está nas propriedades medicinais – que, segundo estudos, chegam a 152 princípios ativos.
Embora nos últimos anos a produção tenha se reduzido, especialmente em função de muitos produtores terem trocado o plantio de erva-mate por soja – o que também teve impacto no preço aos consumidores –, o setor está otimista. Conforme Ferron, hoje existem cinco áreas de cultivo no Estado, incluindo-se a região do Baixo Taquari, na qual se destacam Venâncio Aires e Mato Leitão. Dentro do plano de expansão da atividade, uma das localidades que vem sendo apontada como potencial produtora é Canguçu, no Sul do Estado, a segunda maior produtora de fumo, com 19.492 toneladas na safra 2014/2015. “Trata-se de uma planta que possibilita trabalhar o sistema agroflorestal, ou seja, pode ser plantada junto a outras variedades, como o tabaco”, exemplifica.
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Diante das chances de agregar renda às propriedades fumageiras, estimulando a diversificação, a opção de incluir a erva-mate nos debates da Expoagro se justifica, aponta o presidente da Afubra, Benício Werner. Segundo ele, no Espaço Cultural do parque, a temática ficará por conta da planta, com atividades que visam mostrar sua importância e sua influência no desenvolvimento sul-brasileiro. Os visitantes ainda poderão conhecer dados econômicos em torno do setor, bem como receber informações que podem, inclusive, orientar a escolha da atividade ervateira como meio para complementar a renda.
Oportunidade à vista
O setor ervateiro gaúcho passou por baixas nos últimos anos. De olho em variedades que oferecem receita maior, produtores deixaram os ervais e investiram em culturas como a soja. Isso fez com que a produção encolhesse e, como consequência, o preço do produto final se elevasse nas prateleiras dos supermercados. Comportamentos de mercado à parte, hoje, as perspectivas para a erva-mate são vistas como animadoras.
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Para o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), Roberto Ferron, as oportunidades de renda são crescentes e, no caso da região fumageira, representam uma boa alternativa para a diversificação. Segundo ele, a planta perdeu terreno em virtude da queda nos investimentos em tecnologias, como sistemas de manejo e práticas adequadas para a colheita. “Quem investir nisso tem mais chances de ganhos. Na região, muitos municípios possuem potencial para a erva-mate que pode ser cultivada junto do tabaco, desde que seguidas as orientações técnicas adequadas”, ressalta.
Conforme os levantamentos mais recentes do Ibramate, no Rio Grande do Sul, um hectare de erva-mate é capaz de render de 400 a 500 arrobas em média a cada 18 meses. O valor da arroba fica na faixa dos R$ 10,00, o que pode representar uma receita complementar de R$ 5 mil por hectare. “Em regiões com mais investimentos em tecnologias e dedicação à atividade, o rendimento chega a mil arrobas por hectare, ou seja, é possível dobrar essa receita”, estima Ferron.
Uma das vantagens em torno do cultivo de erva-mate, aponta o diretor, está no fato de ela ser uma cultura permanente. Depois do plantio da muda, observados os cuidados adequados, como a adubação periódica e as podas, a produção se mantém ano após ano. “O fato de a Expoagro abrir espaço para esse debate já demonstra como a erva-mate pode representar uma boa opção para os fumicultores”, ressalta. Hoje, conforme Ferron, o que falta para a cultura deslanchar é conhecimento acerca do setor. “Por isso é importante que a feira mostre as vantagens do plantio”, acrescenta.
Chimarrão e muito mais
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Presente na maioria dos lares gaúchos, a erva-mate é conhecida pelo consumo em sua forma mais tradicional: o chimarrão. Mas não é de hoje que outros usos se tornaram objeto de estudo e, com isso, despertaram interesse do ponto de vista econômico.
Entre as aplicações mais conhecidas para a planta estão o preparo de chás, medicamentos, cosméticos e também o uso com finalidade culinária. Nesse aspecto, aliás, parece não haver limites para a criatividade em função da quantidade de receitas que surgem, sejam elas doces ou salgadas. Nos últimos tempos, também avançaram estudos para uso da planta na ração animal.
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