Há várias “ilhas” dentro (e no entorno) da organização do estado brasileiro. Legalizadas e “legitimadas” sob a vigência, égide e retórica de uma pseudodemocracia e artifícios legais.
Passo a passo, rubrica a rubrica, “as ilhas” se apropriam do orçamento público, de modo corporativo e privado, com ânimo e vocação parasitária.
Sua dominação nefasta ocorre à margem de vários pressupostos constitucionais, idealizados de modo republicano, que, porém, não cumprem a função que lhes deu origem e razão de ser.
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A desconstrução de um “estado de coisas dessa natureza” é praticamente impossível por meios formais e legais. Entretanto, na falta de outra hipótese modificativa viável, é necessário que haja a devida adaptação política.
Sobretudo no momento em que vivenciamos uma conjugação temerária de política, economia e saúde pública em estado extremado de fragilidade e hostilidade.
A política continua sendo uma exigência e prática socialmente necessária, ainda que operando em “modo vale-tudo”. Assim sendo, considere o conhecido refrão: “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. A política brasileira não é para amadores!
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Caso Sérgio Moro. Elogiado por conta da Operação Lava-Jato, o alardeado “herói” paga o preço por sua audácia. Fosse quem fosse eleito presidente, jamais poderia aceitar um convite para ingresso no governo. Pior: ao se comprometer, assegurou discurso defensivo e vitimista aos acusados, alguns já condenados e presos.
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Consequentemente, seu irresponsável personalismo e vaidade desdenharam e fragilizaram a Lava-Jato, uma operação de raro significado e esperança popular, e, na atualidade, mais importante que qualquer governo.
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Caso Bolsonaro. Errou na tentativa de “colar” à sua imagem e futura gestão o prestígio da Operação Lava-Jato e seu principal juiz, naquele momento ambos “maiores” que o próprio presidente e sua agenda.
Pior: como favorecer – dentro do Congresso Nacional – uma agenda que pretende eliminar ou minimizar privilégios “das ilhas”, se o principal interlocutor do governo é o algoz de parlamentares e líderes partidários, alguns alvos de investigações e acusações?
Nenhuma mudança – pacífica, formal e legal – será possível sem a participação do Congresso Nacional. Ao tornar ministro um “inimigo” de muitos políticos, a reação negativa era óbvia e provável. Não por acaso, as propostas de Moro foram desidratadas pelo Congresso.
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Resumo da ópera. Bolsonaro convocou a pessoa errada, na hora errada e para o local errado. Lição: não contrate alguém pública e supostamente “maior que você”. Nem alguém que não possa, depois, demitir.
Como diria o conselheiro Acácio, personagem da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz:
– As consequências vêm sempre depois!
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